Qual é o inverso de celebridade?

Ciranda cirandinha vamos todos cirandar vamos dar a meia volta volta e meia vamos dar.

Não posso conceber que Shakespeare cantasse essa toada.

Montaigne. Camões. Racine. Musil. Os dadaístas, mon dieu!

Nenhum deles cantou, nenhum deles jamais canta?

Pra que fim Shakespeare escrevia afinal?

Seus estudiosos dizem que era pra faturar. Os comunistas fanáticos de hoje não acreditariam (se comunistas fanáticos ou moderados lessem Shakespeare).

Na época do bardo o papo era ganhar grana, ser bem-quisto do rei, manter uns canais influentes na trupe da realeza. Mais ou menos o que fazem hoje os espertos que descolam uma boquinha numa empresa pública qualquer.

Se tivesse os cem mil grandes escritores que já existiram até hoje na ponta do meu teclado, descarregaria a lista agora mesmo só pra dilatar as pupilas dos meus quase dois leitores (tá diminuindo a olhos vistos, hehehe).

Mas Montaigne, Camões, Racine e Musil servem muito bem de ilustração. Jesus, que é que fazia um gênio do século 15 ou 16 ou 17 escrever? De certo a publicação de 30 exemplares, típica da época, é que não era. Será que ao desenhar cada palavra com suas penas de ganso os rostos de seus possíveis leitores lhes passavam pela imaginação?

Será que, desinteressados do que e dos que lhes eram alheios, exóticos, escreviam simplesmente movidos pelo que guardavam dentro de si?




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