Muitos ainda acham, mesmo passados 800 mil anos do Modernismo, que
fazer poesia é falar de flores, passarinhos e amor. Ou remedar as clarices e os
quintanas da vida.
Curto enfiar (!) de gaiato meus textículos de safo só para abrir uma oportunidade e falar que a poesia não tem limites. Tudo
é poesia, nada é poesia. Eu sou, tu és. Basta ser humano e prestar atenção nas
condições que regem o ser humano.
Não, você não pode esperar dum poeta que ele
te dê aquilo que você espera.
Um poeta digno do nome vai te desconcertar. Vai
te indignar. Te trair. Te enojar. Te esfregar na cara a dor. E a doçura de viver.
Um poeta não é um papagaio de plantão sempre
pronto a repetir ditos espirituosos ou pérolas de sabedoria.
Um poeta de verdade é um cara que se tortura
-- sim, se tortura -- para contrariar as palavras de ordem e os slogans
publicitários e pular fora da linha de montagem para o escuro abismo do céu.
Amém.
Ocê é transbordante de poesia, cara
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