Antes que meus sonhos escorram pela vidraça

Já imaginou se os semblantes que você testemunhou até hoje dia após dia na sua longuíssima vida virassem bolhas e de repente corressem a se amontoar no céu dos seus olhos?

PUF!

E já pensou se cada um dos desejos que seu frágil coração ousou pulsar desde o primeiro dia da sua consciência até hoje de repente se unissem numa imensa galeria e se realizassem numa orgástica elegíaca orgia?

PUF!

E já lhe passou pela cabeça a presunção de que um dia essa amarga armadilha de dor que se abre entre a esperança e o dia seguinte amanhã se fechará sem nenhuma cicatriz?

Ah, lições mil que nunca queria ter aprendido!

Quem diria, aos meus sete anos, que dedicaria o resto da minha vida a sufocá-las com os sacos plásticos que me sobraram das minhas translúcidas bolhas que nunca abrigaram fadas?