Enquanto após

Amanhã cedo
Preste atenção
Vá para a rua
Olhe bem nos
Olhos dos que
Vierem em 
Sentido
Contrário.

Em cada um
Deles verá
O mais per-
turbador dos
Brilhos de 
Todos os
Brilhos.

Então cumpra
O papel que
Veio ao mun-
do cumprir.

Antes que meus sonhos escorram pela vidraça

Já imaginou se os semblantes que você testemunhou até hoje dia após dia na sua longuíssima vida virassem bolhas e de repente corressem a se amontoar no céu dos seus olhos?

PUF!

E já pensou se cada um dos desejos que seu frágil coração ousou pulsar desde o primeiro dia da sua consciência até hoje de repente se unissem numa imensa galeria e se realizassem numa orgástica elegíaca orgia?

PUF!

E já lhe passou pela cabeça a presunção de que um dia essa amarga armadilha de dor que se abre entre a esperança e o dia seguinte amanhã se fechará sem nenhuma cicatriz?

Ah, lições mil que nunca queria ter aprendido!

Quem diria, aos meus sete anos, que dedicaria o resto da minha vida a sufocá-las com os sacos plásticos que me sobraram das minhas translúcidas bolhas que nunca abrigaram fadas?


Botschaft

Ao Zorro
Socorro.

Enquanto escuto An die Musik

E chegará o dia em que o único ar disponível será o dos pneus dos carros.

Mangas se arregaçando

Houve tempo em que precisava ir ao fundo
da minha fome.

E tempos outros em que lutava para chegar
ao fundo do meu coração.

E um dia pensei que não me daria por satis-
feito enquanto não atingisse o fundo da mi-
nha dor.
(Até descobrir que não tenho uma dor.)

E tive dias em que duvidei de mim e do 
mundo e houve noites em que me deixei
trucidar pelo monstro que na época 
pensei habitar o fundo das minhas trevas.

Você acreditaria se lhe dissesse que hoje,
olhando para cima, me vejo decepcionan-
temente superficial

incapaz de aceitar que tinha outra missão 
senão ir ao fundo do fundo?

Enquanto me sorvo

... ofereço este brinde
a quem mesmo?
Poderia ser a outro?

Eis o mais silencioso
O mais vingativo de
todos os brindes desta
e de outras vidas, 
deste e de todos os
possíveis vingadores
deste mundo.

Meu passado está
finalmente morto
e para sempre
insepulto
sob o gole
sob o acorde
que mereço.

