Queria
fazer um inventário dos meus sentimentos.
Imitando
Horacio Salas assim:
Como
no sé vivir y ya no encuentro cómodo llorar cada mañana, como no sé vivir
-insisto - mientras vivo y desvivo levanto el inventario de mis días.
Mas,
ao contrário de Horacio Salas, não valho um vintém como inventariante.
Nunca
inventariei nada salvo minhas frustrações.
(Mas, veja, inventariar suas
frustrações nada mais é que quedar imóvel a olhar uma parede branca enquanto se
engana que segue avante.)
Acho
que fiz uma descoberta: abúlicos não inventariam.
Pois
abúlicos sequer reagem.
Não
amam, odeiam, recusam ou querem.
Este
início de prosa poética parece promissor, eu sei.
Mas
não me interessa.
Não
quero ser poético.
Quero
ser abúlico.
É o que sei ser.
Você pode até querer ser, mas não é. Contente-se no poético.
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