Já vou avisando: posso
me estender até amanhã no assunto em pauta mas prometo cansar em poucos
minutos. Nem eu mesmo aguento mais tanto papo furado. Já passei da época de
inteleca de buteco.
Não, não será desta
vez que trataremos da diferença entre cocô de touro e bullshit. Se me
permitem, deixemos para uma próxima ocasião.
Na verdade (hmmm...) devia
ficar longe deste tipo de embromação. Dos oito bilhões de mamíferos bípedes no
mundo, pelo menos sete bilhões, novecentos e noventa e nove milhões são
embromadores, certamente não precisam de mais um. Mas aí é que está o busílis,
no pitoresco dizer dos nossos xarás lusitanos. Devemos sempre nos apresentar à
luta exatamente quando não somos necessários. Eis a lógica sobre que está
embasada a razão humana.
O acima posto, passemos
ao tema propriamente dito, i.e., punhetação para ser punhetação tem de ter pinta
de infinita. De preferência, o punhetador deve ser receptivo, de modo a
propiciar que outros punheteros acorram ao Grande Evento. Quando for caso,
deve contribuir para ajudar a punhetar também. (De minha parte, devo acrescer
que sou inveterado punhetero desde infante.)
Cabe desde agora uma
importante distinção entre punheta e punhetação: a primeira visa ao gozo; a
segunda não visa a porra nenhuma (aqui suplico que você me conceda seu judicioso
perdão pelo trocadilho espúrio. Foi sem querer, juro).
Por incrível que possa
parecer, os punheteros que engendram uma punhetação, se competentes – e os leitores
que perambulam pela rede em busca de substância (hmmm...) me parecem
competentíssimos nesse mister –, almejam apenas a punhetar. É como se caíssem
num estado hipnótico em que cumprem mecanicamente o movimento reciprocativo (ou
reciprocante, para os mais punhetiços): vaivém, vaivém, vaivém, vaivém, vaivém.
Ocasionalmente fazem um vemvai, vemvai, vemvai, vemvai mas tal fenômeno, como
querem linguistas e linguiceiros, não muda a essência do espírito da coisa.
Como é do saber
coletivo, uma punhetação se constitui de dois estágios de movimento: um em cima,
outro, em baixo. É o que definimos acima como reciprocativo. Mas tal
configuração não é necessariamente típica. O movimento pode ocorrer no padrão
em baixo-em baixo-em baixo, em cima-em cima-em cima, em cima-em baixo-no meio
ou outras variações do mesmo que certamente constam do Manual do Punhetero Profissional, editado pela Cia. das Letras em
1968 e que fez acachapante sucesso naquela magistral punhetação a que
punheteiros do mundo todo dão o nome de Flip e que tem lugar na colorida
aldeia de Parati. Quem estiver a fim de comprar o Manual basta visitar tempestivamente
o Litoral Norte do Estado de São Paulo. Se você for um dos autores, não precisa
ir – seu exemplar na certa já jaz (hmmm...) em sua estante na sala, ao lado da
sua tevê de cristal líquido de oito mil polegadas.
Considerando que
introduzimos acima o conceito da reciprocação e como se dá então a interação da
reciprocação com a punhetação com o fito da intensificação da intercomplicação com
a conturbação-alvo, faz-se mister adir uma outra característica duma punhetação
avã la letre: os palavrões técnicos, jargão ou aquela cacetada de sinônimos
outros.
Uma punhetação, para
ser boa (mas, note-se, não necessariamente gostosa; não há relação direta entre
o bombeamento mecânico do respectivo membro (hmmm...) e prazer; em geral tal
acionamento metametafísico limita-se a redundar ad eternum – ou, se preferirem, ad
infinitum – , e, ao que parece para quem olha de fora, o prazer reside na
própria infinitude do fenômeno da punheta-em-si, se é que me faço entender a
contento (será que devo fechar o parêntese aqui?)
Como dizíamos, acabamos
por perder o fio da meada, o que não deve ser motivo de preocupação para o
punhetífero leitor – perder o dito fio é outra propriedade precípua da boa
punhetação; para certos punheteiros constitui o fim mesmo da dita cuja, pois
assim poderão ficar procurando o supracitado ab irato; se acharem, o que no mais das vezes está simplesmente
fora de questão, tornam a perder o desgramado só para procurá-lo de novo, num
movimento pendular (ou será circular? agora me embananei, hehehe) que por sua
vez se converte numa nova punhetadeira indefinida para assim prosseguir ad astra num novo movimento em espiral
que para os de fora parece absolutamente insano mas que para os punhetistas anestesiados
da mais pura adrenalina soporífera consiste na razão própria do dasein heideggeriano.
Como está
cristalinamente claro a esta pouca altura, um dos macetes de toda boa punhetice
ontológica é repetir o movimento inicial que foi deflagrado a partir de uma
simples ideia para então se retro-alimentar ad
nauseum. Se a dita retro-alimentação puder ser minimamente camuflada para
dar ao público a impressão de que não, não se trata da mesma lenga-lenga ipsis litteris reproduzida em replay até
fazer o sono da Bela Adormecida parecer uma mera sesta de 5 minutos... Não,
esqueçam a última sentença. Punhetação que não soe como lenga-lenga
simplesmente escapa ao escopo da historicidade reflexológica da porra-além.
Bem, meus quase três
leitores, por ora paremos a bombinha safada por aqui, senão a geringonça
desanda até o fim dos tempos. Tudo bem, você pode alegar, literatura é pra
essas coisas. No que concordo. Amanhã bem cedinho antes do primeiro gole daremos
prosseguimento a esta embevecedora logorreia para acrescentar subtemas como Punhetação e Tempo, Entre a Punhetação Cósmica e o
Vazio do Copo e Punheto, sim, vai
encarar?.
Em suma, não se
esqueçam: entre uma boa educação e uma punhetação, vocês já sabem.
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