Eis que a noite vai se desmanchando em
luz e as árvores e os nichos dos telhados liberam suas pequenas estátuas emplumadas
que se atiram rumo ao céu em forma de aviõezinhos canoros e assanhados pela
gana de bater as asas a tricotar a rede de cânticos pontuados de pios e
assobios e por entre as nuvens em algum lugar atrás dos prédios fechos
iluminados orientam a escuridão pelo caminho rumo a seu retiro temporário e
no centro do palco, fora de sincronia com o passo das coisas do mundo, dissociado
dos sentidos, sou livre enfim.