Well, meus quase etc sabem que têm em mim
um ser que se orienta e se inspira pela nostalgia e finalmente tive
oportunidade de, ugh, eca, resgatar algumas das antológicas comus que criei na
orkut. As amenas estão aqui; outras, mais agressivas e ofensivas e mórbidas e cândidas
e absolutamente anti-PC, resolvi, desobedecendo meus próprios princípios de
sujeito sem princípios, deixar de fora para não perder o pouquíssimo que me
sobrou do meu leitorado (favor rir em castelhano, ja ja ja ja ja ja ja).
Fiz um esforcinho extra para incluir em
cada descrição a foto ilustrativa da comu, pena que me faltou força para
reproduzir os respectivos participantes e fóruns e tópicos e respostas, cada
qual igualmente antológico, e os impagáveis diálogos em que jogava meu tempo
fora naqueles saudosos idos de 2007-2011. Como já lhes contei 382 vezes, criei
na orkut uma centena e meia de personas que cobriam virtualmente todo o
espectro ontológico da nossa pobre raça humana, desde o mais patético dos
mendigos até o mais sobranceiro dos aptos ao bem-estar e à felicidade, cada uma
delas retratando eu mesmo e meu tio Euclides, só para produzir a mais fenomenal
esbórnia digital de que este recém criado mundinho virtual já teve notícia. Desafortunadamente
o Google fez paçoquinha do meu pequeno zoológico particular. E é de se lamentar
ainda que na época, salvante dois ou três cristãos dotados dum grãozinho mais
de bom-humor, ninguém tenha entrado na brincadeira. Pois, como sempre digo,
essa gente toda está preocupada demais em viver. O que geralmente se mostra
letal para a nossa capacidade de rir.
E era exatamente a brincadeira – ou, para
os pernósticos, o espírito lúdico – que me animava a criar e manter perfis na
orkut. Vocês sabem, claro, eu não levaria essa porcaria de “rede social” a
sério. Nunca acreditei no “tudo pelo social” de sarney e do lulla. A orkut, não
sei bem por que, admitia alguma algazarra com a facilidade de criar fakes e os
fóruns de discussão, raríssimos, alguns, podiam ser interessantes se você
calhava de encontrar um ou outro fugitivo do sistemão dos robôs massacrados
pela indústria cultural. A questão sempre foi, desde Huxley, cultivar uma
Reserva dos Selvagens. O face, que não comporta sequer que o chame no feminino
como gosto de fazer, pois sou, sempre fui e sempre serei, até um dia qualquer neste
annus horribilis de 2016, do contra, tendo sido, até onde a vista alcança, o
único orkutiano a chamar a geringonça de mulher, tomou tamanha importância e
ocupou tanto espaço nas vidas dos robôs, que nem brincar permite. Mão na luva
pra quem nunca foi muito afeito a. os robôs brincam, admita-se, mas só com o
supérfluo, o dispensável, quando o gostoso é exatamente brincar com o
essencial, o que é grave, brincar quando as consequências podem ser graves.
Os facebookianos, quase todos, se
tornaram felizes proprietários de perfis sisudos e ao mesmo tempo frívolos e
cuidam de suas fotos, suas mensagens e seus “contatos” da mesma forma com que
protegem seus pertences e suas propriedades aqui fora. Mexer com essa gente é
receber de volta o gelo da indiferença. Ou da mediocridade. Eles vieram para
tomar parte na Hiperbólica Praça da Igreja Digital, onde são encorajados a
fazer o que todo mundo e seu papagaio mais adoram fazer: jogar conversa fora. E
talvez saibam, um ou outro, que esse é o método mais eficaz e mais rápido de se
anestesiar, se anestesiar em todos os sentidos importantes, até se converter em
robôs inócuos perante o sistemão. Tão aí as manifestações pelo afastamento da
Anta que vão se tornando mais e mais pífias. Milhões e milhões de manés nas
praias a fazer o que sempre fizeram, tomar um bronzeado e encher a cara, ao
passo que os protestos contra a Infâmia Lullopetista reúne meia dúzia de bidus.
Os sabichões explicadores estavam crentes que na era da internet movimentos sóciodigitais
se ergueriam espontaneamente pelos fóruns online afora e, não tutelados por
partidos ou por safados profissionais, revolucionariam a prática política.
Pfui. Não enquanto houver uma gota de antártica estupidamente gelada.
Os facebookianos estão ali para reproduzir
em seus nobres perfis suas vidinhas vazias. A “rede social” é apenas uma
extensão deste mundinho feito de obrigações e deveres. Levaram para seu dia a
dia digital a mesma circunspeção, a mesma caretice com que lidam com o mundo de
verdade. Essa severidade, naturalmente, me deixou desconcertado logo no
primeiro dia em que cliquei meu mouse num link. Sou um destruidor – no bom, no
mau, no sentido que aprouver ao freguês e à freguesa – e tenho por princípio, e
hábito, botar pra gemer o que quer que necessite desmoronar à minha volta. E,
óbvio, o ambiente virtual, sendo um ente abstrato, uma metáfora da vida concreta,
pede, roga, suplica por um belo pontapé que o desfaça em inumeráveis bits e
bytes, suas mais diminutas moléculas, só para ser reconstruído ao infinito re
re reciclicamente. Eis nossa Cruz neste nosso novo Calvário. Adoro lascar
pontapés. E botinadas. E caneladas. Em (grande) parte continuo o potro xucro
que fui na última encarnação.
A sra. Suely Babidou bota reparo nessa
minha mania de volta e meia falar da orkut, okay, sou obsessivo, muuuuito
obsessivo, tenho até hoje bronca do Ivã que me dava olé nas peladas na vilinha
perto de casa lá nos cafundós dos meus 9 carnavaizinhos, mas na orkut eu era
bidu. Como disse alhures (q.v.), uma “rede
social” era a oportunidade de ouro para botar em prática os exorbitantes experimentos
psicoartísticos de Fernando Pessoa e tantos outros poetas e eu não ia deixar
escapar.
Well again, um dos produtos do meu exorbitante experimento
psicoartístico está aí abaixo. Guardei também no meu disco rígido enferrujado
muitos do fakes que criei e espero ressuscitá-los por aqui qualquer hora, se a
químio e a rádio que inicio na segunda, 4 de janeiro, não fizerem picadinho
deste meu corpinho que já tá mais que moído rugindo pelo repouso restaurador
que só poderá ser o final. Se minhas comus brincavam com a vidinha séria dos
robôs e nisso raiavam a arte, minhas personas eram de esbranquiçar as escleróticas
e dilatar as pupilas. Fui, claro, notado, como todo poeta que se preze, por
meia dúzia de gatos bidus, o que dá pro gasto. Não custa repetir, se me
conformasse em ir atrás do que todo mundo vai teria seguido minha carreira de
jornalista. Re-parodiando Piva, se vencer, é porque fiz alguma coisa de errado.
Entre a meia dúzia de bidus online que me
deram um fio de esperança na humanidade estavam o sr. Alexandre Nobidu, causídico
que conheci na comu Fora Lula acho que em 2007 e que tentou me fazer seu amigo
de infância a golpes de presentinhos trazidos da Livraria Cultura na Paulista
por um motoboy, deixados semanalmente na porta de casa ainda em Sanca. Mallufista
de primeira hora – malluf perto de lulla é um casto; ladrões como o turco
querem apenas se dar bem; bandidos como o nove-dedos querem botar todo um país sob
o tacão de seu partido stalinista – Alex me chamava “nosso Voltaire” e moveu
bidu e etc para criar um vínculo razoavelmente sólido com este vosso vil
vassalo. Ficou meio decepcionado quando se deu conta de que em pessoa sou o
oposto do que pareço na escrita, i.e., ensimesmado, monossilábico, silencioso,
quase mudo, embora tão hostil quanto. No fim o tal vínculo esgarçou após três
ou quatro meses de relacionamento, o que é deveras infindo para os meus
padrões. Frequentou minha casa algumas vezes, o que não só espanta como assusta.
Esperto como todo advogado, quebrava minha resistência me trazendo
indefectivelmente uma bela garrafa de Balla 12, hoje me faz chorar de
nostalgia. Escrevi sobre Alex em meu outro blog, Delenda PT. Cara, dá um plá aí
qualquer hora. Sei que a esta altura não tem nada a ver mas um oizinho não vai
(me) matar.
Ainda na Fora Lula entabulei ligações cuma
senhorita e uma senhora, ambas amigas do Alex. A primeira atendia pelo nome de Bruna
Pattiê e alimentava, ou clamava alimentar, alguns anseios literários e ensaiava
à época os primeiros passos fora do armário e a princípio veio pra cima de mim
fazendo um farol de rainha do fã-clube que nunca quis ter para depois se
revelar em toda a sem-gracice dos interesseiros, sendo logo despachada para o cafundório
do olvido. A segunda, que na orkut se apresentava sob a alcunha Marcia Lucrecia
(o que essa gente tem contra assentos (sic),
só bidu etc), era uma dona colericamente antipetista e contra qualquer coisa
que remotamente cheirasse a stalinismo, sentimento que de certo comungamos até
hoje, só que Marcia Lucrecia provavelmente deixou de me ler há vários anos
quando passei a assestar minha mira para um campo de visão mais amplo de modo a
cobrir não só alvos vermelhos mas também certos tipos aí na imprensa e na rede que
só fazem onda com o fito da autopromoção tal como o faroleiro Diogo Mainardi. Considerando
que para Marcia Lucrecia o mundo se reduz ao branco e preto do mais grosseiro
maniqueísmo, nunca mais vi o ar de sua graça. Outra vez, ideologia é uma merda.
