Veludo de areia


Lembra quando te disse aquilo naquele lugar aquela hora aquele dia sob aquele céu?
Quer dizer, acho que disse.
Estava lembrando hoje cedo as enxurradas que te disse naqueles tempos em que parecia ter esperança e, surprise!, vi que naqueles tempos eu já não tinha esperança alguma.
Acho que me lembro do que sentia quando te disse.
Não sei se é mais ou menos o que sinto agora.
É. E não é.
Me dá vontade de chorar e de rir.
Pascácio, eu acreditava que bastava entuchar uma mulher dum rio derramado de confidências viscerais.
É que para mim as palavras são mágicas e acabo pensando que a mágica surte o mesmo efeito para os outros.
Que ingenuidade, né?
Não só te perdi como te afugentei como se fora um leproso.
Espera, só mais uns segundos, já vou terminar.
Não, apaguei.
Desconfio que estou começando a repetir os mesmos (maus) passos que dei naquela época.
Falando, falando, falando e você muda, muda, muda.
Acho que é muito dejavu demais nesta fria canina noite de sábado em que chafurdo no meu ladoçal sulsancaetanense.
Me rendo. 
Esta parece ser a mesma vez daquela.
Já fui, ainda sou.

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