Ninguém acaba c'o Brasil


Literalidades


(resumo da história brasileira recente)

Getúlio, empunhando a pistola e mirando contra o peito:
— Acabo com meu coração e com o Brasil. Pá...!

Juscelino, vendo que Getúlio não lograra seu intento:
— Acabo com o Brasil, mas construo uma cidade futurista e inóspita no meio do nada, trago umas fabricazinhas de carro pro país que é pra caipirada se divertir e deixo uma dívida impagável pros brasileiros até a milésima geração...

Jânio, vendo que Juscelino não lograra seu intento:
— Acrescento uns bilhõezinhos à dívida deixada pelo Juscelino, acabo com o biquini, com a linguagem chula, com a estabilidade republicana, com o Brasil e com esta garrafa de excelente malte escocês e depois vou ser presidente da Vila Maria.

Jango, vendo que Jânio não lograra seu intento:
— Acrescento uns bilhõezinhos à dívida deixada pelo Jânio, acabo com os setores agrário, bancário, fiscal, educacional e eleitoral e depois com o Brasil.

Governos milicos, vendo que Jango não lograra seu intento:
— Fazemos a maior dívida externa do planeta só para aumentar a dívida deixada por Juscelino, Jânio e Jango e acabamos com a democracia e com o Brasil e com quem quer que queira nos impedir de acabar com o Brasil.

Sarney, vendo que os milicos não lograram seu intento:
— Agora que já acabei com o Maranhão, aumento uns bilhõezinhos na dívida deixada por meus antecessores, vou tentar acabar com o Brasil. Se não conseguir, vou escrever uns garranchos aí pra entrar na academia brasileira de tetras. Assim, pelo menos acabo com o que sobrou da literatura brasileira.

Collor, vendo que Sarney não lograra seu intento:
— Aumento a dívida brasileira enquanto ando de jetski, piloto caça, passo aquilo roxo na minha cunhada e nos brasileiros, dou uma cheirada na farinha, inscrevo a Zélia na história, acabo com a poupança, com o Brasil, com os brasileiros e com qualquer coisa que se mova.

— Itamar, vendo que Collor não lograra seu intento:
Vou pondo mais uns bilhãozinho na dívida do País e me engraçando com moça sem calcinha, acabando com o Brasil e depois acabo numa embaixada qualquer aí.

FHC, vendo que Itamar não lograra seu intento:
— Esqueço o que escrevi mas não esqueço de aumentar a dívida do povo brasileiro, engravido umas jornalistas fascinadas pelo poder e acabo com as empresas públicas, com a lâmpada elétrica e com o Brasil, fico conhecendo cada aeroporto desse mundão e ainda ganho uma comenda de honoris causa na Universidade da Martinica.

Lula, vendo que FHC não lograra seu intento:
— Provo aos ricaços que pode deixá que o petê vai quadruplicar a dívida deixada pelo FH, dou uma grana preta pra Rede Globo  me promover e não falir, compro um aviãzinho pra conhecê esse mundão afora, deixo a Marisa fazê um canteiro no Palácio, enrico meus rebento, dou aquela graninha pros Odebrecht, construo porto em Cuba e estrada na Venezuela e no Peru e na Bolívia e numa penca de países da África, acabo com a esperança nas esquerdas, acabo com o Brasil e, se o Trump bobear, o Toffoli acaba me pondo na Casa Branca.

Presidenta Dilma, vendo que Lula não lograra seu intento:
— Ói que incremento a dívida deixada pelo presidente Lula e garanto o respeito ao ET de Varginha, saúdo a maior conquista do Brasil, a mandioca, homenageio a bola, símbolo da nossa evolução das mulheres sapiens, digo que quem ganhar ou quem perder nem quem ganhar nem quem perder, vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder, estoco aí uns quinze caminhão de vento pra alimentar a Eletrobrás, gasto uns bilhão num trem-bala que num sai do papel, e aí não coloco uma meta, vou é deixar uma meta aberta e quando a gente atingir a meta, nóis dobra a meta, tá sabendo?

Marcela Temer, vendo que Getúlio, Juscelino, Jânio, Jango, milicos, Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma LOGRARAM seu intento:

— Putz, Michel! Acabaro c’o Brasil!



Um comentário: