Trato extrajudicial

De você, sei seu nome
sei sua profissão
Que belo é seu rosto
Que beijável é sua boca
Vívido seu olhar
E mais nada

De mim,
Exceto quão disforme é meu rosto
Que torta é minha boca
Que tenho o olhar morto
Exceto meu nome
minha profissão
e outros dados biográficos
Você sabe tudo

Que sou confuso
Mau poeta, versejador bisonho
letrista claudicante
Lírico fraudulento, pensador desastrado
Bebum egoísta
Um cínico
vingativo, metido, delirante, bisbilhoteiro
insidioso
Blogueiro asqueroso, estapafúrdio, ultrajante
Bandalho infame, medroso
Inseto rastejante amigo das sombras úmidas
(Sabe mesmo que sou um presunçoso.)

Exerceremos os direitos concedidos
Cumpriremos as obrigações esperadas
Sob a égide do nosso direito particular
Em que tudo parece relativamente justo

Parágrafo único:
Sou mais sabedor
Sei que a amo
Sei que você não me ama
Sei que nunca me amará
E que a amarei enquanto não amar outra

Você sabe apenas que não me ama

Assim, justas e avençadas
As partes celebram este trato
Que vigerá enquanto você quiser

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