Precisamos
fugir
Primeiro, da
língua
Depois, de seu fantasma
Insepulto
Escrever sem aspas, eis
minha promessa de ano-novo.
Abrir aspas eu sei, eu não
sei é fechar.
Fechar parênteses eu sei,
eu não sei é abrir.
Sempre vivi entre aspas.
É engraçado.
Em negrito. Me embandeirando
ostensivamente.
Em itálico, sendo eu
mesmo assumidamente.
E assim me vejo, assim cercado
um sujeito a se carregar
aonde quer que vá
a ser o que é
o que quer que seja
Boa noite, eu disse?
Quer dizer que ainda
estou aqui
A reverberar desde aquele
catorze de dezembro
Lá fora, lá embaixo, lá
no fundo
Tentando a inconsciência
da sua presença no mundo?
Veja como nós humanos
somos estranhos.
Entrementes a vida
corria em outro lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário