Mil, trezentos e cinquenta

E me dá meio que uma saudade.
E me aliso a camisa e me autodeclaro feliz. Meu rosto está inexpressivo.
E me dá essa raiva.
E começo a gesticular como se uma muriçoca fugida detrás de Plutão viesse me picar.
E paro, homem abortado e perdido.
E quero vigiar as cercanias e roubar só pra mim a pupila rilkeana da única flor pós-dilúvio.
E me culpo por ter me deixado esterilizar abandonado por todos os perfumes e as carícias.
Ultradelicadíssimo carbono 60 que me protege do amor, és a membrana possível.
Neste grão-de-bico povoado por 9 bilhões de solitários, escrevo para ter uma leitura que me distraia quando me aposentar.

Sea Teens

Raízes extirpadas
Flor incólume e
O mundo impregnado do perfume do mar
Ouvidos violados por um lamento
Um não
Que dura uma hora
Uma vida
O poema supremo, derradeiro, na incubadora
Largado ao próprio destino
Grassa, imprevisível
Sob os versos que a natureza lhe reservou
É preciso ter paciência
Este monstro não se cria em dias
Ou anos
Não se cria por um homem nesta terra
É preciso a ajuda das forças dos ventos e dos raios e das luzes da manhã
Espera

Mil, trezentos e quarenta e cinco

Esta tarde mais
Uma vez achei
Esse tesouro
Desenterrado e mais
Uma vez não tive
Capacidade de lhe
Dar qualquer valor

Ou meu tesouro ou
O mundo não vale
Nada ou serei
Obrigado a enterrá-lo
De novo?

Mil, trezentos e quarenta e três

Eis que a noite vai se desmanchando em luz e as árvores e os nichos dos telhados liberam suas pequenas estátuas emplumadas que se atiram rumo ao céu em forma de aviõezinhos canoros e assanhados pela gana de bater as asas a tricotar a rede de cânticos pontuados de pios e assobios e por entre as nuvens em algum lugar atrás dos prédios fechos iluminados orientam a escuridão pelo caminho rumo a seu retiro temporário e no centro do palco, fora de sincronia com o passo das coisas do mundo, dissociado dos sentidos, sou livre enfim.

Mil, trezentos e quarenta e dois

Não gosto de responder. Por isso detesto atender telefone, pois quando dizem alô? do outro lado da linha sou obrigado a mumunhar alô do lado de cá. Configurando interação. Odeio interagir. Não sou promíscuo. Sou, acima de todas as coisas, um indivíduo.
Quando me fazem perguntas íntimas posso muito bem esmurrar a parede pra não socar a cara do curioso(a). E nem precisa ser tão íntima assim. Basta um aonde foi? que hora chegou? com quem estava? Uuuugh! Gana suicida instantânea.
Uma perguntinha qualquer, mesmo chinfrim como que horas são?, pode desencadear uma tempestade no dedal em miniatura que é minha paciência. Minha paciência com a curiosidade alheia.
Como assim, que horas são?
Paradoxalmente, se me param na rua pedindo informações, tudo muda blablablá. Me deixo inundar de hormônios balsâmicos. Embora tenha passado pela experiência dezenas de vezes ao longo das minhas seis décadas de vida, até hoje não consegui decifrar donde vem esse meu prazer de ajudar alguém que perdeu o caminho pelos intrincados labirintos urbanos. Embora outra vez a razão pareça óbvia: um estranho a indagar algo impessoal não tem como me ameaçar, se apressariam a diagnosticar os eternos psicólogos de plantão. Os explicadores de meia-tigela, perpetradores da redução das individualidades ao grau máximo. Essa explicação é óbvia além da conta, retrucaria. O óbvio me dá nos nervos.
O que interessa é que quando me pedem informações na rua me sinto inusitadamente poderoso. Tenho o destino — literalmente — de alguém bem aqui ó, nestas minhas mãos finas de tocador de... trombone.
Me ver procurado por um desconhecido na rua me faz um bem danado — sinto o benefício mesmo fisicamente, na forma dum fino, gélido, jubiloso arrepio a faiscar pela minha espinha desde o cóccix até um ponto indefinido entre as espáduas. Provar a ele, ou ela, mesmo desconhecido, que, apesar de não topar perguntas, tenho esta minha capacidade de me tornar um ser prestativo e solidário quando vejo outro espécime da raça em apuros.
Por isso nunca entendi esses calhordas filhos duma égua que dão informações erradas na rua. A mim me parece o mais rematado dos “prazeres estragados”, para recorrer a uma das peculiaríssimas expressões com que mamãe definia seu frio desprezo pelo mundo e os bocós que o habitam. Viável fosse, eu não hesitaria em pendurar um papelão no pescoço c’uma inscrição em letronas bem grandes, em vermelho e negrito

