Registro diário

Você nasceu sob o princípio do "um pouco de modéstia e humildade", sei.

Quem neste país não?

Viemos (viemos?) dos portugueses, dos índios, dos africanos, não viemos? Que mais podíamos esperar?

Somos então modestos e humildes e assim aceitamos de bom grado que os poderosos de direita e os poderosos de esquerda nos botem em nossos tão ciosos rabicós.

E, ao contrário dos porcos e das cabras, não emitimos sequer um méééé.

Bem, dona Maria, bom, seu Zé, o que posso lhe afiançar no momento é que não tenho por que ser modesto ou humilde. Até queria elaborar a respeito mas certamente soaria ainda mais imodesto e jactancioso, o que neste país de humildes e modestos é, claro,  pecado. Devemos todos ser cordiais e cordatos, como nos ensinaram na escola. E hoje nos ensinaram na tevê.

Afora o retrorreferido, gostaria ainda de intelectualizar, talvez falar de literatura, falar de literatura usando o intelecto. 

(FAZER literatura sem usar o dito-cujo é bem possível. Em muito casos, aconselhável. Pena que esse assunto nunca poderia render mais de 3 leituras neste blog.)

Os leitores deste e de qualquer outro blog da internet ou da galáxia querem é espairecer, bien sûr. Se podemos, por que não curtir uma onda, não é mesmo?

A vida lá fora é uma pedreira. Relaxemos, moçada. E esse papo de levar literatura a sério é tão maçante.

Não sejamos bilhões de blogueiros correndo feito bobos atrás dum fogo fátuo. (Que porra é essa?)

Aceitemos a alegoria da fruição, desempenhemos em estado de deleite o papel que nos cabe.

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