Mãos ao alto

Não quero mais debochar dos otimistas, não vou mais debochar dos otimistas, daqui em diante deixo de racionalizar sobre a mecânica da vida, minha tão íntima querida, minha namorada e confidente desde meu primeiro dia nesta terra.

(Okay, os otimistas dirão que em outras também, então tudo bem, em outras também.)

Há no mundo uma energia que faz de nós humanos seres especiais e, sim, essa energia é azul.

(Vou me abster de especificar que é, provavelmente, um azul-omo-que-lava-mais-branco. Esta postagem não deve ser debochada nem irônica. Fiz 15 minutos de iôga com circunflexo no ô antes de começar a a escrever.)

A azul energia da vida se estende diante dos meus olhos fixos na parede, acho-me extático. Se os vizinhos não fossem tão suscetíveis a demonstrações emotivas, passaria a noite aos berros, juro.

O único problema é que não sei para onde evoluir daqui. Devo imaginar energias de outras cores do espectro? Falar de anjos (anjos com suaves túnicas recém-passadas a ferro a carvão (não, não vou invocar minha infância, sim, tenho meus pudores))? Lembro vagamente que o arco-íris é um dos mais belo fenômenos químicos da natureza, conjecturo, meneio, sinto a boca seca.

A energia da vida prossegue lá fora à minha revelia, cor de anil. Uma outra, esta associativa, a funde com o céu. (Se não tomar cuidado, logo terei de lidar com estrelas (mas sei que vomitaria antes)).

A solidão, você aí fora, de que cor você acha que é a solidão?

Roxa como as sandálias que minha irmã tentou usar em 1967 mas foi impedida por meu pai e minha outra irmã mais velha, ciosos da reputação da família?

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