FORNEÇO INFORMAÇÕES DE RUA
COM TODO PRAZER E CORDURA

e me postar numa esquina qualquer no centro da cidade. Freguesia garantida, embora não fosse cobrar nada, naturalmente — ninguém  teria coragem de pagar mesmo um centavo por esse tipo de info. No que estão errados, obviamente — esses muquiranas que se recusariam a despender um vintém por uma indicação confiável preferem zanzar feito barata tonta à procura dum endereço, torrando gasolina, esfumaçando a atmosfera, perdendo tempo, passando raiva e frustração.
Isso se o sujeito estiver motorizado. Caso contrário, as consequências podem ser ainda mais nefastas. O gajo é capaz de, saindo da Praça Roosevelt, subir toda a Consolação e descer a mesma Consolação até a Estados Unidos, já nos Jardins, só pra descobrir que o número que procura fica bem ao lado da... Praça Roosevelt.
Vocês seguramente vão achar que estou fazendo piada mas é fato. Parece difícil de acreditar mas metade dos brasileiros ainda não aprendeu a ler a numeração das casas. Não sacaram que a dita obedece a um ordem crescente e é par do lado direito e ímpar do lado esquerdo da rua.
Semana passada mesmo uma moça me parou na rua. Moço (Moço? Olho para os lados. Sim, era comigo.), os números aumentam para este lado ou aquele?
No primeiro instante imaginei que estivesse me gozando. (Ou me tirando, como dizem os geniais comediantes do Te peguei do João Kébler, o melhor programa da tevê deste país.)
A candidez no rosto dela logo me mostrou que não.
Afetando meu mais convincente cenho de expert urbano, fiz um aceno pedindo que me acompanhasse até a esquina. A garota aquiesceu sem hesitar, o que me deixou entre orgulhoso e apreensivo. Orgulhoso porque sua determinação em me seguir comprovou que posso ser bom ator quando quero. E apreensivo porque uma moçoila lindinha como ela, buscando uma orientação pela cidade, na certa corria enorme risco se aproximando assim tão inocentemente dum brutamontes barbudo qual Tolstoi e mal-encarado feito van Gogh se preparando para decepar a orelha. Para sorte da donzelinha, havia um príncipe bondoso e desinteressado por sob esta minha carranca de facínora.
Atingindo a esquina, apontei um dedo para a placa no alto dum poste metálico e ensinei: “Veja, para este lado a numeração sobe; para aquele, desce”.
Um largo sorriso iluminou o suave rostinho da ninfa. Parecia genuinamente feliz e surpresa com a nova descoberta. E então, para minha surpresa, enroscou um braço em torno da minha nuca, se erguendo na ponta dos pés e me desferindo um beijo na maçã do rosto. Para sorte de todos os envolvidos, eu tomara banho havia apenas dois dias.
Virei a cara para o outro lado e me esgueirei do abraço. Vocês quase três leitores sabem que sou morbidamente tímido, inda mais abordado tão repentina e entusiasticamente por uma fêmea (por um instante tive a impressão de poder sentir o perfume da progesterona e do estrogênio a pairar numa das esquinas mais movimentadas da cidade). O engraçado é que me constranjo mais na presença de desconhecidos que de conhecidos. Outra autodescoberta, quem diria. Se um dia regressar à psicanálise, vou mencioná-la ao dr. G. E pedir um desconto do carcamano pelo insight de minha própria autoria. Seiscentos paus a consulta, só o tio do lulla pra encarar.
Por dois segundos a anjinha me olhou meio desconcertada ante minha reação mas, deo gratia, não abanou a cabeça nem fez um comentário maldoso envolvendo minha sexualidade como qualquer outra faria. Seis sabem, mulher rejeitada pode ser um dos seres mais grosseiros do universo.
Se limitou a perguntar, Para onde você está indo?
Não gosto de responder. Inda mais questões íntimas.
Pra este lado, respondi, apontando o lado oposto ao dela.
Tudo bem, então. Dando de ombros, começou a se afastar.
E retomei meu rumo na direção contrária. Depois de alguns passos, parei. Que rumo? me perguntei silenciosamente.
Detesto quando querem respostas minhas. Nasci c’um foro íntimo ultradesenvolvido.
Olhei para diante, dei meia-volta, olhei para diante.
Qualquer direção que tomasse seria indiferente. Resolvi atravessar a rua. Talvez encontrasse do outro lado alguém disposto a me dar uma informação que me ajudasse a encontrar meu caminho.

