Blogando 0058

Esta postagem é especialmente para você que tem um poeta em casa.

Você que tem um poeta em casa, bem, você já deve saber a esta altura.

Duvido que haja no mundo alguém que tenha um poeta em casa sem ter descoberto desde o primeiro momento que tinha um poeta em casa.

Espero que você saiba que momento foi esse.

E espero que a partir de então você venha tratando o poeta que tem em casa como todo poeta deve ser tratado.

Não.

Você sabe.

E sei que sabe.

Não existe um método específico para o trato de poetas caseiros.

Cá entre nós, com perdão da intimidade, cada poeta tem dentro dele um mundo que não existe em nenhum outro lugar.

Não preciso lhe dizer, naturalmente.

Você, tendo um poeta em casa, descobriu desde o primeiro momento em que descobriu que tinha um poeta em casa.

Pois é, ter um poeta em casa é assim.

As coisas ficam meio... hmm... circulares?

Uma circularidade reta, você diria?

Uma circularidade que ofende a matemática do mundo, você diria?

Aí tendo a concordar.

Sim.

Ter um poeta em casa.

Jesus christ.

Um poeta em casa.

Que dádiva.

Que tragédia.

Eu não queria estar no teu lugar.

A deliciosa catástrofe de toda manhã.

Quem outro lha poderia dar?

Quem outro dela lhe poderia poupar?

Você sabe — e sei muito bem que você sabe — que um poeta em casa, disponível 12 horas por dia, disponível 12 horas por noite, significa poder se entregar cegamente a uma valsa de Strauss...

...até que a próxima palavra nunca mais se apresente atrá da fila.

Que inveja tenho dos que têm um poeta em casa.

Queria um pra mim.

Não precisava ser só pra mim.

Podia apenas garantir que cada instante, oh God! cada instante não fosse igual ao outro.

Me bastaria.

Nós os que não temos um poeta em casa pedimos tão pouco.

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