Mas nem tudo foi sangue e lágrimas em
minha breve porém tumultuosa existência digital. Ao longo desses anos pude
travar conhecimento com pessoas que valem a pena, entre as quais brilha a
supracitada Suely Babidou, leitora minha das mais assíduas. Vocês de certo
sabem, pessoas que valem a pena não estão dando sopa por aí, seja no mundo
real, seja no virtual, e Suely faz parte das poucas relações digitais duradouras
que mantenho, cabendo inteiramente a ela o crédito pela nossa relativamente
longa amizade. Como podem imaginar, Suely me trata mil vezes melhor do que eu a
ela e sempre que abro minha caixa postal no Fastmail me revigora a cálida,
débil chama que tenho no lugar do espírito avistar no alto da lista de
recadinhos seu nome em negrito. E ao mesmo tempo me admira que ainda não tenha
desistido de mim. You know, sou um sujeito extremamente fácil de desistir de. O
que me desconcerta acima de tudo é sua docilidade, meiguice mesmo, com relação
a este vosso vão violeiro, considerando que dona Suely, sendo profe de
matemática, na certa é, e foi, carrasca de gerações e gerações de alunos
burrinhos que, tal qual este vosso bidu, padecem dessa misteriosa fraqueza
intelectual a que denomino algarismofobia. Posso testemunhar que em minha época
de pequeno asno de uniforme – calças de tergal pretas, camisa de algodão branca
– no extinto Instituto de Ensino de Sanca sofri os mais mortificantes suplícios
nas garras da famigerada dona Lurdinha e sua carranca de Álgebra dos Infernos
que até hoje me faz acordar no meio da noite encharcado de suor, torturado por
pesadelos em que um sinistro teorema pintalgado de equações se prepara para
penetrar meu virginal rabinho com a mais medonha das bissetrizes. Até hoje
espero a chegada dum anjo que se digne a me explicar em algum detalhe a
serventia da matemática. Na qual só acreditarei quando inventarem uma
kaipiroska trigonométrica.
Deixei para o final do capítulo Suely
Babidou o dado mais importante – e estarrecedor – dessa mulher que sempre me
trata com o mais afável dos sorrisos mas que esconde dos olhos alheios o mais
hediondo dos segredos. Sim, vocês provavelmente já adivinharam. Sim, não tenho
como negar! Essa dona, além de terrível profe de matemática viciada em torturar
fedelhos com ângulos e geometrias de todas as possibilidades, é... é... Ah como
custa encarar a tragédia quando esta se abate sobre alguém que amamos... A
profe Suely é... petista! Não no raso, onde os que com ela convivem jamais
desconfiariam, e sim... no fundo, bem lá em baixo, longe os olhos sensatos de
seu marido, seus amantes, suas filhas (bem lindinhas, por sinal)... quase como
se professasse uma vida dupla! E, mais que o mercúrio do miolo da melancia,
dona Suely é petista da cor do hematoma! Babidou já leu as orelhas de todos os
livros de Marilena Chauí! (Até se apresentou para prestar serviços de pesquisa
de campo para a próxima obra culinária da ilibada filósofa uspiniana, que será
lançada ainda este ano pela Cia. das Letras com o título Mil tipos de acepipes de mortandela no palitinho para manifestantes em
defesa da Anta, digo, Crânia. Concomitantemente, Suely vem há anos
trabalhando no livro que de certo irá consolidar de vez as bases teóricas do
Neofeminismo Leninista do Século 21 e que virá à estampa intitulado Como a Mecânica Quântica pode auxiliar as
mulheres do MST nas invasões e na destruição de laboratórios de melhoramento
genético de multinacionais, com prefácio de Caetano e Chico e introdução de
Paulo Betti. Nas horas vagas a profe contribui para a causa lullopetista
coordenando o Harém de Trezentas e Oitenta Escravas Sexuais a serviço do Grande
Torneiro de Mindinho Decepado, que faz plantão permanente na sede do instituto
lulla no Ipiranga angu gugu.
Nem carece dizer, meus caros três
leitores e meio. Sim, eu também me pergunto às vezes como posso manter em meu
círculo de amizades pessoa tão malévola. O que posso lhes responder é o
seguinte: não faço a mínima ideia. Quero crer que a culpa resida nesta minha
índole dionisíaca, que mede as pessoas não pelo intelecto e sim pelo veludo cotelê
do coração. Só me cabe me conformar e repetir papagaiamente: o que importa é o
amor.
E como desgraça etc é parágrafo, cumpre-me
informar aos meus à esta altura estarrecidos quase dois leitores e meio que Suely
Babidou não é a única esquerdista dentre as mulheres que conheci na rede. Algumas
outras também se deixaram arrebatar por essa ideologia que prega a supremacia
da igualdade social contra o indivíduo, o que, pulula aos olhos de quem tem
mais de oito neurônios, está fadado ao mais rotundo fracasso. Entre essas, mencionarei
apenas as dignas de nota: a dra. Sheila Tobiddu e a srta. Pamela Kenne. Mas detalhes
sobre elas darei mais tarde. Agora quero explicar por que em minhas andanças
pelos becos sem saída da net cruzei com tantas e tão variadas donzelas em busca
dum príncipe dois pontos.
Que não sou fácil, o digam a penca de
musas que desencavei ao longo desses anos todos de peripécias cibernéticas. Tudo
culpa das próprias, por certo. Achava-me aqui encolhidinho e quieto neste meu
canto miudinho, de repente zás! lá se ia meu coração sempre se dissolvendo em manteiga
arrebatado por uma insidiosa vilã a aguardar nas obscuras quebradas da net a
passagem de mais um incauto em busca de alento e um pouco de frisson –
confesso, me alimento de emoções. E lá ia o pobrezinho – eu em pessoa – a se
derreter em fios e rios de paixão por mais uma miragem eletroeletrônica.
Foram umas dezenas de senhoritas e
senhoras, todas belas, inteligentes, encantadoras. Algumas vieram e passaram
fugazes e fátuas qual um vislumbre do luar refletido na vidraça da janela numa
noite de inverno. Dessas, não preservei praticamente nada, um semblante
fugidio, uma característica mais marcante, um traço da personalidade, nem
sequer o nome.
Veronica também Sem Assento foi a primeira
a deixar seu perfume inextinguível a me orientar rumo ao meu irrecorrível
destino longe de mim pelos caminhos por onde perambulo. Quando a conheci, na
comu Inteligência é afrodisíaco –
aonde eu fora parar no encalço da desmiolada lituana Deborah Mabbidu, que ficou
obcecada por mim e começou a me perseguir por tudo que era canto digital;
conseguiu até descolar meu telefone, me importunando estupidamente –, Veronica
acabara de sair da adolescência e ainda guardava traços angelicais no rostinho
pueril. Me chamava de “meu cãozinho”, me fazendo ganir baixinho uns versinhos
miudinhos e sentimentalóides e rogar por seu róseo colo e dádivas outras. Até
que um dia, zupt! Veronica Sem Assento se transformou num deslumbre, numa
mulher exuberantemente bela e comecei a chamá-la cafonerrimamente de “a dona mais
gostosa da orkut”, até que um dia, vapt! Veronica Sem Assento tomou chá de
sumiço, me deixando apenas seu farto cabelo cor de ouro estampado na chapa de
assar miragens que tenho algures debaixo do cérebro.
Mariana Vieira inaugurou a Grande Série
das Minhas Arquipaixões Virtuais e, pelo pioneirismo, lhe reservei um cantinho
pequeno mas aconchegante e bem protegido das intempéries sentimentais em meu
coraçãozinho de margarina Qualy destampada e rançosa. Esquecer-te-ei jamais,
minha doce Ana Eira. Vieira, a Pioneira, vem me visitar, bem o sei, em meu humílimo
blog mas não tão amiúde quanto gostava. Começamos nosso caótico “relacionamento”
lá pelos idos de 2008 e continuamos aos trancos e bidu por uns dois ou três
anos. Quer dizer, eu continuei, pois depois duns meses a coisa ficou meio que
unidirecional da minha parte. Ana Eira, mãe solteira (eh rimaiada que não acaba
mais, porra!), genitora do pequeno Caetano, que hoje deve estar aí pelos nove
ou dez aninhos, sobranceira, mestra da sedução, sorrisão cativante, caninos
alvos e afiados que às vezes eu temia pudessem me abocanhar a carótida, insistia
num “relacionamento” sério. Nunca assumiu explicitamente mas, tenho essa
impressão, esperava que eu deixasse minha mulher como prova primeira de que
minhas intenções eram sérias. Vivia pedindo que a visitasse lá onde o judas
perdeu aquilo que o judas perde toda hora, eu respondia que nunca saio de casa,
o que é mais absoluta verdade, ela se recusava a acreditar. Vieira me olhava
com alguma arrogância. Atlética, ciclista (pedala mais que a Anta), iogue, fã
de excursões por matagais e banhos de cachoeira, típica praticante dessa praga
chamada de-bem-coa-vida, jogava certa superioridade pra cima deste vosso
sibarita beberrão fumante sedentário. Em nossos raros papos skypeanos eu
adorava soprar fumaça na cara dela na câmara. Quando se irritava além da conta,
me chamava de “bestón” e, ao meu protesto, alegava que era um apodo carinhoso. Em
nosso derradeiro confronto pelo Skype deu a desculpa de que não sabia onde
estava a câmara. Nos achávamos no finzinho da reta final, então. Sinto fundo vácuo
por você, Mariana Vieira. Por ti verti, e ainda verto, meus mais sinceros,
canhestros que possam achar, versículos. É para Ana Eira que meu coração
retorna, guiado pelo faro do hábito, em busca de consolo quando me vejo
desumanamente desesperançado e solitário, ou seja, todo santo dia, toda herética
noite. Sendo um bestón inveterado, sempre acalento a esperança de voltar a
ouvir tua voz um dia.
Well, ainda restam muitas outras mulheres
com quem vim a topar pelas estradas digitais. Cansei de digitar. E de
rememorar.
Qualquer hora crio coragem de concluo
este relato com a inclusão da serelepe gaúcha Daiane Marcon, a mais iconoclasta
delas e por isso sempre aqui no alto do meu pedestal.
E da supracitada dra. Sheila Tobiddu, que
de cara me deixou desarmado com seu approach
surpreendentemente direto e sem-cerimônia (um homem que abordasse uma mulher daquela
forma seria fatalmente tachado de cafajeste e atirado sumariamente a
escanteio), e que, também surpreendentemente, me cortou de sua vida só porque lhe
enviei um scrap (ainda na orkut) saudando-a “oi bidududa!” (o bom-humor não é
mesmo o forte das minhas musas). Quer dizer, Tobiddu tem aquele bom-humor peculiar
dos que só sabem rir das próprias piadas. Sendo veterinária, uma das suas brincadeiras
prediletas era fazer comparações jocosas do interlocutor – no caso, este vosso
vil etc – com seus “clientes”; a cada piadinha com focinho sensível ou rabo
abanando uma gargalhada gostosa. Mas mesmo que não tivesse ocorrido o corte por
causa do dito scrap não havia muito futuro para nós. Tobiddu podia ser
especialmente ríspida quando estava cansada (o que parecia acontecer dia sim
outro também) e de lua. E não levei muito tempo para perceber que Tobiddu
curtia ser cruel. Ou pelo menos parecer cruel, sem dar muita bola para o
sentimento do outro, indiferença – ou descaso ou desdém – com que
definitivamente não lido legal. Seja como for, consegui preservar aqui comigo Tobiddu
como fonte de inspiração e isso é que importa.
