Vozes de mim

É preciso cuidado para não desafinar.
São vozes, não sei se várias, milhares, controversas.
Não sei se clamam, cochicham, imitam sabiás.
Não sei se cantam em uníssono
E, se cantam, proclamam a mesma palavra
No mesmo passo do mesmo compasso
Ou são simplesmente cada qual rebelde como eu.

(Se forem, estamos perdidos,
estamos salvos, estamos quites.)

Um milhão de paus-d'água se perfilam no pátio
Numa ordem-unida digna dos paus-d'água
E, ao sermão do general, emudecem solenes
Atentos ao discurso brotando de mansinho
Aos borbotões
Aos trambolhões
De seus pequenos, humildes comandantes
Internos
A exigir
Por fim
A fantasmagórica, a esfomeada
a macarronosa
a estentórea
marcha
por este soldado raso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário