Algemas de cebola

Aqui estou
Quebrando a cabeça
Procurando o que escrever
Mesmo sabendo que a escrita não se acha nem se perde
É esconde-esconde que jogamos pensando que não estamos sós
De tanto me ver humilhado pela palavra
Tinha prometido, nunca mais
Me dirigir a ti
Hei de tratar de ti
Sequer admitirei que existes
Salvo para a última pergunta:
Para que fim queres tamanho boneco de pano
Quando tens reis e presidentes em tuas mãos
Sendo tuas as estrelas e o brilho de cada estrela no universo?
Teu desejo é que te confesse
“Não te compreendo”
Não, senhora
Te compreendo
Te compreendo muito bem
És minha ama
Esperavas minha súplica por alforria
Esquece
Sou teu escravo
Macaco de auditório
Capacho
Orgulhamente