Expedição de descoberta a Portugal

Lá longe toca um roquinho vagabundo cantado em uma voz aveludada e metálica de criança velha.

Estou morto, penso, checando meus sentidos atento a novas diferenças sensoriais.

O chão estremece. Deve ser a raça de seres do espaço que vive debaixo da minha casa, me reconforto.

É engraçado estar morto. Será que Pavese também se sentiu assim?

Não devo brincar de forma tão frívola com a morte. É só mais uma das minhas obsessões mórbidas e vagabundas como esse roquinho longínquo, como a de qualquer marciano com fobia de elevador ou lugar alto. (Que engraçado.) Me lembro daquele médico português que insistia que Pessoa era um esquizofrênico com síndrome de múltiplas personalidades.

Tudo não passa de neuroses. Estou morto e espero não ressuscitar.

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