E da suavíssima Livia Florim, a mulher dos
olhos-lagos por onde passam sombras dos pássaros que retornam ao ninho à
noitinha. E que me passou um pito quando um dia a chamei de anjo, me fazendo me
sentir o mais cafona dos pseudopoetas. (Uma das lições que me ensinaram que meu
semancol não é infalível.)
E da sereníssima Savana Torres. E da
inquieta Gih Marques. E da poeta Luna. E da sapeca Angie Fábia. E da desalmada Queiroz.
E da poeta Lídia Martins. E da sibilante Cecília a ciciar cochichos e murmurejar
confidências em minha página de scraps...
Agora, finalmente, as comus. Divirtam-se.
O Caipira Orkutiense
O Caipira Orkutiense é um indivíduo que cedo descobre que esta “comunidade
de relacionamentos” pode ser uma ótima vitrine para ele(a) exibir suas taras e
necessidades mais neuróticas.
Não, não me refiro ao cafajeste que está permanentemente atrás
de pornografia. Me refiro, sim, a essa gente despudorada que lota o álbum com
fotos de suas viagens à Disneilândia e a países exóticos, tascando embaixo uma
legenda bem previsível e jeca como “Eu e o zé na neve em Berlim”.
O Caipira Orkutiense não se contenta apenas em colar no vidro do
carrão um selo assegurando que ela(e) vai a Bariloche uma vez por ano e,
portanto, é cheio(a) da grana e sabe curtir as coisas boas da vida. Ela(e) quer
anunciar o momentoso fato a todas as galáxias do universo.
O Caipira Orkutiense é antes de tudo um cosmopolita provinciano.
Abaixo o bom-senso!
Você crê que acima de tudo está o bem-estar e a felicidade de
todos nós.
Desde o berço lhe entucham sensatez na cachola. Ufa! Você
aprende a ser limpinho, honesto, generoso, simpático, honrado, o escambau. Só
assim o mundo será melhor.
Então você começa a crescer. Por todo lado lhe bombardeiam os
ouvidos com a obrigação de praticar aqueles sentimentos edificantes. E começa a
perceber que não é bem assim...
A começar pelo presidente. Ele devia ser o mais sensato de todos
nós, não devia? Mas entre o bem do país e o bem do partido, ele, claro, fica
com o segundo. Entre a riqueza do povo e a própria, escolhe a segunda. Afinal,
é um sujeito “sensato”.
E, descendo a hierarquia, você vê que todos os “bem-sucedidos”
são “sensatos”. É a mesma gente que reza a eterna ladainha contra a guerra, o
ódio, a desigualdade... São eles que estão destruindo o planeta.
Você, no lugar deles, faria o mesmo, claro. Afinal, você também
é “sensato”.
Abaixo os lemas de vida!
E nós, dentro de nós, temos uma cacetada de sentimentos que não
cabem nos lemas.
Eu, dono desta umilde comu sem agá, cometi e cometo uma
infinidade de pecados e crimes que não cabem nos lemas.
E não cabem nos famigerados bordões pronunciados ab irato a
quatro ventos por Tarados Reducionistas. E não cabem em versinhos anêmicos
jogados ao léu em perfis da orkut. E não cabem em espalhafatosos versões dos
Poetas Grandões citados e recitados à náusea em cada tópico e scrap e descrição
pessoal. E não cabem em, ó mãe, frases feitas e clichês e lugares comuns e “sacadas”
que se convertem instantaneamente em banalidades assim que são anunciadas como
se fossem a descoberta da pólvora.
Membros relativamente eretos desta comu, eu vos conclamo e
deblatero! Quando nada mais de significativo há a dizer, o silêncio se impõe!
õe! õe! restando dele, silêncio, apenas o eco co co...
Abaixo os museus de arte!
e os teatros de música lírica e as salas de música de câmara,
galerias de arte e, urgh!, “espaços” culturais!
Dedicamos esta inocente e safada comuzinha a todos que têm nojo
de museus de arte e congêneres e sentem engulhos com tudo que essas catacumbas
significam, envolvem, implicam e pipoqueiam!
Fora com essas caixas-fortes recheadas de dis, renoirs,
vangoghs, klees e o cacete a 4, em que uma única telinha mequetrefe vale
trocentos trilhões de eurodólares.
Isso não é patrimônio cultural, é bolsa de valores!
E arte não tem nada a ver com culto ao passado. Gente
minimamente livre tá é a fim de se embasbacar com a vida e fazer a própria
arte, não babar diante dum picasso cagão.
Nesta bosta de comu você pode externar toda tua raiva com este
mundo que gira zonzo em torno da grana e da mentira. Não cobramos um centavo
lírico pelo serviço!
Não perda esta sáfica promoção! Só até o fim dos tempos.
Desconto especial para épicos e elegíacos!
Alguém me dá uma anestesia!
Não sei a quem me dirijo.
Devo usar “doutor”?
“Magistrado”, “Vsa. Exa.”, “Padre”?
Tentei deus. Não persisti por muito
Tempo, é verdade. Mas tentei.
Certo, sou impaciente demais. Ao
Longo dos anos fui vendo que todos
Ao meu redor aguardavam pacíficos,
Compreensivos.
Eu precisava duma resposta rápida,
Sempre fui aflito, acordo urgente, durmo
Enfezado.
Deus se recusava a me dar uma
Satisfação.
Lá pelos meus 6, 7 anos, comecei a
Achar que o problema era meu.
Todos pareciam obter sua resposta
Divina. Eu, não. Estariam enxergando
Algo que eu não via? Só eu não
Sabia procurar?
Depois do capo de tutti capi, tentei
Outras saídas.
Sofri o diabo na escola, tentei
Me amestrar, engolir aquelas
Regras e padrões e normas. Em
Vão. Não sei me moldar – sou um
Molengão duro feito pau-ferro.
Procurei autoajuda. Psicanálise.
Yoga. Mandinga. Tudo em vão.
Nasci sem jeito pra viver, sou
Um engano, nasci torto,
Nasci quase morto.
Quero anestesia. Anestesia
geral, específica, perene, cabal
Amo fazer inimigos
É o que mais sei fazer na vida
Sei lá, é talento natural, vocação
Tá no sangue, vive n'alma
Eu mesmo me espanto com a minha
facilidade em fazer inimigos
Mal conheço o sujeito e pá! aversão imediata, meu inimigo número
1!
Na escola, um prato cheio
Inimigo pra tudo que é lado
Quando tô pê da vida - ou seja, sempre - pego e penso, “vou dar
um rolê e descolar uns desafetos só pra distrair”.
Passo no mercado, pá! hostilidade à 1a. vista: estoquista,
caixa, o carinha atrás de mim na fila, fica todo mundo atravessado na minha
garganta, o mercado inteiro vira meu inimigo!
E assim prossigo minha sanha inamistosa: a padaria onde compro
pão e deixo o portuga puto da silva, o buteco em que tomo umas enquanto faços
inimizades, a quitanda e japonês, a vidraçaria e os fregueses, a farmácia e as
atendentes, o sacolão e a zinha que pesa frutas, o ponto de ônibus...
Aí volto pra casa feliz da vida orgulhoso de ter feito mais uns
inimigos
só pra variar, só pra me distrair dessa minha fúria...
ANTI ANTI
Não gostamos de dizer não, não vamos com a cara de quem diz não,
não dizemos NÃO.
Somos contrários a ser contrários.
Nos opomos a nos opor.
SEJA MAIS UM DE NÓS:
DIGA NÃO AO NÃO!
SEJA CONTRA O CONTRA!
SEJA ANTI ANTI!
Arrogant Bastards
Por causa dessas qualidades, quase todos nos odeiam. Execram.
Abominam.
Não passamos de bastardos arrogantes.
Isso não significa que sejamos desalmados. Muito pelo contrário.
Temos apreço por todos vocês que não podem ser iguais a nós.
Assim, seguindo os impulsos dos nossos coraçãozinhos duros qual
diamantes de 24 quilates, estamos, com perdão da palavra, disponibilizando esta
comu. Agora, todos aqueles que querem nos ver mortos poderão expressar seus
sentimentos mais primitivos e sinceros.
Esperamos com isso contribuir para adiar enfartes entre nossos
anti-simpatizantes.
Todos são bem-vindos! Digam tudo aquilo que pensam de nós mas
nunca se atreveram a balbuciar. Nos esculhambem à vontade! Imprequem! Cuspam!
Responderemos a todos com aplomb e galhardia, como é do nosso
feitio.
As minhocas são tímidas
O maior medo da minhoca não é virar isca de peixe, ao contrário do que reza a sabedoria popular na Indochina.
Em primeiro lugar, minhoca é um bicho sério. Muito sério. I.e.,
não é dada a rir à toa. Mesmo quando toma 5 doses de uísque.
Além disso, minhoca não sabe nadar. Apesar dos fantásticos
avanços obtidos até agora, a ciência ainda desconhece a razão exata.
E tem outra: a minhoca não reza antes de dormir. Não, não me
pergunte se 1) é porque ela é ímpia; 2) é porque ela não tem terço, ou 3) é
porque toda noite ela desmaia de sono e acaba se esquecendo.
Por fim, um conselho (ou recomendação, se preferir): nunca
observe uma minhoca morrendo. Embora sejam seus (dela) últimos momentos, não
vale a pena. Isso eu posso garantir.
Sim, isso é tudo que posso garantir. Quanto ao resto dos bichos,
das plantas, das pedras, dos mundos, das coisas, não sei de mais nada. Pode
parecer piada. Só que não é.
Autoarqueólogos digitais
Como tal au au, escavamos alucinados nas páginas da rede e nos
perfis da orkut nós mesmos ou mesmo outrem, digitais ou humanos, em busca dos
nossos rastros, da nossa história e, por que não? da sublimação
poético-eletrônica.
Nossa sina é fuçar, fuçar na internet o que nos diga respeito,
ou seja, tudo -- sabemos que em cada byte largado a esmo, em cada bit girando
zonzo em torno do meu, do seu, do nosso núcleo insuspeito, pode jazer nossa
resposta.