Mil, trezentos e quarenta e um

Que dor

Saber que os


Que me compreendem


Não me compreendem

Mil, trezentos e quarenta, sob fastio

Certa ocasião, há longo longo longo tempo, pensei em criar uma comu de nome “Escrita coletiva”, por aí. Estávamos na saudosa era da orkut que não volta mais. Na época era frequentador assíduo duo uo da comu Literatura, o que só me causava desgosto. Cansei  de quebrar a cara por aquelas bandas. Nunca obtinha respostas às minhas postagens. Pessoalzinho só participava de tópicos absolutamente vulgares. Ou então surrados e óbvios além do inexprimível. Os que à primeira vista pareciam abrigar algum resquício de vida inteligente por um título mais ou menos provocativo na segunda linha revelavam uma pretensiosidade estéril, resvalando para o popularesco e o demagógico. Uns queriam tratar de Nietzsche, que obviamente nunca tinham lido, outros bradavam palavrões. Em muitos casos caíam no cambalacho do cabotinismo.
Um dia ofereci uma recompensa de 10 real pra quem me dissesse HONESTAMENTE (a meu juízo) por que os membros mais assíduos jamais comentavam minhas postagens. E fiz uma ressalva: não vale dizer que é porque sou briguento. No fundo onde não dá pé, nem é o caso, todos sabiam que sou boa-praça. Quando me meto em enrascada só estou me defendendo de ataques de ciúme que provoco a granel. Não sou briguento mas sou uma peste. Sei que meus quase três leitores haverão de torcer seus narigões pra esta declaração de foro íntimo. Mas quero exatamente mostrar que, em se tratando de escritores, não haveria como cercear a pessoalidade. E as idiossincrasias. E os caprichos. E a volubilidade. (Não conheço bom escritor não volúvel. Quer dizer, estou sendo volúvel – conheço sim mas não vem ao caso; se viesse, furaria minha lógica) E, vejam, algo assim seria só o começo da encrenca coletiva. Nada mais distante da literatura que a diplomacia, não é?
O segundo problema é que minha comuzinha Escrita coletiva não poderia ser pública, i.e., os membros teriam de passar por um crivo, comprovar que dominavam os rudimentos e que se escrevessem errado seria por querência, não involuntariamente. Mais complicação. A menos que optasse desde o início por proscrever comentários mais acerbos. Teria de ser algo diametralmente oposto a coisas como esse “Vamos escrever um poema coletivo” ou “Que merda você está lendo” que vira e mexe alguém ressuscitava na Literatura. O escangalho aí era equilibrar domínimo mínio, digo, domínio mínimo da palavra c’um grão de arroz que fosse de autocrítica. O pessoal curtia a Literatura exatamente por que aqui não precisava de nada, fosse disso ou de qualquer outra coisa. Proferissem a besteira que quisessem, ninguém daria lhufas. E, outra descoberta que fiz de lombo próprio, a moçada de hoje nem imagina o que seja autocrítica. E, pelas postagens na Literatura, não estão nem um tico dispostos a reconhecer valores ultrapassados como humildade e modéstia e autoridade pra defender pontos de vista, matéria-prima essencial para quem se acha escritor.
Quinto, esse longínquo, onírico, ultrapassado estado espírito-mental chamado solidão. Que raio é isso? Ninguém em malsã consciência pode admitir uma coisa dessas hoje em dia. Solidão, perguntam, não é uma doença que só ataca pervertidos, bandidos, loucos, depressivos, weirdos que não conseguem um jeito salutar de se descolar na vida?
Vocês podem achar que estou ironizando além da conta (excesso de ironia é contraproducente pra quem escreve), mas não é o que se vê por toda parte, com quem quer que se leve um lero?
Vivemos numa época absurdamente ahistórica. Soa inacreditável mas os guris pensam que nasceram ontem. (Sei que os ruim de ouvido vão pensar que errei a concordância. Duas vezes.) E, cara, poucas proezas parecem mais impossíveis que conversar com alguém que nasceu ontem. Eles pretendem prescindir da noção de causa e efeito que rege não só o universo como também suas vidinhas de mosquito. Sua única, assoberbante dimensão temporal é o presente. Que na cabecinha perfumada deles é eterno. (Filosoficamente, até é. Afinal o presente nunca passa. Mas eles não sabem.) Nesta paupérrima ditadura da imagem e da instantaneidade em que penamos, imaginam o passado como um filme que, graças, foi apenas uma ficção em que protagonistas e figurantes eram sofredores do planeta Y23K2. O menino cuca-fresca se horroriza (não muito claramente, claro) que já houve épocas sem internet, sem posto de gasolina, sem Carrefour. Como é que aquela gente podia se dar bem sem um celular que os atasse umbilicalmente ao resto da patota?
Certo, a esta altura você deve tá se perguntando que é que tudo isso tem a ver. Estalo de pe. Vieira, eu também. Vou tentar engatar a primeira de novo.
Ah sim, solidão. Bem lembrado. A solidão do artista.
A solidão pode ser secreta?
Por que temos vergonha de ser solitários? Por que identificam solidão e fracasso?
Portais de RELACIONAMENTO são um libelo antissolidão. Na orkut o gajo era julgado por estrelinhas: sexy, confiável, sei lá que mais. Sendo o número de amigos o critério de desempate. Não sei com anda o angu no facebook, mas na orkut via gente reclamando que mil amigos era muito pouco. Quantos seriam suficientes? Um perfil abarrotado de carinhas petrificadas qual naquelas fotinhos esmaltadas nos túmulos do cemitério. Cáspite, carregamos um necrotério inteiro em nossos perfis (pela enésima, essa palavrinha calhorda) e nem nos tocamos. Era com isso em mente que me perguntava se era com essa gente que imaginava partilhar experiências literárias. (Enquanto matutava a respeito, registrei em minhas anotações que aquele mesmo dia tinha visto em algum lugar na rede alguém perguntando a outro “Qual é seu ponto?” Em minha anotação, acrescentei: “Sugiro usarmos essa pergunta como critério de eliminação na nossa nova comu. Quem respondesse a sério seria sumariamente defenestrado.”)
Em seguida me perguntava, que esperar de pretendentes a escritor incapazes de reconhecer e de viver na solidão? Orkutianos, “A comunicação humana é um artifício cuja intenção é nos fazer esquecer a brutal falta de sentido de uma vida condenada à morte”.
A vida online é uma espetacular fantasia tornada realidade. Aqui podemos clicar amores, desclicar desafetos, confidenciar a quem está do outro lado do mundo, enquanto na vida real continuamos a virar a cara para o vizinho. (Quer dizer, estou falando de mim mas imagino que vocês também viram a cara pra alguém uma vez por dia pelo menos – não é assim que gente normal age?) Há muito pouca coisa de humano em conversar com alguém cujo nome, rosto e cheiro você desconhece.
A solidão, o escritor sabe que é seu dever experimentá-la. Vivenciá-la como experiência palpável e concreta, que lhe deixe ao menos uma lição ou mais. Sem medo, sem nojo, sem neuras. A solidão faz parte. Quer você saiba, ou admita pra você mesmo, ou não. A solidão é a instância, e única, em que temos a chance de aprender alguma coisa sobre nós mesmos, em primeira mão, sem intermediários ou gurus. Quem não tá a fim, que brinque de palavras cruzadas.
Quem acha que seu barato é escrever, tem de aceitá-la. Praticá-la como um exercício. Mas aceitá-la como natural, não como problema a ser resolvido com Prozac ou num consultório. Se, pra começar a brincadeira, você precisar iniciar o processo de aceitação imaginando que é um tipo de loucura, tudo bem. É o método que uso. O importante é nunca se achar em território estranho. Em MINHA solidão me conheço como a palma daquela coisa que todos conhecemos como a palma etc.
E foi assim que terminei por obrar um manifesto – este. E este seria a base da minha comu Escrita coletiva quando finalmente viesse a fundá-la.
E naquela anotação que mencionei acima, fiz mais este registro: “Ter sonhos e persegui-los não é sinal de que há alguma coisa errada com a gente. Nunca é cedo pra começar.”
Relendo isso hoje, não me reconheci, embora me lembre bem de o ter escrito. Me soou tão ingênuo. Algo presunçoso. Tão cafona.