Não estou morto

Hienas atacam em bando. Quando sozinhas, fogem com os rabos entre as pernas.
Hienas são criaturas covardes por natureza.
Hienas são assustadiças.  Vêm, dão uma mordidinha e saem correndo para debaixo do seu low profile. Em sua tibieza, não usam sequer as próprias palavras. Preferem recorrer a citações. Ou então a reticências. Como todos sabemos, reticências são o refúgio silencioso dos covardes.
Hienas mantêm um low profile pois assim nunca se expõem, naturalmente. São tão corajosas, que até se aproveitam da carniça deixada por predadores terceiros.
Hienas só abrem a boca para devorar (três pontinhos) o que foi enjeitado por outros. Se amarram em pegar carona na vida alheia. Assim fica bem mais fácil de atacar sem o perigo do contra-ataque. Quem mandou ser tonho a ponto de abrir a boca sem ser chamado? O lema das hienas é: Não me comprometa. Deixa que os outros metam as caras. Esses são bobinhos. O mundo é feito de bobinhos. O mundo não é dos bobinhos.
Isso tudo soa tão familiar, não soa? Vejo hienas. Vejo hienas em todo lugar. Vejo hienas em todo lugar a que vou. Hienas constituem a maioria esmagada da humanidade. São bilhões delas, são bilhões de hienas espertalhonas que, muito espertamente, optam por ficar o tempo todo na tocaia, aguardando os idiotas que ousam erguer a cabeça acima do rebanho.
Só não vejo mesmo hienas é na grande literatura. Qual grande escritor você poderia qualificar de hiena? A mim não me ocorre nenhum. Pois o que faz dum grande escritor exatamente o oposto duma hiena? Isso mesmo – a consciência da própria solidão. A certeza da própria individualidade. Por isso ele, o escritor digno do nome, se faz um combatente de moinhos. Um demolidor das fachadas mambembes ao seu redor, que o sufocam. Um estridente, irritante desafinado bem no meio do coro dos contentes.
Hienas não quebram o protocolo. Hienas não infringem a etiqueta do comportamento típico do brasileiro. Hienas não fodem com o ritual do beija-mão. Hienas não saem do compasso na eterna dança do puxassaquismo mútuo que impera em antros como a Academia Makakita de Letras. O que importa para as hienas e seus congêneres é exibir o fardão para a foto. Mamãe, olha eu aqui fazendo literatice! Hienas se nutrem de muito compadrio – se deparam com literatura, enfiam o rabo entre as pernas. Chafurdam no imorredouro teatro das aparências. Hienas espelham o circo do Congresso Nacional em que os calhordas se tratam de Va. Exa. (Enquanto a plateia que chia sempre acaba votando nos safados. Também rings a bell, doesn't it?)
Peço às hienas que não tomem zanga de mim por ser um humilde arranjador de garranchos. Reconheço, admito, confesso: as hienas são minhas mestras.
Meia culpa, Hies. Podem continuar a imperar neste mundo. Em meu mundo. Já me acostumei. Quem dá bola? O que interessa é que vocês guincham e todos lá fora pensam – ou fingem pensar – que escutam rouxinóis. Tudo aquilo por que lutamos, sofremos e lutamos é absolutamente secundário.


Milhões de policarpos

Que povo é esse que só sonha em virar político, arrumar uma boquinha de funcionário público ou fugir pra Miami?

Oração

Ó ícone primitiva das minhas funduras
Venho te louvar para que remanesças intacta
Qual o primeiro pensamento, lúcido ou atávico que tive,
Para que remanesças o que foste
E o que és.

Ó imagem primeva pré-veludo dos meus dias
Pré-agonia das minhas noites
Dos tão remotos tempos em que não havia pausas
E a vida e o mundo se resumiam ao instante presente

Rogo-te
Perdoa meu olvido nestas vastas décadas
Ao longo das quais, infinitas, te traí
Mesmo sabendo que eras, e sempre foste,
E sempre serás
O único, o único porto seguro a que podem
Almejar meus hesitantes pés

Podiam ter me avisado

Ildinha é excessiva. Tem uma alma gigante, que não cabe dentro dela. Às vezes pensa ter vislumbrado um rabo em sua alma, cuja ponta parece querer sair pela boca. Outras, chifres. Chifres retorcidos, pontiagudos, cutucando por dentro.
Ildinha sente-se estufada. Contém muito mais do que poderia comportar. Talvez fosse bom fazer um furinho na cabeça para se esvaziar um pouco.
Um saquinho plástico entuchado do mundo.
Ildinha tem corpo demais. Dedos demais. Mãos demais. Pernas demais.
A cabeça é enorme. pesa – pesada de não poder mover. Os braços saracoteiam descontrolados, querendo sair do quarto e dar a volta na cidade.
Talvez pudesse ir amputando. Primeiro os dedos dos pés. Depois os pés. Depois as pernas. A barriga. O peito. O pescoço. Até ficar só um braço e a cabeça. Um segurando o outro.
Então o braço poderia tatear o criado-mudo e apanhar a tesoura e furar os olhos e decepar o nariz e recortar os lábios e extirpar as orelhas.
A boca continuaria emitindo o arroto medonho e contínuo do fundo da alma gigante. Mesmo cega, a cabeça continuaria a vislumbrar o rabo, os chifres, as garras pontiagudas. O nariz continuaria a levar o fedor horrendo ao estômago que não existiria mais.
O braço remanescente tatearia novamente o criado-mudo e ligaria o rádio. Uma música entrecortada de metralhas e estrondos começaria a nascer e tomar conta do quarto.

