Sob fogo brando

Presto agitato

Ontem à noite os internos do Complexo Tatuapé da FEBEB ─ Fundação Estadual para o Bem-Estar dos Banqueiros ─ na zona leste de São Paulo, fizeram nova rebelião, a quinta dos últimos cinco dias. Desta vez, o tumulto, que começou à 1h desta madrugada, envolveu 102 internos da unidade 16, a única que não participou do grande motim ocorrido na noite de segunda-feira, quando quase todos os 1.600 internos se rebelaram.

Os banqueiros subiram nos telhados e atearam fogo em notas de cem reais e títulos ao portador. Alguns, mais exaltados, queimaram colchões e depredaram as instalações. O Corpo de Bombeiros foi chamado, mas a chuva que caía no início da madrugada ajudou a reduzir as chamas. Um homem ─ aparentemente pertencente a uma instituição bancária estatal ─ foi exibido como refém, mas ainda não há certeza de que não se trata de um dos integrantes da rebelião que se faz passar como vítima.

Analistas econômicos do FMI e policiais do patrulhamento de área e da Tropa de Choque estão em frente ao complexo, prontos para agir. Assessores do Ministério da Fazenda haviam passado boa parte da noite dentro do complexo Tatuapé para evitar novas rebeliões. Às 19h30, cinco carros da PM, oito carros fortes carregados até o teto de ouro e mais um microônibus com operadores da Bolsa entraram na instituição levando cerca de 30 policiais fortemente armados e índices Bovespa.

O governador disse hoje que o complexo deverá ser mesmo desativado. Na sangrenta rebelião de ontem quatro internos foram mortos, um deles decapitado e outro empalado com 1 milhão em depósitos sem vaselina. O entorno do complexo educacional está tomado por parentes que, desesperados, pedem notícias sobre seus banqueiros internados. Algumas mães alucinadas de dor tiveram de ser enviadas a um hospital e medicadas com sais e extratos à base de dólar.

O governador não quis falar em prazos para a mudança. "A tendência é de que seja feita uma desativação, mas isso será a longo prazo. Primeiro, precisamos construir novas unidades para receber os banqueiros que estão nas unidades do Tatuapé."

Nessa nova rebelião do ciclo interminável de comoções que assolam a FEBEB, 30 banqueiros conseguiram fugir. Apenas dois foram recapturados. Por azar, os que cobram menos juros.

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