Mil, trezentos e trinta e nove, sob intenso suor

Mudei.
Estou mais mórbido.
Excretando interiormente uma fonte cada dia mais pródiga de pus. (Desculpe, sei que você não gosta desse tipo de detalhe.)
Mudei por você, em parte. Depois que me deixou comecei a sonhar que te chamo. E pesadelos em que uma mulher braba sem rosto corre atrás de mim c'um cutelo de destrinchar frango.
De repente passei a ver uma máscara feita do teu rosto cobrindo o rosto de mulheres. A caixa do mercadinho. A gerente do mercadinho. A balconista dos frios. A jornaleira. A frentista. A ubíqua atendente das minhas carências.
Tive uma crise de vômito e fui na gastro há duas semanas. Meu nome foi chamado. Entrei. Ocupei uma cadeira como me indicaram e fiquei lá sentado fascinado enquanto ela-você preenchia as fichinhas. Profissão? perguntou. Explorador onírico, respondi. Ela-você riu, exibindo uns dentões magníficos de angélico-selvagem marfim.
Me pediu uns hiperultrasons do ventre, uns exames de sangue.
Ontem voltei com os resultados.
Depois d’uma hora e meia de atraso ela-você chamou meu nome. Entrei na sala com o coração aos solavancos. Mas ele, coração, congelou quando vi que não havia mais ninguém na sala.
Além de você.
Examinou a fotografia das minhas vísceras. Seu fígado está sessenta por cento tomado pela gordura, comunicou, informou, relatou. Estado avançado de cirrose.
Vamos ali na esquina tomar um Balla, convidei, pondo minha mão sobre a tua. Um só que seja.
Você deu um gritinho assustado e puxou a mão numa reação de nojo e perturbação.
A dra. Ana Maria rabiscou uma receita, fez umas recomendações apressadas.
Não se aproxime de feiticeiras!
Até quando, doutora? Não me diga que por todo o sempre!
Não por ora.
Respiro aliviado. A mágica acabaria de vez.
Ela abriu a porta e me enxotou da sala.

Mil, trezentos e trinta e oito

me comprometo a aspirar
tão só à imortalidade do meu querer
reconhecendo que no ato
serei esquecido como
esquecido estou
me conformando com
minha ficção
deitado insone, sem saída,
prometo, ademais, nunca ter meus
próprios pensamentos nem registrar
meus toscos versos em vão louvor
Deixarei os sonhos meus
se desprendendo, faíscas
incandescentes, brotando
bolhinhas de sabão, ascendendo
ao teto a explodir em branca
espuma seca que derramará sua
névoa em minha noite
Prometo, por fim, condenar-me a
renunciar por todo o sempre ao
teu cheiro e à tua boca e ao teu
olhar e às tuas palavras e nunca
te chamar e nunca me queixar
Apenas suspirar

Mil, trezentos e trinta e sete

Devorar-se não é para os saciados
Requer um apetite fantasioso que não está na glândula salivar
Veneno protéico que não está nas frutas, nos peixes, nas aves, na água ou no ar
Requer a sede incalculável dum oceano Atlântico com todos seus navios e todos seus náufragos e cada uma de suas ondas
A substância do planeta, a oleosidade dos poços de petróleo, a espuma dos copos de cerveja gelada e da urina quente que a terra absorve
Que aquele que se devora se disponha a tornar-se seu próprio predador
Requer a volúpia que do autocorpo reste só os autoossos e da autoboca só os autodentes (que também não hão de sobrar, se o autopredador for sincero)
Mas há algo que aquele que se devora não pode ter:
Memória

Certos erros

Estava à tarde olhando o mar da minha janela
Que não dá para o mar
Nem para nenhum outro lugar
Pois não tenho janela
E mesmo que tivesse
Nunca olharia através dela
E então compreendi
Que compreender não queria
Não é este nem outro o dia
De te dizer: tudo foi delírio
Os acordes que escutei eram antimúsica
Meu hino enquanto se aproxima do fim este planeta:
És MINHA
E sabes o que é o melhor? O melhor é que
És minha mesmo contra a vontade. Podes
Me ignorar, me esquecer, me abafar
Espezinhar, ridicularizar, estrangular
Mas não te matar em mim
Tenho meus sonhos teus, todos os pensamentos
Que te dediquei
Minhas lembranças tuas são minhas
E sabes o que podes fazer a respeito?
Nada
Em mim me tens, me controlas
Me queres, me amas
Em mim te quero e te amo
És minha boneca, meu sonho, meu delírio, meu tema, minha palavra. Sou, e serei até quando me cansar — e, olha, não haverei de me cansar jamais —, o Guardador das Tuas Miragens. Conservo, adubo, cultivo tuas miragens nas águas paradisíacas de miragens e no purgatório de tuas miragens mortas
Apreciando o mar esta tarde desta janela
Não quero nem preciso que consintas
Não quero nem preciso da tua história ou do teu mundo
Tenho-te inteira em mim e
Com o que tenho em mim te amo como preciso
Não  como esperas ou queres
Amo tua imagem que nunca vi
Que se reflete em meus olhos
Escuto tua voz que nunca escutei e sussurra as mentiras que preciso escutar
Aperto tuas mãos que nunca toquei e me fazem a carícia que preciso sentir
E escrevo milhares de palavras que nunca vais ler
Sou o teu que não é teu
Meu amor por ti é meu e, presta atenção
Não há nada que possas fazer para nos separar

Ele voltou IX


Nem oito anos e já estávamos de saco cheio de tudo, convicto de que a experiência humana é um erro, não sabíamos em relação a que, claro, nunca tínhamos vivido antes para saber, mas tremendo dum erro e já não podendo mais ouvir as exortações dos curandeiros da capacidade humana em ser feliz decidimos que não precisava mais provas de que tudo acabava aqui, já um cara tenso, Porra, a tensão dos nossos oito anos, gurizinho sofrido e quando escutava alguém dizer que fulano ou sicrano estava com úlcera e sofreu enfarte e derrame, inda tão novo, conclusão: não há como escapar.
Não há como escapar.