O texto a seguir foi o nosso primeiro achado autoarqueológico.
Sintam o drama:
“... o lugar que merecemos. Afinal, fulanas, sicranas e
beltranas são educadas, gentis, finas e meigas como uma orangotanga. (By the
way, orangotangos estão em extinção. Tadinhos. Mulheres meigas também. Terá
alguma relação?)
(E tem uma coisa que é bem, mas bem engraçada mesmo: tem gente
que acha que mandar outras pessoas tomar no meio do rabo é “ponto fraco”.
Vêsse-pode. Omessa. Holy cow. Puta que d
Bien sûr, nós temos mau gosto
Tava em dúvida qto a como ilustrar a capa desta malfazeja comu.
1o. pensei em botar um mulherão cuns tetões obscenamente
suculentos, mas cobertos, pra não dar mal-entendido. Mas mesmo assim, pensei,
daria. Quer dizer, não passaria apenas a idéia de mau gosto, mas também de
concupiscência. E, claro, não é bom, não é nada bom, os outros pensarem que
somos concupiscentes. Pois podem também pensar que somos safados. O que não
queremos, obviamente. O que queremos é que pensem que somos bonzinhos.
Bem, aí decidi usar essa foto aí. Clara, unívoca, sem
significados sub-reptícios, o cacete (upa, desculpa).
Então me dei conta de que esta é a 1a. comu de toda a orkut
incerta sobre sua própria finalidade. Pior, sua própria natureza. Isso,
naturalmente, é muito ruim. A dubiedade, pra falar claro, é uma merda. Todos
devemos ser convictos neste mundo.
In short, esta é uma comu sobre o mau gosto. Tem orkutero que
revela ter mau gosto pelas comus em que entra. Outros, pelas que cria.
Ih, acabou o espaço...
Como carnívoras(os) e vegans
Nós desta esfomeada comu comemos carnívoras(os) e
vegetarianos(as) alike.
Pessoalzinho aqui traça vaca, banana, galinha, frangote, veado,
frutinha, perua, chuchuzinho, macaco, cavala, cachorra, tudo acompanhado duma
bisnaga de pão e muito alface, mandioquinha, cenoura e animais e legumes do
gênero.
(Exceto abobrinha, pepino e abacaxi.)
(Ah, e tudo com ou sem margarina. (Aquela do Último Tango,
sacumé.))
Quando tamos em crise, engolimos até uma junk foda, digo, junk
food.
O que faz a diferença é o atendimento, se é que ocê nos entende.
Sono tutti buona gente.
Fazer distinção pra quê?
Comu do fim do mundo
Até uns 3 meses atrás, todos nós fazíamos piadas com o fim do
mundo. Gostávamos de brincar de apocalípticos. Isso porque tínhamos certeza de
que esta merda nunca teria um fim.
Agora as coisas mudaram.
Uns cientistas acham que o planeta não dura mais 5 anos. Outros
sustentam que a coisa não é tão grave: temos + 7 anos. Outros ainda dizem que é
exagero e que a Terra vai sobreviver pelo menos até o 2034, quando um cometa
enfim trombará com nosso planetinha, nos mandando todos pro saco. (Bom, eu tô
fora, pois então já estarei mortinho da silva xavier.)
E mesmo que não acabe tão cedo, eu acho que viver perdeu a
graça. Os FDPs acabaram com os rios, com os mares, com as florestas, com as
geleiras, com os animais selvagens, com o céu azul e com o ensino do latim no
ensino secundário.
Pior: lulla tá se aprontando pro 3o. mandato e não vai + sair do
trono.
Em suma: tamos fudidos.
Mas quem entrar nesta providencial comu estará a salvo do lulla
e demais inconvenientes. Eu juro.
Cordeirópolis capital do País
Afinal, não somos todos cordeirinhos?
Não engolimos as arbitrariedades dos poderosos sem sequer um
mééééééé, um único mééééééé de revolta?
Não rumamos pro abatedouro bonitinhos, quietinhos, de cabeça
baixa, disciplinados, comportados, prontinhos para o sacrifício?
Não nos escondemos dentros dos shoppings pra não ver o inferno
em que se converteu este país?
Não ficamos assistindo de braços cruzados enquanto os políticos
cafajestes nos assaltam, os bandidos facínoras nos sequestram e nos assassinam,
a Amazônia desaparece sob o ronco mortal das moto-serras, as favelas crescem
como cancro cangerígeno à nossa volta, etc etc etc e etc?
por tudo isso e otras coisitas más...
CORDEIRÓPOLIS PRA CAPITAL DA REPÚBLICA JÁ!
Diogo Mainardi é um picareta
Aos peetistinhas afoitos: esta não é uma commu pró-peetê.
Mensalleiros e simpatizantes serão expulsos ab irato.
M. tem talento, é inegável. Sabe como poucos usar a bazófia de
palhaço em proveito próprio.
Cabotino vocacional, sempre dá um jeitinho de torcer o assunto
para o próprio umbigo. Isso em geral se dá lá pelo meio da “crônica” (vá lá...)
Mestre na disciplina autoendeusamento, podia lecionar na usp, se
ali houvesse cursos à altura do nosso Brazilzão medieval.
M. é de dar inveja. Eu, se fosse experto qual ele, também queria
ter essa tribo duns 30 mil tonhos babando macambúzios por cada pitada
flatulenta do pajé afetadão.
Cum empurrõezinhos do Francis, M. logrou garfar a sinecura de
guru galhardo dos semiletrados no último bastião da Classe Média Desvairada
a.k.a. Veja.
Nada contra Veja. É a única que se bate contra a quadrilha do
planalto.
Lulla ajudou M. se reelegendo. Lulla vai se eleger pela 3a. vez.
M. terá assunto. Eu queria ver M. escrever “crônicas” sem lulla no poder.
Eles herdarão minhas comus
Ainda bem que hoje existe a orkut!
Senão, que é que eu ia deixar pros tadinhos dos meus filhos?
Não quis -- ou não consegui, sei lá, e nem me interessa --
guardar nada de valioso.
Acumular, acumulei: neuroses, doenças e manias. E algumas taras.
(Com perdão da poesia fora de hora, raras taras.)
Minhas obsessões, essas cultivei -- e aqui peço emprestada uma
frase que é tão cara ao nosso honesto, honrado e sábio lulla da silva – “com
carinho”. Não fui capaz de aprender quase nada. Ou não aprendi nada que
prestasse. Afora que carinho nem sempre é bom. Vai por mim.
Ah, sim! Acumulei também uns poeminhas obtusos e outros escritos
desinteressantíssimos. Esses deixarei pros meus inimigos -- fiz uma cacetada
deles ao longo da lasquera que tem sido minha vida.
Por isso hoje estou tão grato com a orkut e todos os tarados e
todas as narcisistas sem-vergonha que vicejam por aqui feito vermes num naco de
picanha podre.
Obrigado, orkut.
Quando eu partir, quero que todos fiquem com d...
Esta comu vai entrar em você!
Você aí! É você, com essa cara de espanto, de choro, de
nostalgia, de moleque, de puta, de alegre, de viado, de copacabanense, de nojo,
de metida, de fudido, de boboca, de babaca, de bico, de turco, de tacho, de
advogado, de barata, de quem vê estrelas, de priápico, de morta, de banana, de
viajante, de marciano, de gaúcha, de quem fala com deus e não escuta, de lituana,
de pó-de-arroz, de leitora de Carpeaux, de quem não sabe quem foi Carpeaux, de
quem tropeçou na felicidade mas não viu, de modelo de folhinha de parede, de
touro sangrando no meio da arena...
É, você que está BEM aí olhando com essa cara de quem ouviu o galo
cantar e quer cantar junto!
Se você não entrar nesta comu...
CUIDADO!
Esta comu vai entrar em você!
Fica fora quem tirar captcha “trutv”, yeah!
Eu amo tua mulher
Eu sei, você ama tua mulher. Eu também. Qualé? Deixa de ser
egoísta. Sempre cabe mais um. Somos quase 9 bilhões de seres “humanos” neste
planeta, afora congêneres e assemelhados. Afinal, pra que todo esse sentimento
de posse? Você provavelmente vai morrer antes, muito antes dela. E aí? O que
será feito da pobrezita? Deixa a moça curtir um pouco a vida, porra. Sempre a
mesma cara, sempre a mesma voz, sempre os mesmos papos furados, sempre a
mesma... bem, você sabe a que me refiro. Cazzo, cansa! Variar vai fazer algum
mal? Hein? Me diga. Vai? I dont think so. Tem casal que até experimenta uma melhoradinha
depois duma sacudidela no casamento. E não é só na cama, não. Até no
relacionamento... digamos, em si. Conheço uns carinhas que até passaram a
conversar com a mulher, veja só. Quem sabe não é o teu caso? Experimente. Não
tira pedaço não. Pode deixar marca, mas pedaço não tira, vai por mim. Tô sendo
honesto. E sincero. Não é fácil, digo, ser honesto e sincero não é fácil como
parece. É por isso que na maioria...
Eu canto por um anjo...
...um canto baixinho
um canto interior
sem melodia, sem rimas
sem palavras nem nada
porque, sei, só assim
poderei ser ouvido
(Anjos ouvem?)
Meu canto é a inversão da ordem do universo
(O universo tem ordem?
Quando canto assim baixinho, sim.)
Eu canto por um anjo.
Canto um canto surdo
canto de miragens e memórias
que mesmo eu não escuto
Eu canto por um anjo.
Um canto não ouvido,
um canto não cantado
Talvez, não sei,
talvez apenas sonhado
Eu estou feliz
Como o mais cafona dos vermes numa lata de atum putrefato, eu
estou cafonerrimamente feliz.
É um estado de felicidade que, apesar de todo meu talento
descritivo, de toda minha inspiração poética, apesar desta minha febre
delirante, mal consigo exprimir.
Eu estou tão feliz, que quero que se foda, quero que você morra,
quero que o mundo acabe, quero um trilhão de merdas ao mesmo tempo.
Só não quero, de tão feliz, virar pó e ser espalhado
aleatoriamente pelas calçadas encardidas das redondezas.
Sei lá, não quero, não posso dizer mais nada. Estou feliz. E não
tenho culpa.
Sociólogos, astrólogos, psicanalistas, desistam! Minha
felicidade não tem porquês.
Tão, mas tão feliz, que caio na gargalhada com as pontadas
agudas dentro da minha cabeça. Tão feliz, que o peso nas minhas pernas me abre
um sorrisinho meigo nos lábios.
