Na
tarde do sábado sem noite nem dia
Na
tarde do sábado que não havia
Cerrar
os olhos era malabarismo
E
reabri-los, lembrança temida
De
olhar a parede de bege e pastel
Cingindo,
com a mão que tremia
Discreta
de transe e esperança de
Ressuscitar
por minutos que fosse
Os
carros fúnebres da agonia
A
servir de cenário invisível para o
Menino
recém vindo do túmulo.
Podia
ter visto manjedoura, reis
Magos,
Estrela de Belém, tudo e
Nada. Espectadores
próximos, distantes,
Espalhafatosos,
sussurros sibilantes
A embalar
crianças agraciadas com a
Dádiva
do sono tranquilo, se recusavam
A tomar
parte do espetáculo.
Eis
o que o contemporâneo menino
Esperava
na tarde sem nome, sem dia
Esquecer,
no sábado que não existia,
A dor adormecida da acrobacia