Estou
relendo meus poetas ferozmente
Sou
leitor de poesia
Sou
um sujeito feroz que lê poesia ferozmente
Não
posso admitir que o tigre esteja em extinção
O
tigre sou eu
Não
posso conceber que tenham confinado a pantera de Rilke
Éramos
nós a pantera
NÃO
PENSEM QUE MESMO TRANCAFIADO
MEU
CORAÇÃO DEIXA DE SER SELVAGEM
Estou
relendo Frederick Seidel ferozmente
A
alardeada ferocidade de Fred é um pirulito de chocolate perto da minha
Você,
óbvia, patente, lógica, naturalmente está a se perguntar por que sou tão feroz
assim
E,
como hoje estou feroz além do nível de ferocidade intolerável em que vivo
normalmente, vou lhe responder:
Não
sou feroz coisa nenhuma
Não
sou feroz porra nenhuma
Um
poodle sendo afogado no banho num petshop é mais feroz que eu
Posso
aproveitar estas lastimáveis metáforas e mastigar mais um pouco pra você que se
pela de pavor dos ferozes e sua ferocidade
Sou
eu o poodle com o rabo enfiado entre as pernas
Reler
Frederick Seidel ferozmente é melhor que qualquer outra coisa
Melhor
que este enfado tumular enquanto tampo os ouvidos ouvindo Piazzola e seu Adiós
Nonino que nunca desiste
Melhor
que este perfume que não sinto há tantos anos
Em
vez de feroz, hoje sou fera espantada
O
tremor das pernas e o terror dos olhares dos carneiros finalmente me coopta
Me
tornei um carneiro feroz
Tentando
aprender como grunhir meu balido
Nenhum comentário:
Postar um comentário