Mein Gott, mon Dieu, Dio mio, diabos, estou feliz qual um
insensato. Não há mais o que dizer. Não tenho culpa. Não tenho nada.
Eu quero ser frentista
O frentista é simplesmente o cara que põe combustível. Por isso
mesmo, frentista é e sempre foi uma das mais importantes profissões da nação.
Todos nós trazemos na lembrança a primeira vez em que papai
parou no posto e então avistamos, deslumbrados, aquele homem se aproximando do
carro com galhardia, cheio de si como se fosse o dono do posto e como se nós,
meros fregueses, fôssemos meros fregueses.
Naquele instante decidi que aquela seria a minha profissão
quando crescesse. Médico, engenheiro, advogado, piloto de avião, essas
porcarias são pra gente sem ambição, sem imaginação, sem poesia.
O frentista, para mim, é símbolo da propriedade, do poder, do
respeito e da distinção. E, obviamente, da nobreza. Principalmente quando
pergunta se queremos lavar o pára-brisas, verificar o óleo e calibrar os pneus.
O melhor momento é quando deixamos o posto com o tanque cheio.
Que delícia, rapaz! Que barato, garota!
Eu sou um justiceiro poético
Devem responder pelo crime
de existir
De existir apenas e tão-somente
pela suposta - que para mim
nada tem de duvidosa - Conspiração
contra a Bondade
A Bondade que era minha e de
todos os bons
E que me foi surrupiada com mãos
finas e macias, arrancada a fórceps
no dia em que nasci, contrabandeada
à luz dos meus dias, diante dos meus
olhos nus
É crime sem perdão, crime que
não está nos anais, que não se
inclui na jurisprudência, que os
doutos estudiosos do direito
insistem em desprezar.
Pelas regras da MINHA justiça,
não posso ser clemente. Será
inútil aos criminosos declararem-se
inocentes, fingirem-se eles mesmos
vítimas poéticas de outros
violadores da Bondade, que por
sua vez, sua infame vez, também
se proclamaram vítimas inocentes.
Em meu julgamento não há
acusação, não há advogados,
nem libelos ou oitivas.
Em meu julgamento não há
absolvição, apenas justiça, mesmo
que poética.
Eu sou um pseudo pseudo
Sou duplamente falso. Por conseguinte inte inte, autêntico.
Me engano se penso que me engano me enganando. Por isso sou
vítima da minha traição.
O fato é que todas as verdades que digo são mentiras. Quando não
é este o caso, não acredite em mim. Pois eu não acredito.
Em minha impostura, sou um impostor. Assim, mais que duplo, sou
um interminável embuste.
No dia-a-dia finjo que não finjo. Nos momentos em que não sou
Fernando Pessoa sou. Às vezes não sou poeta. Outras, fico farto de liras
comedidas.
Em resumo, sou irresumível. Fundei esta comu pra fazer de conta
que, em realidade, vivo uma farsa. No fundo não sou, ai de mim, o embuste que
pretendo ser. Tem hora acho que, no meu autoteatro, vivo um personagem sombrio
que nada tem de fictício. Nele, não represento senão as cenas em que não me
dizem respeito.
Eu, mamãe e o Cadillac
Se as lágrimas e as lembranças virassem uma avenida
Eu pegava o Cadillac, enchia de gasosa, subia até o paraíso e te
trazia de volta
Não pudemos nos despedir, eu sei
Você se foi tão de repente
Por que e para onde, who knows
Meu coração está hirto de dor, meus olhos vertem lágrimas
sulfúricas
Ficar sem você é um padecimento que ninguém mais pode
compreender
Aqui, sozinho e cabisbaixo, quando nada mais parece valer a pena
Parece que te escuto sussurrar: “Não desanima! Acelera nenê!”
Então obedeço, como aprendi a fazer desde pequeno
Sempre que olho tuas fotos, você parece sorrir e dizer:
“Não chore, estou apenas dormindo
Qualquer dia vamos nos encontrar naquele cruzamento.
É verdade, te chifrei com teu pai.
Mas, olha, ninguém neste mundo é perfeito.
“E o Cadillac? Não esquece de lavar e encerar a porra do
Cadillac!”
Não se preocupe, mamãe. Vou deixar o chaleirão tinindo de novo.
Não se preocupe. Só durma em paz...
Foice, martelo e suástica
Comu dedicada a todo tonho da orkut escravo da ideologia, seja a
direitona hidrófoba, seja a esquerdinha miolo-mole.
É gente que tem delírios orgásticos quando fidel leva um tombo
ou fuzila um grupo de “desertores”. Gente que vive sob o lema do “Eu odeio che
guevara” ou do “Viva chávez, evo e cia.”. Gente que participa de comus em
louvor a pinochatos, médices, mainardis, trotskies, zé-dirceus, chauis e
chicos-buarques.
Esta comu representa o campesinato pastando no campo, o
proletário enriquecendo no sindicato e a zelite chafurdando na lama
rejuvenecedora dos spas. A união dessas 4 falanges, aglutinando a força
agrícola, sindical e lamaçal do povo do Brasil, irá finalmente aniquilar os sem-ideologia
que os tarados querem empalar em praça pública
Adquira ainda hoje um plástico da comu para decorar a parede de
sua sala na diretoria do sindicato ou na chefia do depto. de filosofia ou
qualquer que seja a disciplina inútil que você “ensina”. Ou para embelezar seu
iate, Mercedes, palacete, etc.
Fracassados bem-sucedidos
Com a gente não tem perigo de alguma coisa dar certo. E se
tiver, a gente arruma um jeito de fuder tudo.
Aqui não entra carinha que acabou de levar um belo dum tombo na
vida mas que em geral consegue se manter à tona dessa merda toda. Não senhor:
esta inacreditável commu é pra perdedor profissional. Cada um de nós é um bamba
do fiasco. Derrapadas ocasionais são pra amadores.
Por essas razões e por outras que nem dá pra falar, de tão
fudidas, aqui só tem cabra macho, nega de estômago de hipopátamo, garoto de
nervos de aço inox, girl disposta a lamber o asfalto e deixar marca de
borracha.
O desastre é a nossa rotina, a desgraça o nosso habitat, o
malogro, o nosso orgulho.
O fracasso é a única coisa em que temos sucesso.
Se você também está sempre por baixo e sente-se feliz da vida
que seja assim, junte-se a nós, seja mais um FRACASSADO BEM-SUCEDIDO!
Fred explica
Quando preciso entender algo (e, olha, tem coisa pra caráleo
neste mundo que não entendo), chamo meu amiguinho imaginário Fred e pergunto
pra ele.
Então Fred explica.
Grosserias p/ gente fina...
Você fina e culta não saia pela orkut mandando gente tomar
naquele ou em outro lugar em língua de pobre.
Insulte seus desafetos orkuteros fina e cultamente em outros
idiomas.
Se você se amarra, p. ex., na língua de Goethe, um Mach es
dir selber! liquidará o assunto.
Se prefere renascentistas italianos, um Scopa tu mama!
fará o carinha pensar duas vezes antes de falar mal do Botticelli.
P/ adeptas de Cervantes, Lorca e otros muchachos, um !Hijo de
mil putas!, convenha-se, é impossível na prática, mas o que interessa é o
espírito da coisa.
Leitoras de Voltaire, claro, requerem mais requinte. P/ elas
temos Vas pisser dans les fleurs! Além de tudo é poético.
E não esqueçamos as finas e cultas com formação clássica. Estas
podem fazer biquinho e cuspir Pudor tu! O fulano estará bem insultado na
língua dos nossos antepassados romanos.
Mas se você não é fina nem culta, manda logo um simples e direto
VA TOMAR NO CU. O efeito é praticamente o mesmo.
Interlocutores de parede
Se ocê curte falar cum muro, vai procurar tua turma.
Interlocutores de muro serão defenestrados impiedosamente. Não adianta fazer
bico.
Madame, isso não é poesia não
Oceis sabem que por aí tá cheio de comus “literárias” cuma
porrada de donas de casa metidas a poetas.
Nada contra donas de casa. Sylvia Plath era dona de casa.
(Talvez por isso tenha escolhido, psicanaliticamente, o forno da cozinha pra
enfiar a cabeça e ligar o gás.)
Plath um dia saiu-se com isto:
“What a thrill
My thumb
instead of an onion.
The top quite
gone
Except for a
sort of hinge”
As senhoras aspirantes a vate certamente já cortaram várias
vezes o dedão quando preparavam a janta do “maridão”. (Cruzes! que palavra
horrível, seu!)
Mesmo assim, a nenhuma delas ocorreu que podiam obrar um
poeminha épico dessa prosaica experiência.
A retro-referidas comus “literárias” abundam em caldo de cana
sentimentalóide pseudometafísico suficiente pra dar glicemia num tiranossauro
rex sob dieta.
Senhoras, please, voltem pro fogão (não enfiem a cabeça no
forno, rogo). Parem de querer imitar F. Pessoa, Clarice, a suave Cecília, etc.
Os maridinhos agradecem. Me too.
Mãe, não sou Fernando Pessoa
Nem quero ser, mãe.
Eu sei, eu sei que você me criou pra ser ele.
Mas, mãe, você podia ter me criado pra ser um presidente de
qualquer coisa.
Médico! que tal médico?
Tem tanto tonho por aí, mãe, que quer ser médico! Mais, tem
aqueles que já SÃO médicos!
Mãe, tudo, tudo, menos Fernando Pessoa, mãe.
Escuta a vozinha fina e doce deste teu filho amaldiçoado com a
sina de ser Fernando Pessoa pelo menos uma vez na vida, mãe.
Escuta...
Minha vida é um clichê
Que é clichê?
Clichê é o filme da minha vida.
Clichê é criar uma comu na orkut.
Clichê é olhar o céu e ter nostalgia poética.
Clichê é se recusar a admitir que 99% do tempo a nossa cabecinha
de merda é um infindável vácuo.
Clichê é citar kafka, pessoa, nietzsche, bandeira, mirisola,
hoerdelin, kant, plath, onlswi accivar.
Clichê é se matar pra obrar um poeminha suado, clichê é te amar
enquanto cago, clichê é se olhar no espelho e ter um insight anárquico, clichê
é se dizer niilista, escafandrista, feminista, putaqueopariuzista.
Clichê é o que você quiser que seja clichê.
