Onde estão todos?

Não se angustie.

Todos estão onde todos estão.

(Que é que você acha de eu encerrar esta postagem exatamente aqui? Se o fizesse, você ficaria sem entendê-la mas eu, em contrapartida, faria alta literatura, embora para consumo estritamente pessoal, e, de minha parte, estaríamos conversados e, de sua parte, seu olhar buscaria rapidamente uma base, mas, você sabe, um escritor, grande ou pequeno, não deve se preocupar com a parte alheia. Na literatura, o problema do leitor sempre será do leitor.)

Naquela minha épica era de garoto solitário, todos estavam no salãozinho de reuniões do conjunto de casas e eu estava somewhere alhures somehow conversando comigo mesmo tentando abraçar essa imensa solidão que nunca coube em mim e encostar os dedos das duas mãos do outro lado, negociar, ver se ela, por uns momentos que fosse, podia me aceitar como digno de misericórdia, me dar uma trégua assim de colher de chá, que mal podia haver? eu não era tão ruim que não merecesse uns minutinhos de alívio, mesmo na farta escuridão da rua, longe do salãozinho de reuniões onde todos sempre estavam e não poderiam estar senão ali.

Todos continuam onde sempre estiveram e ainda assim continuo me surpreendendo que todos sejam e tudo seja assim.

Eu também.

Meus braços continuam enlaçados na ampla pança deste mostrengo da minha solidão e continuo a tentar que as pontas dos meus dedinhos se encostem do outro lado.

Posso, como sempre, ouvir seu coração palpitar. Sentir seu cheiro de suor. Ouvir seu hálito entrando e saindo por sobre meus cabelos.

Fomos feitos um para o outro.

Eu, para a minha solidão. Minha solidão para...

Oh não.

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