À tarde desço à adega. Examino
os numerosos tonéis de vinho. Cada qual
de distinto sabor, procedência, idade, buquê
cor, corpo e travo. Todas as tardes (todas as
tardes invariavelmente; a única em que faltei
foi aquela em que morreu meu pai), desço e apanho
um cálice grande o bastante para me embriagar
e despejo um dedo de cada um dos tonéis que
guardo na adega. Então sozinho brindo não
à vida, não à morte, não à própria tarde.
Apenas levo o cálice aos lábios e engulo
disciplinad
amente
a
taça
duma
só
golfada
pois
não
sei
sorver
senão duma vez
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