Querendo que se foda deliciosamente


A lavra da palavra não obedece a leis daqui, lá de fora, nunes, joves, freitag.
Harold Bloom decretou “o medo de todo poeta de que não haja mais nada a ser feito”. Do altíssimo sacrílego altar da cultura do mundo ocidental Harold me vigia com seu olhar rapínico. No aguardo, e esperando, que eu simplesmente trema e baixe minha cabeça e beije a ponta do dedinho do pé esquerdo do cabeção Shakespeare.
Mas quem são Harold e Bill, esses estranhos que atormentam dia e noite meu sono e que sequer imaginam onde durmo?
Bill sabe, e eu sei, que não posso dizer muita coisa, mesmo em poucas palavras.
Talvez a estatueta de Jorge Luiz Borges, cânone averso a canonizações / canalhizações, hermano argentino, chegado que comigo frequenta as rodas de samba, as pistas de tango e as tardes de futebol, guardião a contragosto do tesouro, se digne me conceder um olharzinho mais misericordioso e lá de cima do seu posto de santo inbeatificável me reconforte garantindo que todo escritor cria seus próprios precursores e antecessores.
Na lavra da minha palavra hei de escolher meu idioma e em minha linguagem hei de cuspir nos pratos em que comi, lamber as gotas da cachaça que na porta do clubinho os leões-de-chácara dizem ser água-benta. Inconformistas não têm INSS ou salário-desemprego. Inconformistas apenas padecem da benção da curiosidade, ou doença em que você não acha graça em permanecer vivo a qualquer custo.
Seria a solução tarefa para um homem-bomba?
Talvez. Se Johann Sebastian tivesse levado os detonadores sob a túnica quando foi chamado a primeira vez ao palácio por Frederico II.

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