Enquanto olho a foto duma dançarina de tango

Ah, disciplina que me dá gana de ser um MacBeth e empunhar minha espada e decepar a cabeça de cada inimigo com que este mundo infame me brindou.
Que venham os imaginários.
Que ataquem os reais.
Não terei misericórdia neste instante e perpetrarei a Grande Vingança que fui concebido para perpetrar.
Não tenho mais cruel inimigo que a disciplina. Não sei me subjugar a ela, não sei me entregar. Todos à minha volta são seus escravos, menos eu. Por isso os desprezo, por isso a idolatro.
Sei a compreender, quando quero. Mas é tão raramente que a compreendo, que de fato nunca a compreendo. E quando a compreendo, não vale mais a pena, não faz mais sentido.
Pois a compreensão me dá vontade de extinguir e dizimar, dizimar e extinguir, não importa em que ordem, me lixo para a ordem.
A ordem, ó a ordem, que medonho ser da família desses seres que não fui feito para aceitar. Por que cargas d’água o tsunami dos tsunamis não cresce à altura das nuvens lá no meio do oceano e vem aos estrondos e às borbulhas e aos roncos e murmúrios, com a ferocidade do armagedão, derrubar cada um dos pinos da civilização num strike definitivo, levando para o inferno, de lambuja, cada um dos sonhos dos amantes?
Ah Estirpe do Bem e sua odiosa ditadura ilimitada dos Boas-Praças e sua Índole Bondosa e seu Sorriso Fraternal e seu Éden de Benfazejos Caralhos e Bucetas Perfumadas com Antisséptico Johnsons.
Venham! Moços eternamente bons, tragam pela mão sua moças para sempre virgens, vamos nos reunir nesta noite fria toldada por nuvens de chumbo, celebremos o Império do Otimismo e da Boa-Vontade, rendamos boas-vindas a todas as críticas, contanto que sejam Construtivas.

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