Se
acreditasse em alguma coisa, rogaria "Senhor, dai-me acepipes!" com ponto de exclamação e tudo.
Mas,
hélas!, por um desígnio da loteria do Big Bang, a dádiva da crença não coube
neste minha cabeçorra acelerada à demência.
Então —
talvez por isso mesmo, talvez não —, concluí: quero quitutes.
PRECISO de quitutes.
Miríades, montes, lots of wonderful quitutes recheados de segredos e mistérios,
quitutes revestidos em mel e néctar que me aliviem do fardo deste cruento
realismo em que resvalo dia a dia, quitutes de indefiníveis perfumes que me
devolvam ao caminho do encantamento que há anos vislumbrei num átimo entre uma
decepção e outra e que desde então persigo sonâmbulo e perdido em desgovernados
pensamentos.
Prostrado sob a carapaça desta minha cabeça elétrica, posso concluir: porca miseria, quero quitutes!
Os quero qual um gago tenta falar com desembaraço, quero quitutes como um
priápico quer fornicar até o último dia de sua vida, quero quitutes feito um
esfomeado que sabe sofrer duma fome insaciável.
Ó rebanho de asnos a esquentar seu lugarzinho na fila para o matadouro, rogo-vos, me deem meus malditos quitutes.
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