Alberto


Fui incoerente, não fui?
Cara, tenho nojo de quem dá lição e não vou lhe dar.
Simplesmente veja os dois contextos em que eu disse uma e outra coisa...
...e veja se faz sentido.
Pra mim faz.
Mas, olha, fazer sentido prum poeta não quer dizer nada.
Aliás, fazer sentido não quer dizer porra nenhuma pra ninguém, em se tratando de literatura.
Você até pode dar seus primeiros passos poéticos mandando o sentido pro caralho.
Se quiser.
Quer ser poeta?
Então não se fie na opinião de ninguém.
Nem na minha.
Não espere reconhecimento.
Não fique aí parado feito tonto esperando um docinho.
Um afago.
Um elogio.
Quer ser poeta?
Então seja poeta.
Primeiro...
...aprenda a sentir.
Pra sentir...
...aprenda a sentir.
Pra sentir...
...aprenda a se livrar das besteiras que te enfiaram na cachola desde o dia que você nasceu.
Aprenda, acima de tudo, a sentir...
...a dor...
...que é sua...
...só sua...
...sua...
...sua...
Eu estou tentando ser poeta há 40 anos.
 E vejo hoje que tenho mil toneladas a aprender.
A cada manhã.
A cada tarde.
A cada lusco-fusco usco co o.
E desaprender.
Dsprender.
Aprnder.
Prndr.
ndr.
r.
Preciso aprender a aceitar o que sinto.
Preciso desaprender o que me entucharam na cabeça.
Tem lógica?
Se tiver, então tô falando merda.
Mas uma coisa tenho por certo nessa salada milenar:
Seguinte:
Três pontos
Não deixe que teorias e teóricos queiram te ensinar o que você sente ou deve sentir.
A poesia e a literatura em geral tem raríssimos criadores.
E palpiteiros a dar com o pau.
Não há poeta igual a outro.
Não há escritor igual a outro.
Cada verso é uma declaração de independência.
Uma declaração de guerra.
Um manifesto por um mundo carmim de sangue.


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