Trapezista morto

Con alcune licenze


Quem me vê assim calado
Taciturno, simulado
Pensa, que sujeito insosso
Que pamonha esse moço
Ou não pensa nada

Não sabe que
Devoro corações, solitários ou não
Devasto impérios
Dizimo povos inteiros
Torturo, dilacero e enforco meus inimigos
Estupro crianças
Esgano velhos
Empalo aleijados
Dos devassos arcanjos
Sou o mais obsceno
O mais sádico
De insuspeitos marmanjos

Quem me vê assim civilizado
Prudente, grave, meio letárgico
Não desconfia que sou o mais triste dos homens
Que mal olha para não ver os brilhos trágicos a tomar forma nas copas das árvores golpeadas pelos ventos
E mal escuta para não ouvir o significado do farfalhar das folhas, que, descobri afinal, não tem significado algum

Mal respira, mal anda, mal sente
Mal vive para não saber para quê 

Nenhum comentário:

Postar um comentário