Clichê é uma giletada na jugular.
Morte aos pseudo-suicidas!
Meu, nada nesta maldita orkut é mais enfadonho que falsos
sensíveis e existencialistas picaretas e artistas de araque que se pretendem
suicidas, ou adeptos do suícidio, só pra passar pra, com perdão do palavrão, “galera”
a idéia esdrúxula de que são, ugh, poetas.
Meu, não tá no gibi o que tem de perfil aí com carinha de
olheiras fundas e fucinha agoniada à la Álvares de Azevedo (Azevedo tinha fuça
agoniada? sei lá!), fazendo tipinho de quem não vê a hora de entrar pra galeria
dos poetas suicidas cult.
Quer se matar, mano? Quer se matar, neguinha? Então corta logo
os pulsos e pára de encher o saco, porra.
Não me exijam bom-humor
Não me ditem ordens, seus despotasinhas bobocas! Vão encher
outro com suas neuroses totalitárias, seus medos classe-média, sua ideologia do
trabalho e bom-senso!
A orkut abunda de comus cafonas exaltando as virturdes do
bom-humor: Eu acordo de bom-humor, bom-humor é afrodisíaco, bom-humor o cacete
a 4...
Pois eu não sou profissional do bom-humor!
Até queria ficar em permanente estado de graça. Mas não posso.
Não consigo. Não nasci assim. Tenho milhões de outros sentimentos pra
expressar. Que é que devo fazer com eles? Ignorar? Sufocar? Fazer de conta que
não sinto?
A foto da capa é a máscara morturária de Dante. Não sei se Dante
tinha bom-humor. Sei que ele teve a capacidade de me falar à alma (ou a sei lá
que tenho aqui dentro). Grandes homens e mulheres procuram ser um todo. O
bom-humor é só um grãozinho desse todo.
Narciso fenecido
Agora que minha infância
Está longe, tanto que
Já não sei onde está
E pouco me lembro do que fui
E quase não me importo mais
Acho que posso finalmente
Engolir em seco, focar a
Imagem mental do que sou hoje,
Ciente de todos os meus
Abcessos, rugas, pintas,
Calombos e
Deformidades em geral,
E, amargo, admitir:
Narcisos podem ser bons
Narcisos podem ser mórbidos
Tudo depende do narciso
Tudo depende de você
Narciso pode ser o mito grego,
belo jovem que rejeitou o flerte
de Eco e por isso foi condenado
a se apaixonar pelo próprio
reflexo na água duma poça
Narciso pode ser uma flor
Flor de beleza atordoante e,
De tão atordoante, incapaz de
Durar mais que poucos dias
Fadado a aceitar, ou não, a
Tragédia de manter viva a
Autopaixão agora sob a
Feiúra trazida pelo Tempo
O narciso é belo
(ao menos aos próprios olhos)
Tão belo, que não tolera
partilhar sua beleza com
mais ninguém
O narciso fenecido,
Torturado pela lembrança
Da beleza perdida, pode ser
Maligno
Nóis é moralista! E dos farso!
Nóis é daqueles moralista bem farrrrrso e filho-duma-puta sim
senhor, sim senhora, sim senhorita! Farso qui nem uma nota de 3 dólar! Farso
qui nem o lulla citando Schiller!
Ó, se ucê tava prurcurano a comu daquele moralista françois Jean
de La Bruyère, nóis achamo que ucê se enganô de comu.
Nóis aqui é hipócrita que nem o caralho, nóis julga, nóis cobra,
nóis condena e nóis reprorva!
E sabe do que mais? Nóis julga, nóis cobra, nóis condena e nóis
reprorva exatamente aquelas dona que nóis queria ser iguar mas nóis num pode
pruque nóis num aconsegue, sacumé?
Ucê sabe sim senhor, é aquelas dona promíscua que tem vida
sexual que nem as estrela de roliúde, e que num tão nem aí pru que us otro
falam dela, fazeno nóis tudo aqui fora morrê de inveja.
Nóis fica só aqui bizoiano, assuntano, cuidano da vidinha
pregressa dessas dona safada só pra adespois metê um esculacho!
Meu, nóis é foda! Nóis é moralista! E dos farrrrso! Dos bem
farrrrrrrrrrrrrso...!
Notas de falecimento
Nesta comu orkuteros e orkuteras podem deixar suas notas de
despedida aos seus fakes queridos, amigos virtuais, conhecidos digitais, etc.
Orkuteros e orkuteras mais eruditos podem até registrar suas
eulogias, que ninguém vai ficar brabo.
Se você não sabe o que dizer, vai aí um exemplo:
“Otacílio, meu fake, você esticou as canelas, deixando profunda
saudade.
Às vezes perguntamos a Google-Deus:
-- Por que Otacílio teve de ir?
E Google-Deus parece responder em caixa alta e ponto de
exclamação:
-- PORQUE SIM!
Sabemos que você está em algum lugar maravilhoso da partição dum
disco rígido enferrujado no fundo duma prateleira no Vale do Silício.
Na orkut você só fez o bem a todos.
Sempre amoroso, carinhoso, atencioso, amistoso, afetuoso oso
oso.
Quero que você saiba que te amo muito e sempre te amarei.
da sua
sempre virgem Emerenciana (Aninha)”
Num vô coa cara do Ruy Castro
Meu, não adianta, ô indivíduo xaropete. Não vou co'a cara dele.
Nunca fui. Não, não tem nada a ver com o que ele escreve. Ou tem, sei lá.
Fôdasse. Não me interessa o que ele tenha a dizer ou deixe de ter. Simplesmente
não vou co'a cara do mancebo, será que posso?
Antes eu ainda conseguia ler uma ou outra matéria do sujeito por
aí. Duns anos pra cá ficou impossível. O cara me entalou na garganta. Não desce
nem cum litro de Balla 12.
Manja só aí na capa. Vê se pode. É a encarnação do esnobe ou não
é? Hein? Pode responder francamente. Não vou ficar brabo de você discordar.
Quer gostar dessa porqueira? Goste. Problema seu.
Olha, acho que tudo começou quando tive a visão. Que visão é
essa? você se perguntará. Foi aquela em que o goiabão era coroado cappi de
tutti cappi da MBN (Máfia da Bossa Nova). Pois é. Eta mafiazinha fudida.
O segundo da MBN é o tal de Nelsinho Motta. Outro espertalhaço.
Tem grana no meio, é com ele. Vem segurando a peteca da MBN desde 1945. Qquer
dia escrevo sobre isso. Ô se escrevo.
O José Simão é um babaca
O José Simão não é um “irreverente” como querem os eternos
sicofantas que babam por qualquer pascácio espertalhudo que aparece na mídia.
O cara não passa dum aproveitador despudorado o bastante para
fazer piadas sem graça com a tragédia do avião da TAM em que morreram 199
pessoas. Pena que ele mesmo não estava naquele vôo...
Sim, o nhonho é corajoso, não podemos negar. É preciso coragem
para urdir aqueles trocadilhos grotescos, primários, dolorosamente previsíveis.
É impressionante que seus “leitores”, tão idiotas quanto ele,
leiam todo dia a mesma piada besta e achem graça. Yessir, tem tonto pra tudo
neste mundo.
Só mesmo nestes tempos em que a ignorância reina absoluta,
tomando lugar da cultura e nos perdendo a todos nas trevas do irracionalismo, é
que um cretino como esse pode ter tanto sucesso na mídia deste pobre país.
Se você é imbecil e tem um intelecto do tamanho duma titica de
macaco, leia José Simão, o Guro dos Analfabetos!
Se tiver um tico de bom-gosto e discernimento, entre aí..
O Tonho Astrológico
De todos os picaretas bípedes, tirando símios e afins, o Tonho
Astrológico é o mais picaretudo, cansativo, molenga, atrasado, ciclotímico e
ouriceiro.
O Tonho Astrológico é especialmente viscoso e enjoativo porque
não se contenta em ser tonho sozinho. No mais das vezes ele(a) se investe dum
espírito protoevangélico-doutrinário e sai pelo mundo tentando cooptar para sua
seita tonhal pessoas normais que só nasceram para viver e mais nada.
O Tonho Astrológico vive querendo te convencer de que tua vida é
regida pelos astros. Essa asnice é suficiente para aquilatar a imensa grandeza
do tonhismo astrologístico.
É fácil tornar-se um Tonho Astrológico -- basta não pensar em
nada. Exatamente por essa razão, o mundo está tão intensa e pungentemente
impregnado desse tipo de tonhice.
O Tonho Astrológico é antes de tudo um tonho.
Oda a Brasil
Nosotros, los complejos quienes somos capaces de aceptar la
ambiguedad de la vida y de la política, no te olvidaremos jamás.
Todos quienes están aquí te reconocen como su tierra.
Hablamos de tí con un tono de superioridad porque eres tu
nuestra casa.
Aquí hemos obtenido nuestra voz autónoma, cabal, llena de
características nobles. Sí, eres tu que nos conecta nuestras ideas y las hace
cercanas de la libertad.
Sentimos la destrucción de Brasil por los ladrones de la patria
como si fuera un daño hecho en nuestros propios cuerpos. Ello nos hace sufrir
casi un dolor físico real.
El peto-lullismo es la mayor catástrofe del mundo occidental.
Siquiera una lata de coca cola light nos puede sosegar.
Si lulla se reeligir por la tercera vez, nos vamos a poner una
campera en los hombros a modo de capa y sin vacilar, reempezaremos a adquirir
fuerza, peleando y resistiendo.
No te vamos a abandonar. No renunciaremos. No desistiremos. No
te diremos adiós como a un paraíso perdido.
Ok-ok, minhas comus são neuras
você acertou
minhas comus são reflexos, pálidos reflexos das minhas neuroses
mais doídas, das minhas neuroses mais doidas, das minhas neuroses mais
intoleráveis.
Dá pra parar de me encher o saco agora?
Olhadores de teto
Se ocê fica pelo menos 8 horas por dia olhando o teto, então cai
matando.
Ó, não precisa ser teto do quarto não. Pode ser até da sala. E
também não carece ser bonito. Aqueles todos fissuradinhos, cheios de trincas e
com a tinta descascando, ah! esses é que são bão.
Quando esta comu tiver dezenas de milhares de membros, vamos
organizar um concurso pra ver quem é mais fudicaço nesse negócio de olhação de
teto.
