jainda

fui no casamento, hehehe, que solenidade.
fui no enterro, hohoho, quanta solenidade.
então me mandei pra minha formatura (hahaha).
dali saí direto prum bailinho de sábado à noite.
por que essa molecada tá assim tão solene?
do bailinho rumei pra festa de debutante da mana.
a mana estava um esplendor.
papai, deslocado como sempre, poor bastard.
mamãe no seu métier, equilibrando profissionalmente o coque de quase meio metro no cabelo encinzentado a, glup, rinsagem.
e as estátuas de carne desandam a dançar, a palrar, a bebericar enquanto tudo que preciso é sentir.

Munificiente

Lembra do poema que te fiz?
No dia seguinte estava puta quando nos cruzamos na padaria
Eu pedindo meia-cerveja, você, meia-dúzia de pãezinhos
(bem tostadinhos, viu moço?)
(O moço obedeceu? Não tive tempo de olhar. Estava observando o balconista encher meu copo.)
Te olhei então co’ canto do olho. Já estavas diante do caixa, caçando moedinhas no porta-moedas.
Foi então que fiz o poema
Pois foi então que me lembrei: sou poeta
Poetas devem fazer poemas, mesmo numa padaria
E inventar uma musa
Mesmo que compre pãezinhos a quatro reais o quilo
Preciso me animar, pensei
Preciso sobreviver
Estou encharcado de necessidade estética
Qual um calouro na primeira aula do primeiro semestre de Estética da Filosofia
Não posso perder as referências, se é que me entende.
Não fique sentida, não tenho jeito
Só quero que saiba que o poema que fiz pra você aquela manhã
Ou foi à noite?
Na padaria enquanto apanhavas o saco de pãezinhos e eu investigava o fenômeno da garrafa a se esvaziar enquanto o copo se enchia
Foi sincero
Naquele  momento
Em que o fiz
E em outros também

depois de tudo

Você não pode simplesmente ir aceitando a semente
naturalmente
deixe de ser passivo
chega de ser estoica, porra
uma semente não é simplesmente uma semente
não adianta vir com a história dos espermatozoides
[Fessora, tenho de enfatizar aqui?]
Kafka nasceu dum deles, veja só
e Pessoa. E Heidegger. E, jesus, Adolf aquele.
mais que tudo – veja! estou de joelhos!
não me venha com o “milagre de vida”
vem cá
vamos falar sério
vamos falar sério agora
conta aí
quem te disse que a vida é um milagre?
compartilha comigo
deve ser o mais sagaz dos caras
afinal viu alguma coisa que a mim escapou total e absolutamente
e, maria misericórdia, não me venha com a lorota da “mágica”
ou quer me convencer de que ainda há um coelho nesta cartola carcomida?
se há, na certa está defunto – e putrefato
não há magia nenhuma numa semente, cazzo!
muito menos ciência
vem cá
é possível
é perfeitamente possível
que o big-bang tenha sido a semente deste planeta
posso conceder, se assim foi, tal também foi nossa origem
mas, olha
me diga
diga com sinceridade
há ciência nisso?
há ciência na linha mais plana e reta do universo,
a do horizonte?
Ah, vejo ali do outro lado da rua o Esteves
[dear lord, estarei condenado a ver o Esteves em todo lugar até soltar óleo diesel pelo rabo feito o Fenemê da minha infância?]
vou ao mercado, compro meia dúzia de ovos
bidu
chega a noite e assisto a uma palestra do professor americano
segundo Johnny, a verdade está nas estatísticas
hey Joe, e só meus quase dois leitores não perceberam?
excuse me?
Johnny me olha meio desconcertado
quer dizer que o big-bang gerou aquele calor dos diabos me segurando quentinho até hoje?
como sou sagaz, deus pai
como és sagaz, tu que não trocas um singin’ in the rain pela trilha da novela
me recuso
me recuso a aceitar
a aceitar essa imensa grande merda que todos vocês aí aceitam
que tudo começa c’uma semente
nada haveria sem uma semente
mentira!
nada do que fui um dia sou hoje
não era eu aquele que chegou a este mundo aquela madrugada de dezembro
e aquele útero materno, ó, não, não poderia ser outro
hoje cedo
que horas eram?
compus um poema
compus, sim senhor
estudadamente
calculadamente
desenfreadamente como estou habituado a compor poemas
e,  compondo, decompus
não me diga que te amei
te amei sem to dizer
estava sóbrio então
estou tão terrivelmente só agora