Qual é o problema, Porra? desviamos dos insanos que dirigem automóveis na nossa affelandrepublik, seria assim em outros lugares? A maior prova da incivilidade do janaílson é o trânsito, são todos darwinistas, Fôdasse o outro que quem tem direito nesta Porra somos nós, sai da frente desgraçado senão te passo por cima, conosco tem erro não, deu bobeira atropelo mesmo, quer atravessar a rua, madame? ouse lambisgoia, chegar em casa é um eterno espanto, incólume, sem morrer, sem matar, o carro também inteiro, que raça, e ter de engolir os fascistões, aonde vamos agora? qual é o maior problema de todos hoje? é o formidável ilimitado poder das grandes empresas, que os affeländer janaílsones chamam "corporações". Os olhos olham o retrovisor e os olhos veem um maníaco esbravejando contra mim, os olhos olham mais para trás e os olhos veem que deixei que nos chupassem o sangue. E quatro-quintos dos que têm o sangue chupado não sabem, milhões torrados em benefícios extras para executivos e toda força ao marketing e cometem toda sorte de indulgência, extravagâncias, mas não investem a mais minúscula quantia no que realmente importa, informação, gastando "muito" pouco em detetives porque executivos dão ênfase a tolices que só servem para lhes inchar o ego. Dediquei noventa e cinco por cento do nosso tempo para chegar aonde estamos, me fodi com fé e coragem, gastei o que tinha e o que não tinha, plantei as sementes certas para colher esta autodisciplina marcial que hoje é o que nos garante arrozfeijão, protegendo o caule, negociando sob mau tempo, lidando com tempestades e consertando seus estragos, agora somos obrigado a recomeçar tudo de novo, os conceitos que nos regem a todos hoje são ditados pelas corporações que logram disseminar a idéia de que todos lhes devem oferecer tudo e a elas cabe retribuir quase nada, escutandoo essa palavrinha calhorda competitividade há anos, mutreta de biguemaquianos protestantes darwinistas organizados convictos do poder humano que fizeram picadinho da nossa confortável pachorrenta cultura niilista da indolência com princípios como qualidade de produção e atendimento de prazos e preços baixos. Pra começo de conversa, dizem, você tem de estar assentado nesse tripé. Metáforas, metáforas, dos Filhosdaputa mutreteiros, quando ouvi essa coisa a primeira vez não sabia que esperavam que eu fosse sobrenatural, ingênuo, pensamos, seria capaz de suplantar nossa preguiça macaquita e que no fim ganharia um prêmio adicional por isso, um pedaço da torta de maçã, a como devia ser deliciosa aquela torta de maçã com cheiro de Buceta chique que os loiros saudáveis saltitantes biguemaqueanos exibiam em seus filmes com cara de quem vai comer a torta e depois a Bucetinha asséptica aromática da housewifinha anglicana, cuzinho nem pensar. Hoje sabe-se que decorar a odisséia homérica de trás para a frente e depois recitar as páginas amarelas de tókio na ponta da língua seria mais fácil. Pressiono até o fundo o pedal do acelerador, as mãos fecham os olhos alguns instantes, quando tento levantar as pálpebras não podemos, parece que não vamos conseguir reabri-los, só temos noção de estar zonzamente louco, precisamos saber quanto tempo conseguiria dirigir sem enxergar no trânsito de foragidos do hospício, finalmente, por milagre, a mente acha, nossos olhos se escancaram, caralho, penseiquefôsseofim. Parece que estamos ficando sem energia e a ideia não sabe se podemos abrir mais um pouco o gás. Temos medo de explodir. Isso tudo claro não é razão para ser pessimista. Hoje em dia não ganhar quase nada pelo seu trabalho, não importa quão penoso, provavelmente é mais saudável do que estar completamente desempregado como se você caísse em buraco sem fundo dia após dia e os sabichões que recomendam que todos nos devemos dedicar plenamente à nossa "carreira" agora só podem sugerir que nos internemos no charcô, na década de cinquenta, sessenta, setenta, oitenta e noventa a vedábliu ajudou a fazer a história com os carros e caminhões que fabricou e quando vieram para affelandrepublik nos anos cinquenta estavam se arriscando mas hoje não é mais o caso, dizem. Estamos construindo uma planta completa com sistema viário, infraestrutura, drenagem, rede elétrica, rede de água e esgotos, praticamente todo investimento necessário, tudo com grana dos sandrinílsones, queria ver esse servilismo condenado e a petulância gringa esmagada sob gemidos impregnados de revolta, entregar o chão sagrado virgem em sangue a uma companhia estrangeira que veio nos ensinar a "competir", desesperados bovinos fritsílsones baixando os olhos humilhados e, servis, decidem que não importa se lhes dá um punhado de empregos. Biguemaquianos aparentemente gostam de pensar que há curioso contraponto entre as maravilhas que engendram e as bugigangas que nós tão desajeitadamente tentamos construir. Abrindo nossos braços a eles estaríamos assegurando preciosa oportunidade de pôr fim a séculos de selvageria. Nos olham lá do alto e parecem deixar transparecer que fizeram tudo