Talvez Ildinha pudesse dormir.

Prospecções recentes

A pergunta que me cabe:
posso proceder à colheita
à noitinha?

Esperança, finalmente
sequência de sílabas
a deserdar do 
dicionário, nova
parceira do meu
esconde-esconde.

Lá fora, a luz do sol
a incidir nas folhas
do jardim.
Eis como mato a
fome dos meus
olhos.


Bis

Por que poetas se dão tanta importância? Eis, para mim, o maior mistério do mundo.
O sujeito registra em tinta ou no computador alguns versinhos amargos, falando duma dor indistinta, e já se acha digno da leitura dum leitor.
Que desmedida presunção. (E olha que estou falando dos poetas de antanho, aqueles, que, qual Kafka, deixavam a seus próximos ordens expressas para que tudo que tinham escrito fosse destruído. Que medonha humildade essa de Franz. Imagine hoje em dia um sujeito que vertesse algo equivalente à Metamorfose ou ao Processo. No dia seguinte suas ações estariam valendo trocentos quatrilhões de dólares. Em meia-hora alcançaria a fábula de dez mil curtidas. Seria o grande fenômeno literário até amanhã cedo e ninguém jamais tornaria a ouvir falar dele depois do meio-dia.)
Tenho medo.
Sempre tive medo.
Riam de mim na escola por ter tanto medo. Riem de mim na rua pelo meu andar trôpego dos que têm medo. (Esse medo difuso do reflexo da luz do sol nas íris dos olhos fixos resolutos nestes céus que há milhões de anos pairam por sobre esta raça.)
Tinha medo de meu pai.
Tinha medo de minha mãe.
Tinha medo de minha irmã.
Tinha medo do escuro, tinha medo do claro.
(E olha que ainda estávamos no começo de julho.)
Abri os olhos e lá estavam teus lábios entreabertos a esperar meu beijo e tuas pálpebras entreabertas a espreitar minha aproximação e naquela metade de segundo fui feliz.



