Eu estou feliz


Eu estou imbecilmente, morbidamente feliz.
Como o mais cafona dos vermes numa lata de atum putrefato, eu estou cafonerrimamente feliz.

É um estado de felicidade que, apesar de todo meu talento descritivo, de toda minha inspiração poética, apesar desta minha febre delirante, mal consigo exprimir.

Eu estou tão feliz, que quero que se foda, quero que o mundo acabe, quero um trilhão de querências não queridas ao mesmo tempo.

Só não quero, de tão feliz, virar pó e ser espalhado aleatoriamente pelas calçadas encardidas das redondezas.
Sei lá, não quero, não posso dizer mais nada. Estou feliz. E não tenho culpa.

Sociólogos, astrólogos, psicanalistas, desistam! Minha felicidade não tem porquês.

Tão, mas tão feliz, que caio na gargalhada com as pontadas agudas dentro da minha cabeça. Tão feliz, que o peso nas minhas pernas me abre um sorrisinho meigo nos lábios.

Mein Dieu, Dio mon, diabos, estou feliz qual um insensato. Não há mais o que dizer. Não tenho culpa. Não tenho nada.

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