que puderam, tal como fizeram na coréia e vietnã mas que no fundo não dão a mínima, que importa? Todavia nunca perdem a oportunidade de nos deixar claro que são nossa única esperança de estancar o emaranhando processo de instabilidade a que estaríamos condenados e que seríamos sábios se reconhecêssemos que nossa renúncia e subjugação à inexorável grandeza e poder deles seria o melhor a fazer não apenas para nós mas também para todos os outros povos de terceira categoria batendo a cabeça por aí. Confrontação seria inútil e estão sendo amáveis o bastante para nos deixar fazer o trabalho deles para eles em nosso país e assim aprendendo com eles até um dia quem sabe conseguir de alguma maneira alcançar a disciplina e a organização com que solucionam os problemas do gênero humano na Terra, idéias que passeiam preguiçosamente nas mentes da pessoas da nossa geração e algumas outras mais que os olhos veem feito uma mancha bem no meio do tapete da sala, que no faz sentir vergonha quando aparece uma visita, com moleques cuja única aspiração é ser consumidores mas ao contrário de como éramos em nosso tempo ignoram sua história e seu lugar e se conectam no distante que não tem nada que ver com eles e sonham em ser homens sem rosto sem pais e sem filhos sob hirsutíssima camada de balangandãs, o doloroso é que não temos saída, temos nosso destino decidido paragraph period. Tudo estaria bem se pudéssemos nos isolar na floresta amazônica, vestir fantasias de silvícolas, com tudo de bom e ruim que isso implica, não podemos suportar as angústias que nos foram impostas pela racionalidade anglo-saxã e seu tirocínio inconformista e objetividade anglicista, não nascemos para ter responsabilidade individual, a ética só é boa quando não praticada, o papa é nosso rei, o padre, nossa piada, o peru assado não cabe na nossa lusitana salada mameluca de acarajé com pizza de gorgonzola, porra como tem pizzaria na nossa affelandrepublik. Taco novamente o pé no acelerador mas agora com o cuidado de não fechar os olhos. Paro no portão principal da vedábliu, informo ao guarda que carlos mendes está à nossa espera, ele volta à sala da segurança, telefona, faz que sim, anota a placa do Miata numa ficha e levanta a porteira para eu sair da senzala e entrar no século atual. Pelas lentes manchadas de suor dos nossos óculos os olhos olham carlos mendes, ianquíssimo cravo na lapela, fixando um olhar paternal no nosso rosto no departamento jurídico da vedábliu. Carlos mendes é um rapaz de cara brejeira, exalando ao mesmo tempo infantilidade e a confiança de quem nunca age por impulso. Autocontrole biguemaquiano. Esses filhosdaputa aprendem rapidinho as táticas, a indumentária, os trejeitos e as atitudes do predador, pensamos. O cerebralismo do oeste deve ter sido instilado nele e nunca mais o deixou, fosse qual fosse a razão. Queria te esfregar algumas verdades nessa cara de bebê sem vergonha., o corpo fica tentado a dizer assim que nos aproximo. Ia ser engraçado ver a reação dele. Já esteve aqui antes? ele pergunta, algo de insolência nos olhos vazios de quem não se dispõe a assumir a culpa pelos próprios pecados. Privilégio de patrão. As instalações do departamento jurídico da vedábliu não são um ambiente agradável para as visitas, não é fácil um sujeito como eu sentir-se à vontade neste lugar. E mendes não facilita a comunicação. Os olhos olham em volta para tentar suavizar aquele olhar besta fixo em nossa cara. Em vão. numa mesa próxima está um sujeito em cuja mesa há uma plaqueta escrita "Jaime Breda, subgerente", cara de quem parece incapaz de falar mais de duas palavras por dia. E há também um paraguayo de rosto anguloso hostil e olhar frio e inamistoso, que um neurocirurgião certamente gostaria de tirar um eletroencefalograma do sujeito para poder mostrar a seus colegas em simpósios médicos. Senta aí, mendes ladra. Seu mendes... tartamudeio e paro. Diga. Não temos tempo de sobra, você sabe. Você sabe, você sabe. Porra. Nunguento mais esses cacoetes linguísticos do oeste. Bem... seu mendes, estávamos pensando se a gente podíamos deixar para outro dia, porque… Nooope. Ele corta estridente. Fez-se um acordo e você vai cumprir. E... eu pensamos que… Não. Temos mais que fazer além de ficar aqui escutando choradeira. A mente acha que nos arrependi. Eu só… Se não está disposto a fazer isso, cumpro nossa ameaça. A não. Estamos satisfeito com nosso acordo. Só… Afinal, vamos só curtir um pouco. Não é pedir muito. Quem sabe depois te arranjo uma oportunidade de trabalhar com a vedábliu. A, seria muito importante para mim. Não parece. E não vai doer muito. Você vai ver. A mente acha que não vai doer nada. mumunho, a voz sumindo na garganta. Não queria dar uma impressão errada. Estamos satisfeito com o acordo. Positivamente. Não fale como se a alegria fosse um sentimento atípico, okay? O segredo da vida é saber desfrutar da tristeza. Encolho os ombros para mostrar que tinha entendido e aceitado e dizemos okay. Bye-bye. Ele estala os dedos num gesto rude de dispensa.