Manual, finalmente

Não espere a chegada da Dor Intolerável. Quando enfim chegar – e Ela não faltará, como sabe cada uma das células dos seus membros lassos e dos seus olhos imóveis na parede e do seu cérebro finalmente vencido – você não haverá de desejar outra coisa senão salvar a própria pele.
Não, não tente apelar ao passado. Esqueça aquele dia, há tempos infinitamente distantes, em que pegou a faca com que a família costumava fatiar o pão nas manhãs congestionadas de angústia e nas tardes que se faziam frias aos seus gritos mudos e surdos e se deteve antes de deslizá-la sob a mágica duma balada elegíaca pela garganta porque naquele instante lhe cruzou a mente a imagem da menina de cabelos dourados do sol a pedir esmola na estação de trem enquanto você se derretia sob a caldeira da emoção, tomado de auto-desprezo por se deixar absorver pelos próprios tormentos ante os deserdados da sorte a zanzar pela cidade lambendo as sarjetas em busca das migalhas largadas pelos poderosos só para subsistir feito ratos até amanhã. Sim – você haverá de se recriminar –, que despropósito. Como posso ser tão egoísta? (E esqueça também aquele dia em que lembrou de seu santo pai que tanto lutou para custear as caríssimas mensalidades escolares para que fosse alguém na vida e não acabasse ajudante de padeiro feito o Norberto, filho do vizinho, que de repente se deixou sucumbir aos devaneios infantis...)
Não, não faça preparativos. Nada há de mais inútil. Quando vier – e cada um dos seus nervos sabe desde seu primeiro dia neste planeta que Ela haverá de vir –, Ela chegará sem nenhum aviso. E, quando estiver presente, não, renuncie a toda esperança – não terá mais como adiar. Nada de segunda chance (não estamos no cinema, os joguetes infantis lá fora na noite amena não passaram de sonhos ressecados, já não há por que aguardar o desenlace de possíveis lapsos da vida). Nada de rechamada. Nada segunda lista, nada de recontagem, nada de acordar do pesadelo.
Sobretudo, não, não marque uma data. (Quem, de todos os desesperados viventes desta Terra, iria acreditar em folhinhas de parede?) Sim, você sabe, não estamos em seu aniversário, não é seu casamento, não viemos à amarga cerimônia da sua crisma na igrejinha da Vila São José. Ao contrário de cada um dos bailinhos na vizinhança que frequentava na adolescência e dos enterros de parentes quase desconhecidos que partiam para o além em remotos vilarejos do interior, você será o único presente. (E, sim, sua solidão parecerá tão, mas tão concreta, tão sólida, que lhe passará pelo cérebro a possibilidade de agarrá-la entre os braços e atirá-la janela afora.)
 (E, cá pra nós, quem sabe Ela, envolta naquela miríade de diáfanos véus da cor do céu da noite, surgirá na companhia de seus velhos fantasmas e tantos rostos familiares e entes conhecidos que você jamais imaginou convidar para tão solene ocasião.)
E o que está mais cientificamente provado que é este o tipo de compromisso que jamais se cumpre no prazo?
Não, não alardeie. Cachorro que late não morde. Se é dos que vivem ameaçando dar um tiro no ouvido, desista. O consequente, o autêntico é o que surpreende a todos. Domingo cedo – domingo bem cedo – é uma boa. Todo mundo desarmado, grato a deus pelo direito a um dia (a mais) de descanso. De repente dão com teu corpo pendurado na viga mais alta da garagem, quem diria, tão educado, honesto, trabalhador, às vezes até fazia piada com o presidente que, diziam, estava mais pra Maria que pra João...
Não, não se meta a herói. Se está a fim de fazer bonito, chamar atenção, atrair os olhares da moçada na praça, errou de vocação. Nem Cristo, com toda aquela platéia, cortou os próprios pulsos. Portanto, nada de subir na sacada dum prédio de quinze andares só para aparecer na tevê enquanto os bombeiros não chegam. (Os desse tipo costumam ser os mais longevos. Em geral ultrapassam os oitenta.)
E lá vai pedrada.
Não toque seu cedê preferido. Quem precisa de música de fundo é mágico em festa de criança.
Não tente visualizar mentalmente a cena. Sim, haverá de ser uma tragédia. Sua mãe desmaiará. Seu pai terá um enfarte. Os bebuns da padaria vão falar por uma semana. Se fizer um bom trabalho, é capaz de sair foto no jornal. Os vizinhos diretos vão contar a história para os filhos, que a repetirão aos netos: “Foi bem ali. Naquele quarto. O sujeito estava tomando banho, de repente agarrou nos fios duzentos e vinte. Morreu na hora. Tão simpático, coitado.”
Não, não escolha o momento, o dia, a hora, a roupa. Não passe perfume. Não leia seu poema preferido.
Acima de tudo, não pense. Não pense nem no assunto nem em outra coisa. (Sei que é capaz.) Trata-se de decisão que não carece amadurecer. Nem tomar. Basta executar.

(Posso finalmente vestir minhas calças roxas e calçar meus tênis verdes? Parece que sinto toda minha vida através de mim...)

Enquanto vou-me distraindo

Tudo bem doer.

Não ligue para o que eles dizem. (Deus, até quando vai o Pop Reich?)

