Diário de bordo

E por não ter aonde ir, lhe somem os  pés.

E não tendo o que o alcançar, fenecem suas mãos.

E não havendo o que olhar, se cicatrizam suas pálpebras.

E sem ar para respirar, se lhe entopem as narinas.

E não escutando mais ruídos e vozes, seus ouvidos se tampam.

E não tendo o que dizer, se lhe enferruja a língua.

E sem mais nada a esperar, seus cotovelos se esfarelam.

E não tendo flores para cheirar nem bucetas em que sonhar nem mais inspiração para escapar de poeminhas esquemáticos nem mais paciência para versejar, suas palavras evaporam e então com pouco mais de meia garrafa de vodka ele brinda à nova liberdade esperando retornar à sua prisão sometime soon.

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