continua em Ele voltou X

Ele voltou VIII

continuação de Ele voltou VII

ou Para que serve um nossossanchopança? again

Se dem algo na vida de gue a mende não gosta é a boca, a língua e os lábios Joobarem Buceta. Não zignifiga gue nunga Joobaram. Doda boga já Joobou Buceta belo menos uma vez na vida. Menos a do babai. Guano era moleque mandava ver. Algumas, não dodas. Zó as mais gabeludas. Dem Umas gue os bêlos gomezam guase no umbigo, descem recobrindo a Brobriamende Dita e ze esbalham belas goxas um dantinho ou um dantão, debendendo do bedigri da vreguesa. Ezas eram as gue mais gostava — o Jojotão vicava razoavelmende encoberto, gonveniendemende ocultano zua verdadeira Natureza. Um dia deixei escabar na derabia, bazei oito zezões dendo de escudar gue nozo maior medo era zer invaginado. Gue guano nascemos… bem, bode zer. E daí, Uóxito?
Orabolas, ze a gachola dum macho neurótico dá recheada deze dibo de delírio, imagina as neuras duma vêmea em relazão ao Binto. Deve zer azustador, Uóxito.
Não me abraz. Bra gomezo de gonversa dem aguela ligazão berigosa gom as entranhas — údero, ovário, drombas, gavidade beritoneal, bexiga, vórnix, gérvix, uretra… guano era grianza vicava horas me abismano gom uma ilustrazões gue havia na britanniga de babai. Dudo latim, vesiga urinaria, uterus, labium minus, labium majus. Vermelho-carmesim heminolento. O gorbo viga berturbado (somos imbrezionável), gomezamos a bensar, Borra gomo médico gonsegue zaber de dudo izo e ainda zentir desão? Você dodo engaranhado gomendo a dona e de rebende de gruza a gabeza a imagem dum útero gor dagueles vígados à venda no balcão do azougue.
Noza brimeira Buceta, da noza brima Vátima do Baraná,  joobamos gom gosto. Valamos br’ela caeh de guatro, busemos o linguón bra vora — gueria vicar gom a gara do bluto — e lambi-lhe a Xoxotinha detrás. A Buceta ze acha berigosamende bróxima do ânus. Bor izo, abroveitamos bara lamber dambém o Rabicó da noza vitimazinha baranaense, no gue nos emborcalhamos dodo, baba escorrendo belas bernas dela, resultano gue logo ghegou a hora do dá logo eza buceta agui. A gaibirinha emitiu alguns gemidos dolorosos, mais guano gomemos Atrás do gue guano livramo-na bara dodo o zembre do gabazo. No dia zeguinte vimos guão benosas bodem zer as gonsequências duma boa Enrabada — não bodíamos zequer rozar a Rola dolorida. Eta Vatimazinha de asterisco arisco. Deu marido hoje deve esdar zofrendo um vocado, Alicaterrabodecatraca.
Tem dambém o vormado. Ainda não gonsegui decidir ze é eze o vator brincibal. Às vezes a mende acha gue zim, outras gue não. É borque nozas imbrezões a resbeito da abarência bucetal mudam à medida gue o dembo baza e vamos gonhecendo outras Xoxotas belo mundo. Zó de ver uma de labium majus mais garnudo dá ao nozo gorbo água na boca, demos de me gonter bara não deixar gue a língua vique ganinamende bendurada até o bico do gueixo. Ezas mais gordinhas você gomeza a beijar, mordiscar, debois vai lambendo e ao mesmo dembo abrindo os grandes lábios, zebarano-os gom a gonsciência viva de gue eles existem exatamende bara izo, vruto recôndito bara zer devorado, bara gue você os abra devagar, até vicar efetivamende desudo e introduzir doda a língua gomo ze vora um binto, debois os dedos, a mão, o bunho ze estiver a vim de estrazalhar, Uóxito. Mas um dos maiores broblemas de hoje em dia é o glitóris — eza Borra gue algumas mulheres inventaram nosanozezenta e gue zó zerve bara me atazanar a baciência. É gue no meio da esfregazão, mão bra gima e bra baixo, bintoladas de aguecimento, esbetadelas zemiconsciendemende estudadas, de rebende você ze distrai gom um dedo ou a bonta da língua no dito gujo e a abestada grunhe aaaah. Bem no bonto. uuuuuuuuh. Dá uma esmerilhada aí. No gomezo gaía na armadilha, Uóxito, e me bunha baciendemende a bulir aguele bromontoriozinho gom remota vocazão de bênis, bazava uma eternidade, vicava louco guerendo bergundar vaiounãovai eza Borra aí, às vezes o desgrazado não esbozava a mínima reazão, debois de duas horas gaía de lado rendido de gansazo, outras vezes ele ia vicano esbevitado, esbevitado até gue… nada. A azanhada nunga atingia o orgasmo mas imblorava maisu mbo ucom aisu mbou gui nh osó. Uma Borra, Uóxito. Vróid dinha razão, eza Merda dalvez zeja mesmo um binto atrofiado gue definitivamende não zerve bara gozar, dez entre dez mulheres não dêm orgasmo, as gue dêm estão de zacaneano, zeja gual vor o motivo gue elas dêm bara de zacanear.
Agora, levamos um baita dum zusto guano os olhos veem uma Buceta belada. O valo desfalece e não dem gomo reanimá-lo. Bererega garega é uma visão dantesca, Uóxito. Bara não der de "abordar" outros gambos gientíficos e acabar berbetrano um dratado em vez duma gonfizão —, envermeiras, médicos, agombanhantes glínicos brofizionais, etc., eza gende brovavelmende nada vê de anormal numa Buceta destituída de bêlos — azim gomo não estranha uma barriga aberta em gima duma mesa de necróbsia ou um grânio zendo destambado gom uma zerra elétriga bara uma girurgia neurológica.
