O detetive cego e surdo


Começo
Não. Início.
Deixaram pegadas?
Por que não deixariam?
As pegadas levam aonde?
Aonde levariam?
Silêncio, por favor. Preciso me concentrar.
Ouço rastros.
Serão os mesmos?
Sempre são.
Uns se distanciam, uns se aproximam.
Vejo. Sim. Vejo que o autor ama.
Quem?
Bela pergunta.
Sim. Quem?
Basta amar alguém.
Silêncio, por favor.
Ele volta.
Ele avança.
Se recusando o presente.
Poderá ser qualquer um nesta sala?
Por que não?
Não sei. Parecem tão inamáveis.
Sim. Parecem. E são.
Que grotesca coisa de se dizer.
Se a tivesse dito aos meus doze anos.
A vítima não aprendeu a enxergar desde então.
Nem a escutar.
Cego e surdo e sentimental. Pobre de mim.

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