Pauliceia Desvairada Revisited

Agora sim. Novamente a nossa querida Paulicéia, mais desvairada do que nunca. Que saudade dos motoboys rasantes e suicidas rasgando as vias entupidas, chutando os espelhos, compondo a poesia da matina. Que saudade da neblina de enxofre flutuando de manhã no horizonte, quebrando a monotonia azul de um dia de outono. Que saudade dos ruídos estridentes salvando-nos do silêncio opressivo, da solidão da calma, do ruído horroroso dos pássaros da manhã. Que saudade das mesas na calçada, do fedor da rua Augusta libertando-nos da graça do perfume das flores e das refrescantes moças recém-empoadas. Que saudade dos arranha-céus de setenta e seis andares a livrar-nos desta horrorosa abóboda azulada. Vejo agora por que senti tanta falta desse delicioso monstro de cimento e gente derramado por sobre as colinas da longínqua, saudosa e idílica Piratininga.

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