Àquela que hoje cedo me pediu um instantâneo
Os peões da obra em frente descarregam sacos de
areia dum caminhão enquanto o corretor de imóveis anda de cima abaixo na
calçada falando ao celular.
Rex, o cachorro pertencente a um dos peões, se
encarapita num dos sacos de areia na carroceria do caminhão e lá de cima
observa o trânsito das pessoas e dos carros.
Um casal caminha a partir da esquina de baixo rumo
à outra esquina onde fica a padaria; o homem alguns passos à frente, a mulher
atrás segurando dois cães numa guia vermelha ou cor de laranja. Os cães são de
raças distintas.
Diante do edifício de alto padrão, um segurança
ergue o walkie-talkie até a orelha e cochicha algo enquanto um automóvel embica
na entrada da garagem e aguarda a abertura do portão.
O skatista duas ou três casas vizinhas à esquerda
se recosta na parede e fuma e observa o trânsito dos carros e das pessoas
subindo e descendo a rua.
Mais adiante, o sujeito que abriu uma oficina e/ou
revenda de eletrodomésticos estaciona a camionete em frente à revenda e/ou
oficina, desce, vai até a caçamba do veículo, apanha uma caixa de papelão e
espera a passagem dum senhor grisalho que caminha ao lado dum cão sem guia.
Na calçada do edifício ao lado do primeiro um
carrinho carregado de sacos pretos de lixo é empurrado por um faxineiro e
puxado por outro em direção a um suporte feito de barras de ferro destinado a
armazenar sacos de lixo enquanto o caminhão da coleta não passa.
Na casa do outro lado da rua uma senhora de idade
avançada abre o portão de alumínio, sai, volta-se para trancar o cadeado e
volta-se para a rua e para e olha uma vez para a esquerda e uma vez para a
direita, se decidindo que rumo tomar.
Alguns metros no sentido oposto três frentistas do
posto de gasolina estão postados próximos à calçadas, olhando o movimento na
avenida. Dois cruzam os braços e o terceiro segura um pano de estopa numa das
mãos. Um carro entra e se detém diante duma das bombas de combustível e o
frentista da estopa sai em sua direção. Em frente ao posto, ainda na avenida,
um caminhão tenta entrar à esquerda na contramão e vários veículos que vêm
atrás disparam suas buzinas. Cada qual num diapasão diferente.
O sujeito que mora algumas casas do outro lado abre
o portão da garagem de sua casa e torna desaparecer dentro da garagem e quando
reaparece está trazendo sua moto até a sarjeta. Repousa a moto no pedal de
descanso, volta, tranca o portão, volta para a moto, monta, dá a partida e sai
rumo ao posto e para diante duma bomba de combustível, sendo atendido por um
dos frentistas que estavam de braços cruzados.
Oito e quarenta e oito.
No posto, o motoqueiro dá nova partida, sai e desce
a avenida enquanto o outro veículo que abastecia a sobe. Os frentistas
reassumem suas posições originais, mais ou menos nos mesmos pontos em que
estavam, apenas um cruzando os braços desta vez. O caminhão completa sua
manobra de entrada na contramão e alguns veículos que tinham parado atrás
arrancam guinchando os pneus, cada qual num diapasão, acompanhado duma carreira
de palavrões proferidos no ar. A senhora que saiu de casa toma sua decisão e
caminha para a esquerda com seus passinhos curtos e trôpegos. Ao lado de sua
casa, os dois faxineiros terminam de depositar os sacos de lixo na lixeira. Na
outra calçada, o senhor grisalho que caminha ao lado dum cão sem guia passa e o
sujeito que abriu uma oficina e/ou revenda de eletrodomésticos entra no
estabelecimento. O skatista comprime a bituca do cigarro entre o polegar e o
dedo médio duma das mãos e, c'um piparote, lança a bituca no meio da rua.
Caminha até a guia, solta seu skate no asfalto e sai deslizando rua abaixo.
Diante do edifício de alto padrão, o segurança baixa o walkie-talkie e observa
enquanto o automóvel que tinha embicado na entrada da garagem atravessa o
portão. O casal constituído dum homem a caminhar alguns passos à frente da
mulher que segura dois cães numa guia vermelha ou cor de laranja chega à
esquina e para, aguardando um brecha no trânsito para cruzar a avenida. Na obra
em frente, um peão enxota Rex, que salta do alto do caminhão carregado de sacos
de areia para a calçada, onde se deita novamente e prossegue em sua rotina de
observar o trânsito das pessoas e dos carros. Os peões estão quase terminando
de descarregar os sacos de areia. O corretor de imóveis encerra sua conversa ao
celular e enfia o aparelho no bolso direito das calças.
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