d'uma fria noitinha de julho caída no meio de 15 de fevereiro
pensamento quebrado
boia de cacos sob as nuvens
a reluzir o que é uma existência
arrebanhada em quebra-cabeças impossível
números do bilhete que ontem você
comprou
para enfim nos redimir
sopa de grão-de-bico
(me furto a
explorar a potencialidade do mais poético
dos cereais)
a esperar por mim
toda tarde depois do futebol
na vilinha do Roberto
poça de cacos ondula sem cessar
sob o chuvisco que farfalha lá fora
molha os ouvidos nascidos moucos
dá voz aos cadáveres ruminantes
e libera os vagalumes mnemônicos
que formam não meu cemitério mas
o monolito abstrato que roubei para
o abandono
enfeita um a um com a fita rosa
em torno do diploma que minha irmã
ganhou no terceiro ano, a melhor
aluna da escola num grotesco lacinho final
capturado eternamente
por quem nunca entendeu
a serventia dos enfeites
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