Eles dizem — eles sempre disseram — que tínhamos de ser felizes. (Se tivesse me conhecido, Cabral não teria zanzado pelo Atlântico em busca do que nem ele nem ninguém sabia o que era. Eles dizem que em 1500 já havia gaivotas nas praias da ilha Pascoal. Gaivotas não me distrairiam então. Teria sido um pirata a mando de Walter Raleigh.)

Vou te confidenciar uma verdade de que fiquei sabendo quando nasci:

Eles te dirão por toda tua vida que doer é ruim.

Que pode ser a pior coisa a te acontecer.

Não acredite. Nem sempre é o caso.

Doer pode ser bom quando a dor é tua.

Só tua.

(Cale-se.)



Antes de dar um basta

Olha, tudo bem se você tem uma vozinha interna.
Muita gente tem.
Eu tenho. 
E, olha, a minha, me lembro dela a tagarelar dentro da minha cabeça praticamente desde que nasci. Mesmo não tendo boca, fala mais que a própria.

(Debussy puxava o carro do teatro quando acabavam os leitmotivs de Wagner; a mim me parece judicioso.)

Nos últimos tempos minha vozinha interna deu de vaiar.

Assim: uh! uh! uh! uh! uh! uh! uh! uh! uh!

É meio totalmente ensurdecedor.

Tudo bem ter uma vozinha interna, desde que ela não desande a berrar feito doida.



Segunda chance

Postei este poema em 4 de fevereiro de 2011 e era uma sexta-feira e é um inaceitável absurdo que na nova ordem bloguiana facebookista em que só o que não tenha mais 10 segundos de vida deve sobreviver determine tão imperiosamente os destinos da literatura deste novo, deste digital mundo imundo. Aí vai, aí vem de novo e esta noite brindarei pela enésima vez minha ilimitável liberdade de ser o que sou.


Instantâneo

Sabe, mãe? Então tudo para
E em tudo está incluído o mundo
Sabe, pai?
(Vem pertinho, quero cochichar no teu ouvido)
Vamos rir um pouco
Nesta tarde de sábado
Tudo parado
Mas não tem problema
Com uns giros em minha
Metafísica manivela
Os encantos haverão de se restabelecer

Tudo foi um erro desde o começo
Vocês sabem mas não custa repetir
Um tão cômico erro
A deflagar tantas risadas ao meu redor ao longo de todos esses anos
Escuta as gargalhadas paradas no ar
Levadas ao léu por ventanias que não sopram
Abafadas por tempestades que não desabam
Murmuradas por cadáveres que não apodrecem

Ontem à noite tudo parou tanto
Que tive tempo de me olhar no espelho atrás da porta
Depois de todos esses anos
Venci o medo, me olhei nos olhos

Ah, pobreza de espelho
Se limitou a entoar uma sinfonia
Me convidando a desvirginá-lo
Ri um riso mudo
Sem ousar romper o silêncio

Quer dizer que tudo então está parado?
Sim, tudo está parado
No mais insustentável dos equilíbrios

Koolrícoolum

Com um ano e poucos me-
ses reconheci os sonhos e
logo os pensamentos des-
cobriam minha cabeça.
Aos três, quatro anos vis-
lumbrei a esperança e jun-
tos brincamos dia e noite a-
té meus quase oito, quando,
abandonado de repente, caí
presa da nefasta solidão.

Assim sequestrado e só, pe-
rambulei até a pré-adoles-
cência e já nos primeiros dias
da nova estação conheci uma
mentira que, em menos dum
segundo, dissimulada em mil
miragens, me ofertou em sa-
crifício aos delírios seus ir-
mãos, às quimeras suas pri-
mas, aos fantamas e utopias.

Até os trinta fui assim, quan-
do um dia me libertou a ilusão
e a ciranda zonzo hei de dan-
çar cantando até o fim.

Enquanto fluem as notas pelo quarto

Como posso

Se não estou
Neste momento

Se não estou
Neste lugar

Continuar sendo
O que sou?










Darei graças a quem
por ter tido na 
infância alguém
que amava música?