Ai que gana de chupar manga

Tem dia, tem noite, tem hora demoro demais pra extrair um pensamento lúcido, inteligível da minha cabeçorra asilo de loucuras e arrumar algo digno de dizer.
Nunca estou bem certo.
Nunca estou certo de nada. Nem quero estar.
Não quero ter certezas. Nunca quis. Óbvia, clara, evidente, lógica, naturalmente é fatal.
Darwin abominava os incertos.
Você que se foda, Charles.
Me aporrinha a convicção com que todo mundo anuncia suas certezas vãs.
Foram bons alunos do mundo e aprenderam todas as lições da vida e agora podem enfim se dedicar pachorramente a ensinar a terceiros com quantas mentiras se faz uma verdade.
Me aborrecem mortalmente pessoas que vivem a hastear bandeiras coloridas e ruidosas estampando majestosas seus princípios espúrios e patéticos porque imaginam piedosamente que a lei da física pela qual a natureza não tolera o vácuo pode aplicar-se vicariamente aos nossos sentimentos e às nossas ideias e às nossas incertezas que tais pessoas tão grotescamente querem converter em veredictos. (Estou meio lusitano hoje. Não significa que amanhã ainda estarei. Para espanto dos "racionalistas" empedernidos.)
Escutem duma vez por todas, porra: sou um poeta com aversão à poesia.
Não!
Não me digam que há um paradoxo aí. Me poupem de seus julgamentos ansiolíticos.
Sim, estou ciente - fariseus positivistas travestidos de humanistas precisam do benefício do alerta. Precavidos, contornam cuidadosamente os “paradoxos” que encontram pelo caminho.
Não há nada de paradoxal num poeta averso à poesia.
Não há nada de paradoxal em nada.
“Paradoxos” não passam de ataques intolerados por nossa frágil cabecinha deseducada a aceitar a impermanência dos pensamentos sobre as coisas.

CPG

Desmaia-me
Enquanto faço versinhos
Com a imaginação tua
Faça-me
Enquanto desmaio em
Teus braços e
Não sonho

Nova velha musa no pedaço

Duas da matina e ainda acordada, Wilma?
Desiste. Teu príncipe encantado não vem.
Teu PE está confuso, teu PE está perdido, teu PE é uma lástima.
Com medo de dormir os 100 eternos anos, né, Wilma?
Wilma, olha, não fica triste mas não existes.
Como é que alguém que não existe iria fazer parte da minha vida?
Hein? Hum? Hã?
Olha, Wilma.
Prometo te compor um canto fúnebre e encomendar um serviço de primeira no cemitério das Lágrimas.
O pior sou eu, Wilma.
Fiquei desolado – te imaginava tão lindinha, menininha, inocente, tão gaia, brejeira e meiga. Por tua causa agora estou sofrendo.
Mas isso ainda não é tudo, Wilma.
Sabe o que é pior nessa história?
O pior de tudo é que terei de me livrar também da Wanda, tua mãe.
Mas que faço? Viajo?
Viajo, Wilma?
Diga, Wilma!
Por que todas minhas musas ficam mudas duma hora pra outra, Wilma?
Por que todas minhas musas ficam mudas cedo ou tarde, Wilma?
Me perdoa, Wilma.
Sou apenas um sujeito lamentável.
Candidato melodramático a poeta.
Tudo pra responder a teu beijo?
Mas se não existes, Wilma!
Já disse que não existes, Wilma.
E se não existes, teu beijo haverá de existir menos ainda.
Beijo, Wilma.
Dorme, Wilma. Dorme instantaneamente, como soem dormir os de consciência leve.
Não sonha comigo, já disse.
Não mereço um sonho, por fugaz e aborrecido e preto e branco que seja.
Sou um fiasco.
Nasci para fiasco.
Não sei ser outra coisa que um insolúvel fiasco.

