A náusea sem flor



Legato

Cacei A flor e a náusea na rede, imprimi uma cópia, colei na geladeira co'aqueles ímãs que anunciam bujão de gás.

A patroa e outros seres inidentificados que habitam aquilo que chamo lar tomaram por meu. Liraraliririlará. 

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.


Este trecho, que minha velha professora Beth Brait, poeta frustrada (os há que não sejam? perguntaria Neruda e cia. em sua sintaxe de guardinhas-ciosos-do-próprio-território) gostava de chamar estrofe, este trecho podia ser meu e de outros milhões de pequenos insetos às tontas pelo mundo ressentidos com o poderzão que nos bafeja com seu hálito azedo de peetistas predadores e quimeras outras.

─ Meu? ─ indaguei em voz limpa e clara, agora que finalmente, depois de três anos e lá vai paulada consegui superar minha Fase Bruta da Não Interrogação e Outras Perturbações do Discurso, avançando um dente na engrenagem linguística que sempre emperra bem quando a Razão está para descortinar diante dos meus olhos vítreos de dor fake e salmoura aguada.

─ E não é não? ─ they asked back.

Me senti lisonjeado. Mais por dever de ofício de ser humano em permanente estado de inércia que ser confundido com o barnabé de Itabira cuja alma foi levada aos poucos nas caçambas dos caminhões a desconstruir as montanhas em torno da quase aldeia do século 19.

Se fosse eu, tiraria a flor. O poema devia acabar antes daquele "Uma flor nasceu na rua!"

Esperançoso demais para nós niilistas descabaçados de hoje, agnósticos esnobes, deliberadamente ingênuos, existencialistas profissionais fudidos até o ponto sem retorno.

E soa cafona. Drummond, mesmo na flor da idade quando ainda tinha energia, que lhe faltou na velhice em que cometeu sandices pueris, tomou por demais seriamente o papel de gauche da brasilidade. No fim, mostrou ser apenas uma fantasia rendada de pompons azuis e rosa cum ligeiro perfume asqueroso de lírios conservados em naftalina.

É feia. Mas é uma flor. 

Eu nunca seria tão otimista. Dói pensar. Flor só aquelas roxas, cor do meu horizonte pressentido, desde o berço, na minha coroa cujo perfume fétido só eu, enfim eternamente só, sinto.

Meu/nosso poeta brasileiro, e por mais que você saiba de cabo a rabo outro idioma que não seja o teu nativo, está para nascer. Às vezes tenho tão claro que Drummond é apenas o aspirante ao vitral vazio de patrono da nação. 

E todas aquelas exclamações. Pr'esse exército de semianalfas que chafurda online, qui fait quoi? Para o gauche de carteirinha, deixa um gosto estranho no dia. 

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