Na edição
online da Folha de SP de hoje vi esta notícia:
Jovem
pula cerca para pegar abóbora e morre eletrocutada
Em
Tremembé, SP, moça desgraçada (na acepção original da palavra) tentou pular
cerca para apanhar uma abóbora e fim de papo pra ela.
Até aí,
"normal". Há formas de morte inqualificavelmente mais cruéis por aí.
Mas o que estarrece mesmo são as dezenas de comentários de leitores sobre a tragédia.
A maioria,
mais cruel do que a própria morte.
"Bem
feito", "quem mandou?", "teve o fim que merecia"
RETICÊNCIAS.
Sei lá, deve ser "válido" sair pela vida
lampeiro e ufanista certo de que vale a pena existir.
Dentre as
milhares de dúvidas que me martelam segundo a segundo a cabeçorra atarantada ainda não formei juízo sobre a legitimidade da mesquinhez humana
autorreconhecida e autoaceita.
Sei que a
maioria opta (involuntariamente, mas opta) pelo "se não posso fazer nada,
pra que sofrer à toa?"
Nas 24
horas do dia e da noite, me sinto eleito durante 23, mesmo sonâmbulo.
Mas não
mangue. É eleição indesejável.
Fui eleito
para resistir até o último dia de pálpebras estateladas.
Não recebi
o bálsamo da humildade frente à pequenez humana.
Sei quão
doce deve ser fechar os olhos.
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