antes de nada

Como disse platão n’A república, “rj fJav/nuTa TioÀá, xaí Jcov Tl xai figottov”, ressalvando que “páxtç vTíèo xòv aXaOij kóyov òeòaiòaXfiévot rpevôeat noixlXoiç è£anaTãVTi nvdor Xáotç d <è>fioi fivoía navrai XÊÀEVDOÇ vfjíeréfjuv âQfnàv Vfivetv, xvttvon Ofiáuov d'ëxati Níxaç yalxeooTéQvov TAoro”.
Com igual contundência, embora sem igual congruência, Sócrates, quase cinco séculos depois, retrucaria que “Òè xavxa FïQ ôtôaaxáXcov Ttéfinovteç TIOV ftãXXov èvxêXkovxai èmfÀeAeïaQcu evxoofilaç zãv Ttaiômv íj yQctftfiéxcov XF xai xidagíaeaiç' aí Òè ÒiôáaxaXoi TOVXOJV XF èmfAeXovvrai, xai FTiFiÒàv nv yoápfiaxa nádwatv xai fiéMootv OVV/JGFIV xà ysyoa niéva majiFo XóXF Toiotv ôvslôsa xal ipôyoç èorív, yJ.éjTTetv fioiyeveir re xai àXXrjXovc, ãnare vêtevê”. (Não deixem de tomar tenência deste último termo, chave para a hermenêutica da coisa.)
A discussão levada a termo pelos grandes filósofos viria a embasar por três milênios e algumas horas o pensamento ocidental de cabo a sargento e daí a coronel e na certa tanto Aristóteles mataria a cobra ao passo que Cleômaco mostraria o pau em “yoa fiápfiaxéootv x ádwatvai”, como em tantos outros de seus livros. Fico cá pensando quão esbalacobacoso devem ter sido aqueles tempos. Se um dia estudar grego, haverei de entender um pouco o que esses caras escreviam tanto e traduzirei pros meu quase dois leitores e três quartos por uma módica soma em garrafinhas de smirnoff. (Uau, taux ficando bom até em aritemática.)
Chega de seriedade. Relaxemos nesta fu-nesta noite sabadal.
Quero falar da Lídia.
Lídia leva os cabelos bem castanhos roçando os ombros.
Lídia tem as pernas fortes. (Tenho medo de mulher pernuda. A gente nunca sabe.) As coxas não são de fechar aquilo que coxas desejáveis de mulher são capazes de fechar, mas as panturrilhas da Lídia, jesus pai. Começaria mordiscando os calcanhares, ou um dos, e iria subindo passando pelas laterais dos pés, depois os tornozelos salientes, as canelas, as batatas, atingiria as rótulas, nhac! Abocanhava a gruta, gruuuuuu, grãããã, schelepleplep, sem paciência pra avançar progressivamente por coisas chatinhas como virilhas e etecê. (Já viram gente que escreve “e” etc.? São a base da pirâmide analfabética.)
O (maior) problema da Lídia são as joanetes. Quando era moço, hehehe, primeira coisa, checar joanetes. Se positivo, dispensava. Dilma, pague uma plástica pras joanetudinhas, please. Seus maridos, noivos, amantes e/ou namorados padecem horrores com aqueles promontórios deformados. Lídia caberia direitinho numa fábula da pavoa.
Paro no portão, estudo o sobradinho por uns segundos. Meio apertado mas denota grana, sacumé (sorry, também detesto essa merda de sacumé mas tem hora é imprescindível), exala aquele ar meio nobre de gente bem. Estudo e olho pras janelas do andar superior e olho pros dois lados da rua e aperto a campainha e encosto na parede aguardando. Você não vai acreditar, repito, você não vai acreditar, mas jamais, nunca, never apertei uma campainha mais d’uma vez. Sou um cavalheiro (apesar deste meu jeitão desleixado de vagabundo sagaz e cínico).
Às vezes Lídia sai no ato, outras, leva uns minutos. Mas nunca além do razoável.
A porta se abre, aí vem ela.
Identifico a saia de tergal enxadrezada por trás do vidro esfumaçado da porta. Preto, branco, cinza.
Segundo hit, os pernões. Jesus pai. Que é que me impede de ajoelhar aqui nesta calçada e, quando ela se aproximar, meter a cabeça por debaixo da saia plissada e lhe tascar uma lambida de jum-ento sed-ento por sobre a calcinha rendada? Hã?
Eu, eu me impeço. Sou um bastardo hiperpensativo. Por que papai não me ensinou a dar vazão aos meus instintos, mesmo animalescos, ao invés de ficar me preservando pra festa de formatura do ginásio?
Bom dia.
Bom dia.
Lídia sorri um sorriso pr-otoc-ol-ar. Não espera que eu sorria de volta. Fazer o quê? São assim os donos, e as donas, do mundo.
Ela se põe a subir a rua, me apresso a me posicionar do lado de fora da calçada, como papai me ensinou.
Caminhamos oito quarteirões sem trocar um pio, machos dos oito aos oitenta torcendo o pescoço pra investigar os pernões da Lídia, que não passa recibo d’um único que seja, que aplomb. Se um dragão me olhasse cobiçoso na rua, juro que me desmanchava derretido feito as asas de Ícaro (nada haver, tudo bem, vou pensar numa outra imagem depois).
Chegamos ao Instituto, Lídia se perde no meio da multidão de alunos, faço um back-off discreto ao lado da portaria, tiro um cigarro, fico olhando o movimento. Seria supérfluo adir que sou um fudido mas ado mesmo assim. E Lídia sequer desconfia.
Passa um carro emperequetado sacolejando sob um rock a dois mil decibéis. Tenho um insight auto-iluminador sempre que testemunho um neandertal escutando rock. Não é à toa que eles têm aquelas caras de imbecibéis.
Hum-hum (limpando a garganta, solene), é de Fernando Pessoa o mais belo poema de amor da nossa língua.

