No big new deal

Tudo se resume a viver trancafiado nesta jaula, mesmo escutando Bach, olhos sempre grudados nos olhos da pantera.

Um comentário:

  1. Esta vou ter de explicar.

    Cá estou belo, belo a escutar a Toccata em ré menor. Tudo em mim, eu todinho, tudo em volta é aquela clarividência de que Beethoven nasceu sob a égide dessa tocata. Estou bem atrás do organista, não consigo enxergar os olhos dele. Vejo apenas seus braços a se mover em consonância com os acordes, a cabeça imóvel feito um rochedo na mais alta montanha de Marte, o torso petrificado qual o duma estátua.

    Você sdabe que a Toccata em ré menor foi escolhida por João Sebastião como Repositório de Todas as Peripécias Infantis e Além.

    Então o organista gira ligeiramente a cabeçorra para o lado e vejo: é o diabo. Não, não o diabo como interjeição. É o diabo no duro, aquele do substantivo.

    Aperto as pálpebras, olho de novo. Não apenas é o diabo, e sim dois. Agora são dois diabos.

    Repito o gesto. Aperto os olhos, reabro. Três.

    E quatro. E cinco, seis, sete...

    Um novo a cada acorde.

    Entrementes, a pantera sentada bem ao meu lado como sempre, simplesmente me olha, indiferente às peripécias de JS, indiferente às minhas próprias diabruras.

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