Meu outro ideal

Cliente ensandecido mata dentista a dentadas

Forjar uma escrita que não se denuncie forjada. Libertar a palavra de seu papel de mensageira para enfim lograr sua autonomia, concretizando o delírio de pureza absoluta do Apolo de Rilke. Extirpar de mim mesmo meu papel de atravessador para que meus sentidos sobrepujem meus sentimentos e possam finalmente ver-se refletidos no espelho d'água que os seduz ao irrecorrível mergulho. Só assim serei capaz de aprisionar o vulto do leitor em permanente espreita às minhas costas, senhor das minhas vontades e antecipador das minhas esquivas, zombando do meu vão esforço para me escrever.

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