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as maos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço

Claro, evidente e óbvio que aquela manhã levando Lídia pra escola sobe de elevador pra flor do meu cérebro e fica lá exalando seu perfume mortalmente mnemônico, nem imagino pra quê ou por quê. Deus certamente não tinha mais que fazer quando nos dotou desse tipo de “habilidade” (skill).
Pessoa escreveu esse poema sob Ricardo Reis. Os heterônimos do cara me torram o saco porque levantaram a bola pros profes explicadores da vida, que lhe escarafuncharam a alma até dizer chega. Em nome de quê? Da crença, logicamente, no futuro da espécie.
João Cabral não ia muito com a cara de Pessoa. Claro, Oi e Vivo.
“O que acontece é que ele tinha essas coisas geniais – sentir pensando e pensar sentindo – mas em tudo o que publicam aí com o nome dele, tem muita coisa que não interessa. Penso que Fernando Pessoa é um poeta extraordinário. Mas acho que, geralmente, lhe pegam pelos aspectos menos interessantes da sua obra. É seu excesso de subjetivismo que interessa aos brasileiros”.

What else Cabral podia dizer? Eles não admitem mas competem pra caráleo entre si. As ressalvas nesse comentário de Cabral não são suficientes pra desbaratinar a dor de cotovelo. Não dá pra encarar Pessoa. Por mais genial que Cabral tenha sido. E foi. Pessoa, infinitamente complexo, se expôs em suas plenas virtudes... e defeitos. “Excesso de subjetivismo” é apenas um dos mais maneiros. Sentimento demais pro cerebral bral Cabral, ultraparcimonioso em seus sintagmas hiper-enxutos de nordestino ressequido. Pessoa teceu vários poemas para Lídia, deste divino a outros constrangedores. Eis onde pega. Pessoa se entregava às suas personas e não dava lhufas se soaria ou deixaria de soar patético. Cabral era um sofredor da economia compulsória do agreste, evite passos, gestos, vocábulos supérfluos, a energia dispendida poderá fazer falta na miséria da caatinga. Fico cá imaginando a tonelada de poemas que o Cabral com “excesso de zelo” deve ter incinerado com vergonha dos próprios sentimentos. Só sei que é impossível ler um logo depois de ler o outro. Uma quarentena se impõe. Viver é foda. Não tanto quanto...

Depois de depois

Amanhã vou tirar sangue.
Amanhã bem cedinho, bem cedinho mesmo, vou tirar sangue.
Enquanto tirarem meu sangue, tentarei me concentrar numa lembrança. Uma das minhas. Uma das só minhas. Aquela em que nos tiravam da cama bem cedinho, bem cedinho mesmo, para tomar leite diretamente da teta da vaca.
Descíamos da casa para o curral levando na mão o copo cheio até a metade de açúcar cristal e nos botávamos a um canto aguardando as ordens do caboclo responsável pela ordenha.
E de repente o caboclo acena abrupto e corríamos solícitos e meio assustados com o braço avante e então a úbere esguichava generosa o néctar branco dentro do copo, que levávamos rápido à boca, disfarçando o desagrado inesperado.
Era tão grosso e gorduroso e fazíamos força para engolir.
Amanhã queria que existissem vampiros.
Que, sôfregos, espreitassem minha ordenha.
E disfarçassem o efeito indesejado do meu sangue grosso e poluído em suas sensibilíssimas glândulas salivares.