Nem dodo mundo é hibersensível, iunou, Uóxito. Zembre gue ze nos vemos diante duma dezas desnudadas exblicamos à dona da Mesma — gom delicadeza e dato bara não veri-la e, obviamende, antes de virar as gostas bara zair do guarto abós desistir da drebada — olha menina, os bêlos bubianos voram veitos bara esconder eza goisa Bizarra gue vocês mulheres drazem entre as bernas. Vazer barba no ventre é um atentado à natureza, zembre me lembra de exberiência de laboratório,  as atrocidades do anjodamorte em auchuvits, o driunfo da barbárie, zabe-se lá. Ze voze gientista ia desenvolver uma beruga bara gasos gomo o zeu. Gue da, Uóxito? Você até boderia escolher a gor, loira, ruiva, o gacete. Não, não ghore. É zó um gomentário gentil. Dome agui este gheque, gombre uma blusa ou um biquinininho ali no ghóbin. Bombas, hoje em dia a gende não bode mais dizer o gue bensa. O gheque é bredatado guinze dias. Mas vora izo você dem um gorbinho jóia. Dorso, uma graza. Me lembra os gregos. Não, não estamos me referindo ao onazisdajacqueline. É, ghamava aristóteles mas não era vilosófico. Demos uma brima ghamada aristotele, vêsebode. Os bais bensaram gue era igual a gisele graziele michele. Não, benzinho, você não dem defeito vísico nenhum. Olha, é zó uma maniazinha besta noza. Não, não vamos gondar a ninguém. Vaz de gonta gue nunga aconteceu. Nunga de valaram ezas goisas antes? É, zembre dem a brimeira vez. Não, não dá bra dedar zó atrás. É gue zomos gheio de vricotes, iunou, debois de ver uma garequinha gomo você brochamos drês dias. Olha, dagui a um mês já gresceu de novo — ainda bem gue dem gonserto hahahá. Imagina ze não voltaze nunga mais. Olha, você vale ouro, liga não. Aliás a bartir de agora vamos de ghamar de minhameninadouro. Gostou? zembre gue a gende ze encontrar vamos valar azim. Não, nunga mais docamos no azunto, bode vicar dranquila. Bem, estamos gom um bouco de breza, dalvez já denha ghegado a hora de ir. Demos de dar aulas de guímiga bara viver, iunou. Aliás deneuve voi bara izo gue viemos agui. Além de dedar, é glaro. Nem um bouco excitante. Na verdade é bem aborrecido. O gue zalva zão as aulas barticulares. Não, já valamos, não vamos gondar às zuas golegas. Olha, ze alguém vicar zabendo lá na vaculdade não vomos nós. Ou dalvez zim. Afinal gual o broblema de dodo mundo zaber gue você rasba a Buceta? Hoje em dia gada um vaz o gue lhe dá na delha. Bem, dalvez gomende gom algum outro brovezor. Zó a dídulo de ilustrazão em alguma gonversa brofizional, iunou. Zim, brometo gue bezo a ele bara não esbalhar. Exijo balavra de honra. O brovezor de história é discreto, dem erro não. Aliás voi ele guem nos gontou zobre você, gue era garinhosa e generosa. Zó não nos avisou zobre a valta de belugem. Viu? Nem gomentou. Ze diveze dito nem deria vindo. A, eza gonversa zobre o aluno do derceiro ano der esbalhado gue você gosta de dar mais Atrás do gue na vrende… bem, ouvimos algo a resbeito mas não busemos grédito. Dem muito boato naguela escola. Não, não zabemos guem está bor drás deza outra vofoca. Bem, zó bode zer o diretor do debartamento de bsicologia. O zujeito é um biguemaute. Grava e rebroduz dudo o gue escuta gomo ze voze um doca-fitas. Dem razão, este nozo babo está garregado de zignificados exbrezivos. O guê? Gostaria de levar algumas balmadas bara abrender a zer mais educada? Me barece um danto drástico… bensamos gue já estiveze dudo esclarecido. Bem, ze é dão imbortante bara a zua vormazão… zeu vuturo… não, é melhor deixar a luz acesa… a juventude gonfusa. Zim, zomos deu zenhor gom boderes absolutos zobre deu gorbo. Esta é noza gorte e dudo e dodos existendes dentro dela me bertencem. Está gombreendendo agora? Viu gomo dinha razão? Bromete gue nunga mais zerá valsa gom deus zemelhantes? Reconhece gue belar a Xoxota é exberiência inútil? Na união zoviétiga mulheres gue gometiam eza heresia eram violentadas bor gavalos buro-sangue griados esbecialmende bara eza vunzão. Gonsta der zido eze um dos bilares gue zustentaram aguele imbério bor guinhentos anos. Não, zó mulheres abaixo dos guarenta. Dome mais este bor não acredidar em mim. E este bor vingir gue está abrendendo. Na durquia mulheres zafadas azim zão atiradas à arena de hibobótamos e benetradas bor agueles gigantescos e bontiagudos abêndices gorníferos. Não, é abenas Reflexo — não está endurecendo não. Há evidências embíricas de gue o abetite zexual é mais dransbirazão do gue insbirazão. Zembre é bozível dar uma boa vungada bara recobrar o ânimo. Nem dudo é alegria na vida. Ainda nutro gerto geticismo a resbeito.
Uóxito, gomo ezas goisas dão drabalho. Guem manda interferir no equilíbrio da vida gontrariano a ordem natural das goisas? A bunizão bara eze dibo de gonduta darda mas não valha. E é zembre zaudável avisar os jovens zobre os riscos a gue estão exbostos — zabe-se lá o gue a minhameninadouro boderia vazer ze ghegaze aos zetenta anos zem nunga zer alertada dezas goisas.

Eza era noza zituazão zexual até gue gonhecemos o nozozanchobanza. Hoje guem jooba nozas mulheres bor nós é ele.

continua em Ele voltou IX