Manifesto Emily Dickinson

Emily me visitou esta noite
Na companhia duma multidão de poetas loucos
A quem me abstive de perguntar se loucos são poetas
Emily se aproximou de minha poltrona, estendendo a mão.
Não perguntou por Sylvia e não me surpreendi.
Na sociedade que Emily inaugurou e à qual pretendo pertencer por mérito um dia
Nem nos lembramos desse tipo de pergunta.
Então Emily sentou no meu colo e não me auscultou para ver se eu estava de pau duro
E murmurou em sua vozinha de protestante ciente de que a Terra é o palco próprio dos seres humanos:

Não fiz meus poemas para o olhar alheio.
Vejo que no mundo online quase todos escrevem para ser lidos.
E me dá um enjoo pensar que nunca mais poderemos orar pelos mártires.

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