Há de se convir (ou pensamentos de insônia)

Às vezes, me pego procurando compreender esse meu fascínio pelo nascimento. O nascimento é o momento em que se deixa de ser tudo. Pois há de se convir que, quando se é tudo, se é nada. Se, assim, nascer é deixar de ser tudo e ser tudo é ser nada, então nascer é deixar de ser nada.

Às vezes, me pego também procurando entender esse meu fascínio pela morte. Pois, se nascer é deixar de ser tudo, então morrer só pode ser voltar a ser tudo. Mas há de se convir novamente que ser tudo é ser nada. Voltar a ser tudo ou morrer, assim, é voltar a ser nada.

Em todo caso, entre ser tudo e ser nada não há assim tanta diferença quanto se supôs até hoje e fico aqui meio que pensando: será que quando penso que sou tudo acabo sendo nada e que quando penso ser nada acabo sendo tudo? Afinal, há de se convir...

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