Prece


Senhor, sei que meu cartaz
conTigo está em baixa.
De fato, não rezo há... bem,
o Senhor certamente sabe há quanto
tempo
não rezo. E naqueles
distantes dias idos
da infância, quando rezava,
rezava sem convicção, mexendo
mecanimente – ai, Senhor, quão
mecanimente era! – os lábios,
os impolutos pensamentos fixos nas
tenras tetinhas da Sílvia ou no
rechonchudo bundão da
Regininha.
Ai de mim, ó Deus, sou um caso perdido, o
pecado é minha vocação, o inferno,
meu fado, sim, não mereço
Vossa trela ou atenção.
Entretanto, ó glorioso Javé, ciente de
que Vossos desígnios são insondáveis, Vossa
paciência, infinita, Vossa misericórdia,
infalível, venho hoje humildemente
a Vossos pés implorar.
ó Grande, ó Ser que reinais soberano
sobre tudo que há neste vasto
universo, eu Vos peço: agora que os
astrônomos
estão finalmente determinando
com razoável certeza a existência
de outros corpos celetes semelhantes à
nossa Terrinha, seria pedir demais
que o Senhor nos desse um
tempo
e fosse azucrinar a vida
de algum outro planeta por
esse mundão afora?

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