DEFINITIVAMENTE, não entendo internautas. Não entendo
membros de redes sociais. Não entendo blogueiros. Não entendo blogueiros que se
pensam e pretendem se mostrar sensíveis, poetas, portadores de visões
especialíssimas do mundo.
Não entendo qual lógica seguem. Sei que não é a minha e é
tudo que sei e saber algo que não é não é saber muito.
Espero que minha última frase acima os confunda.
Se pudesse, os atrairia para a beira dum precipício, ficaria
esperando que tivessem então um insight do mundo sensível perdido.
Não entendo, entre mil outras coisas, uma gente de índole
literária aliterária E antiliterária. Gente de ideologia literária que não toma
conhecimento da base, do fundo, da partida e do fim: a palavra.
Não entendo gente literária cuja palavra tem sua ortografia
violentada, seu lugar ignorado, sua ordem trocada, seu significado desprezado,
sua sacralidade aviltada.
Não entendo gente literária em que a complexidade da
sensibilidade artística é contrabandeada pelo fascínio da conectividade que
pede urgente uma teclada mecânica como resposta mecânica a uma postagem
mecânica cujo conteúdo introspectivo, reflexivo é nulo.
Não entendo gente literária em que uma postagem de boa
vizinhança é enviada apenas para suscitar outra postagem de agradecimento e a
seguinte para provocar uma outra numa circularidade que se autoalimenta do
impulso clicatório, gerando no pobre internauta uma eterna ansiedade pela
próxima réplica.
Não entendo gente literária digital em que o digital é tudo
e o literário é nada.
Não entendo gente literária que adora escritores e poetas
por sua fama e não por suas obras e ideias, na mais decepcionanante rendição ao
mais grotesco culto à celebridade dos fofoqueiros da tevê.
DEFINITIVAMENTE, não entendo internautas literatos e sua
estranha concepção de que literatura é só mais uma desculpa para concretizar a
"experiência" digital.
Os internautas fazem, certamente, parte do mundo da palavra
abolida. São ágrafos sob o domínio de uma hipnose eletrônica.
Literatura é palavra e palavra é pensamento. As microsofts
ainda não inventaram um sucedâneo.
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