Certos erros

Estava à tarde olhando o mar da minha janela
Que não dá para o mar
Nem para nenhum outro lugar
Pois não tenho janela
E mesmo que tivesse
Nunca olharia através dela
E então compreendi
Que compreender não queria
Não é este nem outro o dia
De te dizer: tudo foi delírio
Os acordes que escutei eram antimúsica
Meu hino enquanto se aproxima do fim este planeta:
És MINHA
E sabes o que é o melhor? O melhor é que
És minha mesmo contra a vontade. Podes
Me ignorar, me esquecer, me abafar
Espezinhar, ridicularizar, estrangular
Mas não te matar em mim
Tenho meus sonhos teus, todos os pensamentos
Que te dediquei
Minhas lembranças tuas são minhas
E sabes o que podes fazer a respeito?
Nada
Em mim me tens, me controlas
Me queres, me amas
Em mim te quero e te amo
És minha boneca, meu sonho, meu delírio, meu tema, minha palavra. Sou, e serei até quando me cansar — e, olha, não haverei de me cansar jamais —, o Guardador das Tuas Miragens. Conservo, adubo, cultivo tuas miragens nas águas paradisíacas de miragens e no purgatório de tuas miragens mortas
Apreciando o mar esta tarde desta janela
Não quero nem preciso que consintas
Não quero nem preciso da tua história ou do teu mundo
Tenho-te inteira em mim e
Com o que tenho em mim te amo como preciso
Não  como esperas ou queres
Amo tua imagem que nunca vi
Que se reflete em meus olhos
Escuto tua voz que nunca escutei e sussurra as mentiras que preciso escutar
Aperto tuas mãos que nunca toquei e me fazem a carícia que preciso sentir
E escrevo milhares de palavras que nunca vais ler
Sou o teu que não é teu
Meu amor por ti é meu e, presta atenção
Não há nada que possas fazer para nos separar