Será que dá pra parar de me atormentar agora?


Ontem à noite pousei no travesseiro a cabeça incandescente
preparado para a vigília
e espasmos dos meus cochilos intranquilos

e o pesadelo que em meu pesadelo me persegue de criança

mas surpreso já de manhã acordei

a madrugada venci? sem voz me espantei
terei dormido toda a noite? num sussurro perguntei

sempre soube que por detrás da minha vida há engrenagens
que se enferrujaram quando nasci
e logo, sem esperança, fizeram o que há em mim parar

Cada noite temos, eu e estas minhas emperradas engrenagens, que no manto do escuro gemem em alarmantes rangidos
estalidos
alaridos
um encontro marcado

não, não as vejo, e, sem sequer um bocejo,
deito sem desejo
de viver, de morrer
ou de dormir

Seria então minha incógnita babá quem me ninava à distância?

serão elas se movendo?
elas? mas a que me refiro?
ah, foi um sono tremendo
com sonhos belos e estupendos
esperançosos suspiros.



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