Blogando 0015


Hoje cedo dois pontos. Estou entrando querendo sair da padaria do Lá travessão. Não se preocupe três pontinhos.
Sô ainda não acordou. O balcão está a cargo de dona Jussara, que outro dia me pediu para chamá-la só de Ju e fiz que não registrei. Mais uma a fim deste titubeante, precavido blogueiro, não. E, jesus, tem o Lá ponto. Que me fura sem toscarejar se eu crescer os olhos pra cima da sua digníssima consorte.
Não que Ju, i.e., dona Jussara seja de menoscabar dois pontos. Tem a bundinha mais arredondada do universo, que Sô herdou sem tirar nem... pôr. E digo bundinha não por ser piquitita e sim pela mais perfeita concepção e relação projeto X finalidade. Tamanho ideal próprio para as funções previstas por deus. 
Deix'eu pregar os olhos em outra coisa. Acho que o Lá está me sacando aperreado, já não basta a filha minha?
Vodka, stein, rum, dreher, balla12...? Dona Jussara sorri esperando, c'uma força irresistível de quinze mil newtons arrastando meus olhos para o risco entre as mamas nutritivas e mimosas domadas cheias de si sobre as semicopas do sutiã azulzinho-mar emolduradas pelo decote petulante, razões de viver do Lá. Pombas, DJ nunca tinha me magnetizado tanto assim, que foi que houve?
As opções ofertadas assim todas juntas me desalinha os sentidos, digo, o pensamento por uns instantes. Fico escolhendo mentalmente.
Todas.
O sorrisinho de dona Jussara se inaugura num escancaramento, expondo seus dentões desconjuntados de cabra silvestre mastigadora de coraçõeszitos de franguinhos carentes de carícias.
Sério?
Nunca experimentei, dona Jussara. Acho que vale a pena tentar.
Num copo de cerveja?
Façamos de conta que é um aperitivo normal.
Ela bota um copinho de pinga no balcão e vai preparando a efusão, digo, infusão em dosesinhas imparciais se colorindo num marrom amarelado pastel.
Dou um golinho, fecho os olhos. A muralha da comporta arrebenta e um córrego-do-ipiranga deságua mundo abaixo, arrastando num segundo a habitual leva de mesas de cozinha, a cadeira que era de vovô, o velho jogo de sofá da Santa Catarina e outras tralhas. Desta vez carrega até meu querido Chevrolet vermelho que pintei de azul e escondi e nunca mais achei.
Reabro os olhos. Dona Jussara foi para as mesas servir pingado com pão na chapa. Meu anjo-demônio está em pé ao meu lado.
Me dê um nome, exige.
Já disse que não.
Então um sexo.
Hm-hm.
Por que me maltrata assim?
Porque gosto de judiar.
Dou o segundo golinho. O licor buliçoso do rio-amazonas esconde a sujeira do mundo visível.
Só desta vez.
Vou pensar.
Pensou?
Um arrebatamento. No mínimo dez minutos.
Não pense.
?
Não pensou?
Entorno o copinho dentro dos lábios.
Ele(a) sumiu. A(o) filha da puta.
Me deixando com minha febre dois pontos.

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