Emoções na linha de montagem

Sorrir parece ser nosso estado mais natural hoje em dia.

É gente pra todo lado exibindo os dentes num trejeito singelo e desarmante. Não se dão o trabalho de duvidar da pertinência dos seus dentes expostos.

Sorriem sem saber se levam ou não aqueles a quem sorriem a se perguntar o motivo de seus sorrisos.

Vão vivendo a interminável era da mensagem. Para os sorridentes, nada é mais natural do que passar a mensagem.

Qual mensagem?

A de que é preciso sorrir.

Pois foi assim que os publicitários os ensinaram. Foi essa a lição que aprenderam nos cursos de gestão de negócios ministrados por gurus que enchem o rabo de dólares mostrando aos indigentes digitais o que as gigantes do mercado querem de seus candidatos a um lugarzinho ao sol.

E um sorrisinho básico é apenas o começo.

Em seguida vem a necessidade de demonstrar que os sorridentes estão sempre dispostos à cordialidade. À hilária política da boa vizinhança. Que são homens e mulheres de boa vontade.

Mais que tudo, devem evitar fazer um rosto apenas sóbrio.

Seria inequívoco sinal de ambiguidade de intenções.

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