None but the lonely heart

Duns tempos para cá motoristas deram de entrar em rodovias na contramão.

É um absurdo, claro. Põem em risco sua própria segurança e a de terceiros.

As autoridades precisam agir quanto antes.

Se nada for feito, os contraventores poderão contagiar o lado salubre da sociedade. Com o tempo (deus sabe quão longo, ou curto) o indesejável modismo poderia crescer, crescer, crescer, até surgir uma verdadeira horda de infratores.

Com mais tempo, se nenhuma providência for tomada ASAP, a maioria dos motoristas aderiria à moda e o resultado não seria outro senão uma transgressão generalizada. As mãos terminariam por se inverter, levando aqueles que obedecem a lei a violá-la a contragosto. Alguns chegariam a sentir-se no Japão, na Inglaterra, ou, cruzes, na Austrália. Outros mais sensíveis a mudanças na certa se veriam personagens dum romance de Kafka.

Mas, em que pese minha revolta pessoal ante tal descalabro, acho que no fundo compreendo esses  contramãozistas. Chego mesmo a invejá-los quando leio num jornal online que um mais atrevido rodou 10 km no sentido contrário do tráfego, até dar de cara com outro automóvel, se matando e levando consigo para o além uma família de recalcitrantes que ainda teimavam em reconhecer que acidentes ocorrem não apenas nos telejornais mas também em nosso mundinho particular.

Sim, acho que entendo esses pobres coitados e sua índole indisciplinada. Afinal sempre andei na contramão da vida. E para mim a desobediência e suas consequentes trombadas, colisões e traumas é tão natural quanto a luz da noite.

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