O dono da comu, modéstia à parte, é quente no ramo. O carinha já
olhou muito mais teto na vida que o próprio John Ceiling Looker &
Strawberries, campeão de Olhação de Teto da Macedônica em 1986. Não é batatinha
não. Quem conhece sabe do que estamos falando.
Ó de novo, só pedimos que os membros manerem no afã durante as
dicussões neste fórum. Sabemos que a coisa vai pegar fogo. Por isso, pedimos:
tenha calma, muuuuuuita calma ao defender seu ponto de vista. Procure não
desqualificar seus oponentes. Afinal, todos temos direito a uma opinião sobre
este assunto.
Onde está meu passado?
Está aonde estou indo?
Ou está onde estou?
O passado é um sonho do qual acordamos ou o presente, um sonho
do qual não podemos acordar?
Lembra quando gostávamos de recitar aquele versinho de Pessoa, “no
tempo em que festejavam os dia dos meus anos, eu era feliz e ninguém estava
morto”?
Lembra quando pichamos esse verso no muro branco da esquina com
spray verde-bandeira?
O que me obriga a versejar: no tempo em que eu pichava poesia
nos muros da cidade, eu era feliz...
Eu era feliz?
Papel da parede descascando...
o ventilador não gira suas pás há décadas
a luz do sol invade o quarto pelas frestas cada dia mais
desdentadas da veneziana
a luz do sol invade o quarto à toa
nada há aqui dentro que mereça ser iluminado
setembro já passou, outubro vai acabando
e nesta comu, vejo, sobrou apenas um pé de sapato...
Poeta não, doente
Okay, você é poeta
Se acha diferente
deslocado
quase incompreendido
Não dá lhufas pras banalidades
de cada santo dia
Este mundo não lhe serve --
Precisa construir o seu próprio.
Como não é possível,
O jeito é inventá-lo
Só que isso não é poesia
Não se dá bem na
escola, no
trabalho, em
casa, em
lugar nenhum.
Então vive em
lugares imaginários
Mas isso não é poesia
Sente-se enfermo
duma doença indefinida
Não! -- é mais um mal-estar
Está sempre incomodado,
insatisfeito,
insaciado --
É difícil de explicar.
Sua constante é
um imenso, um intangível vazio
E vazio não é poesia
O mundo é podre, imundo, fedido
Recoberto de cancros gosmentos de
fome, feiúra, e desgraça.
Mas que, por alguma estranha razão,
lhe dão algum prazer
Isso certamente não é poesia
De tão vazio
Está cheio da sua mulher
do seu marido
de brigas e discórdia.
Tem dia, pensa em se matar.
E percebe seu coraçãozinho
tomado de emoções
perturbadoras
Isso, claro, pode ser doença,
não poesia
Poetas antipoéticos
Podíamos estourar nas paradas literárias. Sabemos.
Podíamos publicar um poema que arrasaria corações, destroçaria
mentes, apodreceria almas.
Mas guardamos a Mãe de todos os Poemas só para nós. Não
precisamos que nos conheçam.
O mundo não nos entenderia mesmo.
Pois nada nem ninguém nos entende.
Somos de outra galáxia. Nossa religião não tem nome. Nosso
espelho não tem rosto. Nosso sangue que esvai na beirada da banheira não tem
cor.
Somos os poetas não poetas. Fazemos a apoesia. Por isso somos
muito mais poéticos. Tanto, que você pode ler nossos versos e jamais imaginar
que sob o aparente prosaico está oculta a senha da dispensa do paraíso, onde
estão guardados, para nosso exclusivo desfrute, o néctar e a ambrosia.
Só um poeta avesso à poesia pode reconhecer outro na rua e
pensar baixinho, “ah! vejo ali um do meu mundo. Não estou só. Mãe, não estou
só!”
Somos apenas antipoéticos, não Escafandristas Soltando Fogos de
Artifício.
Poetas canhotos
Recanto aprazível infernal p/ quem nasceu canhoto e vai morrer
poeta: carinhas que se acham especiais mas são apenas deficientes líricos e
doentes motores. O que interessa que é somos diferentes. O resto é papo de
destro apolíneo.
Venham, amiguinhos! Troquemos nossas férteis experiências de
gauches sem beira nem eira. De minha parte, tenho muito a dizer. Basta uns
coitados que, além das deficiências acima, não sejam surdos.
Esta é a oportunidade de nos associar p/ discutir o mundo sob
esse fantástico prisma enviesado. Vcs sabem, somos donos de certas
características que só se acham amiúde em circos e mercearias. Daremos
preferência a não natos, que decidiram mudar de mão depois de nascidos.
Dizem que o diabo é canhoto-poeta. Precipícios, vendavais,
buracos negros, as coisas belas foram feitas por ele. Deus me esqueceu? Tudo
bem, também esqueci ele.
OK, esta é a mais idiota descrição de comu q já fiz. Prum
domingo à noite de barriga e saco cheios zanzando besta pela orkut tá bom
demais...
Preciso sentir o que sinto
Mais interessante que zoo abandonado
Menos óbvio que “eu amo a zinha”
Mais movimentada que fumódromo de escola
Menos foda que todo mundo
Mais merda que fralda geriátrica depois do mingau das 7...
É a SuperComu
“PRECISO SENTIR O QUE SINTO”
que, qual todas as demais comus da orkut, fala por você mesma.
Entre djá! Quem espera sempre alface, alpiste, almenta, altista
Prendam a Xuxa...!
Pseudolavo de Chauí
Dedico humildemente esta pequena, singela e casta comu aos dois
veneráreis extremos do espectro ideológico do Berção, a saber, Mr. Olavo de
Chauí, lídima encarnação do ectoplasma de joseph hitler, e Ms. Marilena
Carvalho, fervorosa personificação de adolf stalin em terra brasilis.
Como sabem todos que se interessam pelos destinos do Berção,
esses dois elementos são representantes avant-la-lettre da papagaiada
pseudointelectalática que se produz algures e alhures nesta triste torta terra
em que esquerdistas e direitistas passam sua repulsiva existência se xingando,
cada qual provando por a mais b que o outro é uma anta, e se não fosse o outro
o Berção seria uma Suíca e que tudo que há de ruim nesta merda (e olha que não
é pouco não!) é culpa do outro.
Senhores e senhoras, está aberta a sessão. Xinguem-se à vontade.
Enquanto isso peetistas e tucanalhas vão enchendo as cuecas e o bico,
respectivamente.
E o Berção vai despencando abismo abaixo, ai ai ai, saravá
sinhá, saravá padim!
Quem não é romântico me enoja
Os não românticos são os que
- são obcecados pelo poder
- classificam as pessoas por idade, raça, religião,
inteligência, capacidade de ganhar dinheiro, etc etc etc.
- têm prazer em dominar os outros
- só ficam felizes quando estão por cima
- não se arrependem de causar dor ou sofrimento
O mundo é a merda que é porque essa gente sempre mandou em tudo.
Por isso, nós, humildes membros desta comu,
TEMOS NOJO DE QUEM NÃO É ROMÂNTICO!
Quero morrer chupando mexirica
Cravando os dentes da frente
num gomo suculento
Já hábil, passados tantos milhões
de horas nesta intimidade
fatal comigo mesmo,
Em me esquivar das cantigas,
das lembranças nostálgicas
que por todo o caminho foram
a única carga que, esperava,
iam neste dia, senão me salvar,
pelo menos distrair meu paladar
e, de quebra, ludibriar estes
meus olhos que não querem
mais enxergar
Quero o terremoto final!
Nem morrer devagarinho e alheio devorado por nada, só por mim
Nem quero esperar a solução final de Hitler, Mao, Lulla ou Gugu
Liberato
Ou rezar para que deus me leve ou o diabo me carregue
Nem iniciar uma dieta para perder uns quilinhos até me desfazer
de toda minha carne e todo meu sangue, até que reste só este meu esqueleto
horripilante
Ou definhar aqui quietinho, obediente, disciplinado como querem
todos os que querem que eu queira
Eu quero é o terremoto final finalmente venha e
deixe de ser apenas uma maldita promessa...
Sai da orkut, escreve 1 livro
Se você é escritor(a) mas em vez de escrever perde horas por dia
nas merdas das comus da orkut com tópicos idiotas para semiliteratos lerem,
trocando scraps inócuos e tolos em vez de encarar aquele(s) livro(s) que tá(ão)
esperando pra ser terminado(s) há anos no teu disco rígido enferrujado, então
SAI DA ORKUT E VAI ESCREVER UM LIVRO, PORRA!, que ocê ganha mais, ocê sabe, nem
é preciso dizer, afinal ocê, sendo escritor, é, deduz-se, minimamente
inteligente e sabe, espera-se, o que é melhor procê mesmo.
Sebastião Salgado fatura alto
Não sou fã do Sebastião Salgado nem de quem quer que use a “denúncia
social” para fazer carreira, ganhar prestígio ou se promover.
Nosso paisinho estranho tá cheio de espertalhões que faturam em
cima da Indústria da Miséria. Salgado é apenas mais um. Os espertinhos do
Cinema Novo são outros.
Fotografar criancinhas à beira da morte em favelas e infernos
que tais é moda desde a década de 60. O Sistemão com maiúscula já engoliu,
deglutiu e assimilou esse tipo de “protesto social”. E regurgita grana. E fama.
Os sebastiões salgados ou doces da vida são mestres em engabelar
mentes juvenis que estão por aí prontas pra se deixar arrebatar pelos
espertalhões da nossa grotesquerie nacional.
SE VOCÊ TEM CORAGEM DE VER O MUNDO QUE NÃO SEJA COM OS OLHOS
ACOSTUMADOS À SOMBRA DO LUGAR-COMUM, ENTRE AÍ PRA GENTE DISCUTIR ESTE E OUTROS
BARATOS DA TRAGÉDIA BRASILEIRA.
Sempre esqueço o Dennis Hopper
Não sei o que acontece comigo, sempre que vejo o Dennis Hopper
num filme, tento lembrar o nome do cara mas não consigo. Aí pergunto a quem
está do meu lado, mas quem está do meu lado também se esquece do nome do cara,
e então perguntamos a uma terceira pessoa, mas essa terceira pessoa também se
esquece do nome do cara e então perguntamos a uma quarta, e assim vai. Sei lá
por que, dá amnésia em todo mundo e ninguém é capaz de lembrar do nome do filho
da puta, sacumé, fica todo mundo com aquela cara de quem tá com o nome do
desgraçado na ponta da língua, uns ficam estalando os dedos, outros espremem a testa,
uns repetindo “o nome é... o nome é...”, outros dizendo “peraí que eu vou
lembrar! peraí que eu vou lembrar!”, e nada! E olha que o cara fez mais de 1252
filmes só no ano passado. Vai ser duro de lembrar o nome assim na puta quel
pariu, cazzo!
