Imenso baú vazio

Quase noite
De repente
Me lembro
Que à tarde
Saí a navegar
Da única forma que sei navegar
Munido de melancolia e ânsia de utopia e
Náusea de horizontes.

Estive na Europa, visitei alguns pensadores e poetas alemães com quem há tempos mantenho certa familiaridade e, já que estava por aqueles lados, aproveitei para deixar lembranças a Nerval, Rimbaud, Verlaine, Lorca, Bécquer, Carducci e Pavese.

No silêncio
Da tardezinha
Que morre
Sua morte
Feliz de
Precoce
Se fazem
Escutar rumores
Num idioma
Conhecido
Sei que falam a meu respeito e não me entristeço. Usam o mesmo mecanismo dos mil clones do planeta Terra a orbitar para além da galáxia de Andrômeda. Se em cada um deles houver neste exato instante um sujeito pensando que penso nele neste exato instante, torço para que em seu planeta as tardes não morram tão tristemente quanto morrem as minhas tardes.

Passo os dias a navegar
sem querer partir
nem querer chegar
sem querer ir
nem querer voltar.

Que destino me resta
que o fundo do Mar?

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