Ser babaca é...
Well, tem babaca pra caráleo por aí.
Babaca inofensivo e babaca perigoso.
Ser babaca inofensivo é
- achar que Caetano é gênio
- chorar a morte da Lady Di
- chorar a morte do Senna
- ser macaca(o) de auditório do Mainardi
- ler Caras e afins
- ler Carta Capital
- assistir TV
- se fascinar com “celebridades”
- torcer pela seleção
- fotografar tudo com celular
- escrever blog
- crer em bolsas-esmola
- tentar imitar Fernando Pessoa
- ter obsessão por tralha tecnológica
Ser babaca perigoso é
- achar que Caetano é gênio
- achar que o Olavo de Carvalho é gênio
- achar que sabe o que há “por trás” das coisas
- crer em deus
- não crer em deus
- votar em lulla e peetistas
- votar em tucanalhas
- defender golpe
- idolatrar o direitão hidrófobo cel. Ubiratan
- Idolatrar o esquerdinha miolo-mole Hugo Chávez
- chamar M. Chauí de filósofa
- acreditar no Jornal Nacional
- comprar Louis Vuitton de R$20 mil
Ser babaca é criar comu na orkut.
Ser babaca é, ó mãe, ser babaca
Só cago ouvindo Chopin
Em geral prefiro as mazurcas. Em caso de emergência pode ser uma
valsinha ou, se for defacto grave, pollonaise.
Vim a descobrir esta minha estranha “característica” depois dos
30. Descobri muitas outras “características” depois dos 30. Outras, vou
descobrir depois dos 40. Outras ainda, descobriria depois dos 50, se vivo
ficasse.
Sim, vou morrer antes dos 50. Entre outras razões porque... Bem,
vocês sabem por quê. Não sabem?
Só faço poesia cagando
Seja só, seja em bando
Todo mundo que olho
Mal olho, imagino cagando
Sofro, mas não resolvo
Não importa onde nem quando
Miro um, miro outro
Se miro, miro e imagino cagando
Que dureza, que assombro
Seja Maria, seja Fernando
Mal bato o olho na cara
Mal bato, olho e imagino cagando
Situação estranha esta minha
Que me põe em estado nefando
De costas, de frente, de ângulo
Em pensamento ponho cagando
Até a apresentadora dominical
Na TV teu sorriso é tão brando!
Em teus momentos mais íntimos
Em meu íntimo vislumbro cagando
O cachorro do vizinho, a vizinha
Calada, parada ou andando
De dia, noite, cedo ou tarde
A todo instante só vive cagando
A advogada, o médico, o gari
O arquiteto formado e o formando
Concebe os mais sólidos edifícios
Enquanto o concebo cagando
Presidente, deputado, prostituta
Ai! Veja só! Até o cantor Vando!
Faça o que for, seja o que faça
O que importa é que cante cagando
O fantasma, o saci, a quimera
bosta, não
Subescritores e outros subs
subescritores
subpoetas
subfilósofos
subensaístas
subliteratos
subintelecas
e tudo mais que houver de sub nesta nossa suborkut deste
submundo fudido da porra.
Sabemos que somos pretensiosos e metidos a intelectuais, mas não
passamos de subpensadores frustrados.
Pesquisa realizada entre os tonhos desta subcomu revelou que, de
cada 10 livros que eles, os ditos tonhos, disseram ter lido, na verdade não
leram nenhum. Ou seja, além de subescritores, são nilleitores.
Se houvesse entre nós alguém cum mínimo de cultura, esse alguém
resumiria tudo numa só palavra: escrevinhadores. Mas nenhum de nós sabe o que
isso significa.
Aliás, ninguém nesta suborkut sabe o que isso significa. Pr'essa
manada de burros com pretensão a gente que se vê na orkut, tá bom demais.
Agora, se ocê tá se perguntando se a subfilósofa M. Chauí usa
ferradura dentro do sapato, então vai ver que ocê não é tão sub que nem todos
nós, uóxi.
Tenho medo do que sou
Morrer um dia, viver uma noite.
Sei, sei muito bem o que fazer. Estou aterrorizada comigo mesma,
lamparina acesa a 10 mil volts, cegando todos em volta, prestes a queimar em
silêncio.
Era inevitável, Deusa não quis ser meu life-trainer. “Não posso
te ajudar”, Ela sussurrou em meu ouvido ontem à noite. “Eu é que preciso de
ajuda.” Tirei o dedo, fechei os olhos tentando achar alguém no escuro.
Ultimamente só sei fazer poesia cagando. ¿Qué pasa con mi
cuerpo? ¿Con mi alma?
Hoje cedo conheci a vizinha aí debaixo. Quis perguntar, ô
fulana, por que é que você chora o tempo todo assim? Vai me matar de insônia. 8
dias que não durmo. Sente alguma dor? Perdeu alguém? Parente próximo?
Então alguém entrou no elevador, perdi o pique. Era a síndica. “Você
precisa parar de berrar desse jeito”, ela pediu de novo. “Os vizinhos não aguentam
mais”.
“Write that down for your solicitor, you fat fucking bitch!” me
pus a berrar com toda a força para não ouvir, a cabeça estourando de ressaca de
oooooooooontemmmmmm
The brazilianoids
Nós somos the brazilianoids
Povinho rastaquera que habita
A vasta região tropical delimitada
Pelo Atlântico dum lado e por
uma porrada de paisitos de habla
Castelaña do outro
Brazilianoids somos o povinho
Mais feliz do mundo. Nós, povinho
Que somos, acreditamos
Assim, pios e masoquistas, vamos
levando nossas vidinhas pacatas
Em dolce far niente. Lullas e
Cleptomaníacos que tais metem
A mão na nossa grana. Que se
Foda! Queremos é curtir
Enquanto redes globos vomitam
Na nossa cara lixo, novelitas,
Galvões, Pínico Na TV, olimpíadas,
Aguardamos a próxima tragédia
No aeroporto anunciada pela
Sorridente repórter gracinha do
Noticiário oco recheado de loiras
E cerveja
Nossa vidinha é vazia e suave. Só
choramos quando um facínora
Mata um nosso filho ou irmão
Somos safados qual nossos políticos.
Se ninguém está olhando, metemos
A mão. E assim vamos sambando
Enquanto nossa vez não chega
Somos felizes e festeiros.
Somos the brazilianoids
Um anjo canta por mim...
... mas não sei se escuto.
Terá cantado todo esse tempo?
Enquanto, soterrado sob mil toneladas de aflições, zanzando a
esmo no inferno, me recusava a ouvir?
Terei só agora me dado conta da cantiga mágica? Ouve! Ouve o eco
a reverberar...
Ou terá sido a lembrança dum momento fugaz adormecido por todas
essas décadas de egocentrismo abúlico?
Sim, escuto. Escuto, admito.
Embora ninguém cante por mim.
Um anjo canta por mim!
Um anjo canta através de mim.
Vai cozinhar, perua
Meu, se ocê der um'olhada no que tem de madame e senhorita na
orkut que não faz porra nenhuma em sua vidinha inútil senão ficar dia e noite
com papo furado em comus infantilóides, meu, se essas vagaos fossem trabalhar
em vez de ficar no tricozinho virtual, meu, dava pra mudar o mundo, dava sim.
Por isso nós desta inestimável comu, bradamos das plácidas
margens do Ipiranga:
PERUA, VAI COZINHAR PORRA! PELO MENOS FAZ ALGUMA COISA ÚTIL
NESSA SUA VIDA DE TRASTE.
Vendo este amigo da orkut
Bom estado. Anda (ou diz que anda) em esteira 1 X/mês. Praticou
gil-gítiço.
Nunca ouviu falar em Kafka. (O que, dependendo do caso, é uma
grande vantagem.)
Em noite regada a uísque, dá pra aguentar 2 horas numa boa.
Com a língua guardada, fica a cara do Zezé Dicarmago.
- Garganta: médio.
- Papo furado: apenas 65% de tudo que fala. (Convenhamos, tem
gente por aí que fala muito mais merda.)
- Ultrapassa os limites? ultrapassa, mas só em noite normal com
72% de teor alcoólico.
- adesão: meio grudento, mas nada que um bom chega-pra-lá não dê
jeito.
- Confiável: pode-se dizer que sim, desde que ocê não peça pra
ele trazer um balla12 genuinamente escocês.
GARANTIA: 2 minutos.
Favor enviar propostas ao proprietário.
ATENÇÃO: não fazemos troca nem aceitamos devoluções.
Ocê pode se perguntar pra que afinal serviria esse coiso. Pois
é, eu me pergunto o mesmo faz 2 semanas.
Profile da peça
Yes sir, sou dostoievskiano
Sou um homem doente. Um homem mau. Um homem desagradável. Sou
desconfiado e me ofendo com facilidade. Sofro do fígado. Não me trato e nunca
me tratei. Ademais, sou supersticioso ao extremo. Não me trato por uma questão
de raiva. Se me dói o fígado, que doa ainda mais.
Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me mau: nem bom nem
canalha nem honrado nem herói nem inseto.
Por que não consegui tornar-me sequer um inseto? Vou lhes dizer
que, muitas vezes, quis tornar-me um inseto. Mas nem disso fui digno.
Em toda a minha vida, não consegui começar nem acabar coisa
alguma. Sou um tagarela, um tagarela inofensivo, magoado, como todos nós. Mas
que fazer, se a destinação única de todo homem inteligente é apenas a
tagarelice, uma intencional e vazia tagarelice.
Aqui no meu fétido subsolo, ofendido, machucado, coberto de
zombarias, padeço dum rancor frígido, envenenado e, sobretudo, sempiterno.
Lembrarei até os mais vergonhosos pormenores. Me envergonharei dessa
imaginação; assim mesmo tudo lembrarei.
Zôo de bichos de sete cabeças
Bem-vindos todos ao ZÔO DE BICHOS DE SETE CABEÇAS!
Aqui vcs encontrarão tudo que sempre sonharam mas que nunca
viram nos zôos tradicionais.
E pipoca, milho verde, sorvete à vontade.
Podem dar suas criancinhas aos animais! É disso que eles vivem.
está vivo?
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